Odeio dia dos namorados.

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Dia dos namorados, época de levar flores e chocolates a sua amada, de fazer aquele carinho especial no seu amado, mas não é apenas para esse tipo de amor, não é só para namoradinhos. É uma época que celebramos o amor que sentimos um pelo outro.

Em alguns países, o dia dos namorados, não é apenas para casais, as pessoas compram cartões de “amor” para amigos e pessoas que eles consideram especiais.

Mas algumas pessoas odeiam esse dia por algum motivo. Ou porque sofreu algo no dia dos namorados, ou porque nunca teve um namorado.

Tá, mas não precisa ter namorado para celebrar o amor, certo?

Bom, isso vale enquanto somos crianças ou começando a vida adulta, mas pelo menos em um dia dos namorados é bom ter um namorado.

Para Goku, o dia dos namorados era um pesadelo, pois por ele ser um homem tímido e um tanto devagar para chegar em uma garota, demorou para ter uma namorada. Não que ele não tivesse tido suas paqueras ou “peguetes”, mas eram mulheres que não lhe davam o devido valor, que o tratavam apenas como uma máquina de sexo. Então, com o passar dos anos, Goku se sentiu vazio com aqueles relacionamentos sem compromisso, por isso decidiu arrumar uma namorada seria.

Mas o destino não foi generoso com ele, depois de quase oito meses de namoro, Goku pegou sua namorada, Vados, de amasso com outro cara. E aquilo aconteceu justamente no dia dos namorados.

Com o buque de rosas brancas na mão, Goku sentiu uma mistura de ódio e rancor. Aquela era sua primeira namorada, e ele já estava com seus vinte e nove anos. Foi uma decepção sem tamanho. De coração partido, Goku pulou no tal cara e deu uma surra no indivíduo.

Resultado: chamaram a polícia e ele foi preso junto com o amante da sua namorada, pelo estrago que fizeram na feirinha, que estava ocorrendo no Central Park.

A mãe de Goku pagou a fiança depois de uma semana do ocorrido, e Goku, assim que saiu da delegacia, na qual se encontrava preso, foi mandado embora do emprego, no consultório médico dentária do qual trabalhava.
Seu chefe, Whis, que por azar de Goku, era irmão mais velho de sua ex namorada, ficou sabendo da história de uma forma completamente diferente, e culpou Goku pelo sofrimento da irmã.

Ótimo, agora ele estava desempregado e com uma dívida enorme pelo estrago que fez na feirinha. Então, Goku fez a coisa mais burra que alguém pode fazer num momento desse – não, ele não se prostituiu – ele foi encher a cara.

No bar, enquanto virava a quarta ou quinta garrafa de vinho, pensava em como tinha se ferrado tanto num período tão curto de tempo, e enquanto via tudo girar a sua volta, jurou a si mesmo que não chegaria e nem ficaria com mulher nenhuma enquanto ela não lhe passasse a confiança necessária para ele entregar seu coração.

Ele sempre foi um homem romântico, mas essas mulheres de hoje em dia não dão valor a homens como ele, elas só querem os cafajestes, os bad boys. Então Goku decidiu ficar na dele. Sem mulheres, sem confusão. Esse seria seu lema dali em diante.

Mas o destino teria mais uma peça para dar a Goku, ou ele que foi descuidado mesmo e ignorou sua maré de azar.

Enquanto voltava de a pé para seu apartamento – ele conseguia ir de a pé, pois o bar era próximo de onde morava – caindo de bêbedo, deu uma vontade absurda dele mijar. Desesperado para se aliviar, e bêbado demais para ter uma ideia melhor, ele vai até o parquinho reservado para crianças do condomínio. Sabe esses que tem escorregado, balanço, roda-roda? Então, era um desses. Já havia escurecido, passava das sete da noite, e não haveria problema nenhum. Ou era o que ele pensava.

Duas mulheres sentadas nos balanços conversavam, e Goku não tinha visto as moradoras ali, estava bêbado demais para prestar atenção, por isso, naturalmente tirou seu pau pra fora para se aliviar, próximo do escorregador.

