cold.

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Fazia frio.

Naquela noite em particular fazia tanto frio que Louis estava com dificuldades para acender seu cigarro. Ele deveria deixar pra lá e entrar em algum lugar, aproveitando-se de sua (rara) boa aparência e roupas limpas (também raras). O problema seria a falta de dinheiro, causa de sua futura expulsão, qualquer que seja o lugar onde entrar. E então ele estaria no frio.

Deveria ter algum benefício para aniversariantes. Ainda mais aqueles que nasceram na véspera de Natal.

A segunda opção era entrar e buscar por alguém disposto a pagar por um café. Mas pagar por um café sempre antecedia a compra da dignidade de Louis e ele não queria vendê-la no seu aniversário. Não queria vendê-la no Natal.

Louis puxou seu isqueiro, seu cigarro e começou a andar.



Ele caminhou pelo centro. Por entre as luzes brilhantes e decorações de Natal em tons de vermelho e dourado. Caminhou por entre os vagabundos sem casa e os cumprimentou com o aceno habitual. Alguns insinuaram querer sua companhia, mas eles eram tão sujos e miseráveis quanto Louis, e este evitava sentir como ele mesmo. Ainda mais no Natal.

Já era Natal e ele ouvira por entre as ruas que teria sopa. Não que ele tivesse muita fome — ele não tinha nenhuma —, mas Louis sentia frio.



A dignidade de Louis começou a se esvair muito antes de ser expulso de casa. Dessa forma, quando se vendeu, não havia dignidade na transação; apenas ele. Não, ele não. Seu corpo. Pois Louis já não se reconhecia como um indivíduo.

Em algumas noites, ele deseja nunca ter dito a verdade, ainda teria um teto. Mas ele já apanhava antes e existe um limite, não existe?

A liberdade tinha gosto de nicotina e soava como cocaína, em todos os sentidos que existem. A liberdade se parecia com aliviante, mas era fria, silenciosa e, aos olhos mais atentos, era igual a um quarto alugado no pior bairro da cidade, pago com o corpo dele, porque era a melhor que a rua. Era melhor que nada.





O garoto bonito de olhos verdes se aproximou quando Louis estava terminando seu segundo prato. Ele sorriu o caminho todo até a mesa. Havia muita confiança em seus ombros largos e andar descontraído.

Louis podia imaginar com clareza aqueles lábios abertos e cachos bagunçados na cama. Fazia tempo desde a última vez que ele imaginou alguém de sua escolha em sua cama.

Vestindo a camiseta azul dos voluntários por cima de uma blusa de frio listrada, ele parou na frente de Louis e perguntou se o lugar ao lado dele estava vago, utilizando-se do melhor sorriso para flerte. A atitude fez Louis se questionar se ele já sabia. Se ele tinha uma nota no bolso esquerdo e cocaína no direito, suficientes para leva-lo ao banheiro.

De perto, ele parecia mais tímido; lançava olhares furtivos para Louis, como se buscasse em sua aparência algo para puxar conversa. Louis gostava de vê-lo daquele jeito, então contribui com o silêncio.

Calmamente, Louis termina seu jantar e afasta o prato, voltando sua atenção ao garoto, o qual cora sob o olhar. Louis conhece a si mesmo o suficiente para saber que basta um convite, e então o garoto será dele.

— Nós já nos encontramos? — Questiona, pois precisa saber se o garoto sabe. O outro nega com um aceno e, antes que diga qualquer coisa, Louis adiciona: — isso é ótimo, pois me odiaria por esquecer alguém como você.

Ele e olha para baixo, rindo. Em seguida, ele volta a encarar Louis e diz: — Harry.

— Louis Tomlinson — responde ele estendendo sua mão.

Tem sido muito tempo desde a última vez em que ele cumprimentou um homem com tanto formalismo. Normalmente Louis não precisa de tanta educação; e normalmente não é tratado com alguma.

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