Eu amo o dia dos namorados.

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Como o médico havia falado, Goku foi liberado três dias depois, bem no dia dos namorados. Ele não quis que ninguém fosse busca-lo. Nem sua mãe, nem seu pai, e nem mesmo seu amigo, Kuririn. Queria ficar sozinho, esvaziar sua mente e caminhar um pouco.

Antes de sair do hospital, passou no quarto, onde estava Yamcha, e quase deu outra surra no infeliz, quando viu que ele tentava dar de cima da enfermeira que cuidava de seus ferimentos. O cara não tinha jeito mesmo, quase morreu por conta de uma transa e já estava a procura de outra.

- O que você tem na cabeça? Uma surra já não foi o suficiente? - Goku resmungou a pergunta assim que a enfermeira saiu do quarto e deixou os dois à sós.

- Eu tenho mais é que aproveitar a vida - Yamcha se senta na cama gemendo e com o braço enfaixado. - E você sabe o que eu aprendi com essa experiência?

- O que? - Goku rolou os olhos impacientemente.

- Que hoje estamos vivos e amanhã podemos não estar mais.

- E que merda isso que dizer?

- Que temos que agarrar todas as oportunidades que temos para sermos felizes, pelo menos se eu morrer hoje ou amanhã, vou morrer com a certeza que fiz de tudo para ser feliz e não com medo de arriscar, me sentenciando a uma vida triste.

Enquanto Goku caminhava no Central Park, o mesmo que ele havia pegado Vados com outro, as palavras de Yamcha martelava em sua cabeça.

As flores da primavera deixava o parque mais bonito, perfumado, e extremamente aconchegante.
Ele olhava os casais apaixonados de mãos dadas, sorrindo um para o outro, como se o mundo em volta deles não existisse. As crianças corriam pelo gramado e jogavam pipoca para os patos no lago. Os comerciantes vendiam flores e bolões aos montes. Era um feriado afinal, e os casais velhos e novos aproveitavam para passarem juntos.

Sentando em um banco, Goku viu um casal de idosos de mãos dadas sorrindo um para o outro. O senhor colheu uma flor do gramado e estendeu para a senhora como um cavalheiro.

Goku sorriu ao ver aquela cena, tão raros, mas ainda existia casal apaixonado depois de trinta, quarenta ou cinquenta anos de casado.
Instantaneamente a imagem de Bulma cruzou sua mente.

O que ela estava propondo à ele não tinha nada a ver com amor, com romance, ou com aqueles casal de idosos que Goku olhava, mas isso não queria dizer que ele não poderia ser feliz com aquilo.

Por que as pessoas tem esse senso de padrão de felicidade?

Goku tentou ser feliz seguindo um padrão, mas tudo que teve foi decepção e confusão. Então porquê ele não podia tentar ser feliz do jeito dele.

Ele queria ir até o consultório, onde Bulma esperava por ele, e dar aquela mulher o que ela tanto queria, e o que ele queria também. Mas por que não tinha ido ainda? Porque ele tinha medo. Medo de perder seu emprego. Medo de arranjar mais confusão. Medo de ter seu coração partido de novo.

Mas as palavras de Yamcha e seus pensamentos de diferentes felicidades lhe fez acordar e perceber que a vida é feita de riscos, feita de decepções. Afinal, quem nunca teve seu coração partido? Quem nunca passou por situações que te levaram para uma cilada?

A vida é feita disso. Essas coisas que nos mantém com mais vontade de viver. As emoções nos deixam vivos, e a vida não é feita apenas de felicidade. Queremos e precisamos de outras emoções. E é deixando o medo de lado que podemos viver elas, sentir elas.
Com essa conclusão, Goku sorriu, e correu para onde ele podia sentir novas emoções. E se ele saísse ferido, desempregado ou apaixonado, que se foda, ia aproveitar aquele momento como se fosse o último. Iria viver como se não houvesse o amanhã.

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