Tudo o que Goku escutou foi gritos enquanto mijava.

- Socorro ...

- Taradooo ...

Foi uma confusão danada, só deu as mulheres gritando como duas escandalosas, enquanto Goku tentava desesperadamente guardar o “Gokuzinho”, mas falhava miseravelmente a cada nova tentativa por dois motivos:

Um: porque suas mãos tremiam.
Dois: porque o zíper da sua calça emperrou.

Não demorou para os moradores do condomínio sair de seus apartamentos e correr para onde a confusão se alastrava. Goku ainda não tinha conseguido guardar o bendito pau, e as mulheres gritavam mais e mais. Até que uma delas pegou uma vassoura, que uma das moradoras que olhava a confusão tinha trazido com ela, e acertou a cabeça de Goku, que caiu, com o zíper ainda aberto, no chão.

Quanto Goku acordou, estava ele de novo preso na cela da delegacia. Dessa vez foi seu pai que foi pagar a fiança no dia seguinte.

- O que você tem na cabeça em tirar seu pau pra fora num local onde crianças brincam? – Bardock rosnou enquanto dirigia o carro.

- Estava de noite, pai. Eu não tenho culpa daquelas malucas terem feito aquele escândalo todo – Goku bufou, com uma bolsa de gelo na cabeça.

Ela doía pela bebedeira da noite passada e pela pancada que levou.

- Acho melhor você se benzer, ir preso duas vezes em menos de uma semana não é normal – Bardock ameniza seu tom de voz.

- Só me leva para meu apartamento, pai. Preciso tomar uma caixa de aspirina.

- Quer voltar lá e ser linchado? Sua mãe e eu fomos lá pegar seus documentos, e pedófilo era elogio perto do que estavam dizendo de você.

- Ah, ótimo, agora não posso voltar para  minha casa – Goku revirou os olhos.

- Você não ia conseguir manter o aluguel de lá desempregado mesmo.

- Eu vou arranjar outro emprego, pai e tenho um dinheiro guardado.

Mas não foi o que aconteceu. Goku teve que gastar seu dinheiro com advogado. Ele teve que responder um processo de assédio sexual as mulheres, que alegaram que ele estava tentando agarra-las no parquinho enquanto mostrava suas partes íntimas. Isso sem falar no fato, que o juiz ainda levou em consideração que se tratava de um lugar para crianças.

Resultado: acabou tendo que pagar uma multa absurda, e na sua ficha ficou o tal feito.

Qualquer um que olhasse seus dados, veria que ele era um tipo de tarado. Não estava escrito exatamente com essas palavras, mas era isso que dava a entender.

Goku ficou desempregado por quatro meses. Não conseguia emprego de jeito nenhum, ninguém queria contrata-lo. Teve que trancar sua faculdade de dentista, até que as coisas melhorasse. Suas dívidas só cresciam.

Chegando na casa dos seus pais, afinal deve que sair de seu apartamento por não consegui manter o aluguel, sentou na mesa tristonho.

- Não deu certo, filho? – Gine estende um prato de bolo para Goku.

- Ninguém quer me contratar, mãe. Até entrevista para ser faxineiro eu fiz – Goku olhou cabisbaixo para o bolo.

- Não desanime, uma hora vai conseguir algo. Você vai ver.

Goku suspirou pesadamente. Queria ter o otimismo da sua mãe.

********

Na manhã seguinte, Goku acordou com o celular tocando. Ele olhou a tela ainda sonolento e viu que se tratava de um número estranho. Deslizando o dedo na tela para atender, ele coloca o celular na orelha rapidamente.

- Alô.

- Oi, é o Goku? – uma voz feminina fala do outro lado da linha.

- Sim. Quem está falando?

- Aqui é a Dra. Briefs, você deixou um currículo no meu consultório.

Goku desperta rapidamente e se senta na cama.

- Acho que sim ... quer dizer ...  é que eu deixei currículos em vários lugares.

- Eu gostaria de fazer uma entrevista com você. Bem, se ainda estiver precisando do emprego.

- Claro que sim ... quer dizer, sim, ainda estou disponível.

Goku ouviu uma risada sexy do outro lado da linha, e se sentiu terrivelmente envergonhado por estar aparentemente tão nervoso.

- Pode vir hoje a tarde para uma entrevista então?

- Sim, qual o endereço mesmo?

*******

Sentado no sofá do consultório, Goku estava aparentemente calmo, mas por dentro estava nervoso. Ele tinha medo daquela entrevista também dar errada, e sair mais uma vez frustrado e sem um emprego.

A secretária olhava de modo provocante para Goku, mas ele nem dava bola. Essas mulheres são confusão na certa e ele queria passar longe delas.

No meio disso tudo o telefone da secretaria toca.

- Tudo bem, doutora.

Colocando novamente o telefone no gancho, ela se volta para Goku.

- A Dra. Briefs vai recebe-lo. Pode entrar.

Goku agradeceu e se levantou, caminhou até a porta que a secretaria indicou. Chegando lá ele dá duas batidas e abre a porta.

- Pode entrar – ele escuta a voz feminina e entra no consultório.

Assim que fechou a porta, se deparou com uma mulher de cabelos azuis, sentada atrás de uma mesa cheia de papéis, com um lápis na boca.

Ele engoliu em seco ao perceber que se tratava de uma mulher muito bonita. Seus olhos tinha um tom de azul celeste, seu nariz empinado dava-lhe um certo ar de arrogância, e aquela boca carnuda e rosada mordendo o lápis de uma forma provocante deixou Goku um pouco desconfortável.

- Pode se sentar, Sr. Goku – Bulma tirou o lápis da boca e apontou para a cadeira a sua frente.

Goku se sentou e teve vontade de afrouxar a gravata, pela falta de ar que estava sentindo, mas se conteve.
- Então, Goku, me fale de você e de suas experiências profissionais – Bulma se encostou na cadeira, juntando as mãos no estômago.

Goku deixou a timidez e o nervosismo de lado e começou a contar um pouco de sua vida.

Disse que começou a faculdade um pouco depois dos vinte e cinco anos, por não ter certeza do que queria para sua vida, mas depois optou por ser dentista. Já havia trabalhado como garçom, atendente de caixa, como auxiliar de produção, e por fim, trabalhou quase três anos no escritório do Dr. Whis, onde ele se apaixonou pela profissão e decidiu que faculdade exercer.

- E por que saiu de lá, Goku? – Bulma sorri com maldade.

- Bem ...

- Deixa eu ver aqui ... – Bulma o cortou enquanto pegava um papel em cima da mesa –, você seduziu a irmã dele e depois a abandonou.

- Eu ... como? – Goku arregalou os olhos.

- E foi preso duas vezes em menos de uma semana. A primeira foi por ter se pegado no soco numa feira, e a segunda por assédio sexual e por mostrar o pênis para crianças em um parquinho de um condomínio.

- Não tinha crianças lá, estava de noite – Goku começava  a se desesperar –, e eu não assediei aquelas mulheres, elas ...

- Está contratado – Bulma cortou ele pela segunda vez.

- Oi? – Goku grita.

- Você começa amanhã as oito, traga sua carteira de trabalho, minha secretaria cuidará dos detalhes para registra-lo.

- Eu ...ham ... você está bem? – Goku estava achando aquela mulher uma completa maluca.

Bulma se levantou, seu jaleco estava com apenas os dois primeiros botões fechados. E Goku arregalou os olhos quando viu que por baixo do jaleco ela estava apenas de sutiã e calcinha.
Andando em volta da mesa, ela desabotoa os dois únicos botões, abrindo completamente o jaleco e o tirando em seguida. Ela não dirigia o olhar para Goku, caminhou até a porta e a abriu.

- Até amanhã, Sr. Goku – ela indica a saída para ele de forma muito profissional.

- Deus ...

Goku se levantou da cadeira e saiu correndo do consultório, mas não sem antes da uma olhadinha na mulher de lingerie preta e no salto alto.

- Não se atrase – ela pisca e fecha a porta.

- Mulher maluca – Goku sussurra passando as mãos nos cabelos.

Consultório da LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora