mistletoe

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Louis enche sua taça com champanhe, bebe metade em um único gole e olha por cima do outro, procurando por olhos curiosos antes de enchê-la novamente. Felizmente, não há ninguém para ver sua gula.

É a primeira festa com colegas de trabalho que Louis participa. Geralmente ele evita esse tipo de evento — porque ele nunca sabe se vestir e se portar adequadamente, além disso, ele é muito tímido para iniciar uma conversa com quem ainda não conhece, e ficar quieto não é muito educado.

Mas nesse novo emprego foi quase impossível dizer não, porque mudaram o dia e vejam só, pessoal, Louis pode ir neste dia!

Ele vira o copo e fecha os olhos com força, tentando se recompor, ainda falta umas quatro horas até ser educado ir embora.

Risadas explodem na sala de estar e Louis se encolhe. O amigo secreto deve ter começado.

— Sem mais disso aqui por hoje — Louis disse para di mesmo, chacoalhando a garrafa quase vazia de champanhe barato. — Como isso é tão bom? — Murmura estreitando os olhos para ler o rótulo.

Ele abandona sua taça e a garrafa na pia da cozinha e considera de quem vai roubar o discurso na hora de entregar o seu presente enquanto deixa a cozinha.

Faz três meses desde sua admissão neste trabalho, pouquíssimo tempo para decorar o nome de todo mundo, quer dizer, quem diabos é Carl?

— Cuidado aí — murmura uma voz rouca segurando os ombros de Louis e o mantendo no lugar e só então ele percebe que trombou com alguém —, foi por pouco — continua com um sorriso na voz.

— É, foi mesmo — concorda Louis mordendo o lábio inferior.

É inevitável e ele torce para que o moço bonito não note.

Nenhuma das vezes.

Talvez Louis tenha olhado para ele assim uma vez ou duas desde o momento que chegou na confraternização.

Ele deve ser convidado de alguém, porque Louis jamais iria se esquecer de um rosto daqueles, muito menos dos olhos e sorriso bonito de covinhas.

— Obri... — começa Louis, mas ele é cortado por alguém gritando:

— Vocês estão deixo do visco!

— Debaixo do que? — Pergunta Louis desviando o olhar do moço bonito para entender que tipo de brincadeira é aquela.

— Visco — murmura o homem a sua frente, ele limpa a garganta e continua: — visco, sabe? Tradição.

— Oh, sim, minha família não coloca esse troço — diz Louis franzindo o cenho para a planta pendurada sob suas cabeças —, o que a gente faz? Vira uns shots? — Pergunta olhando para o homem a sua frente.

— Não, nós... — começa ele sorrindo muito sem jeito. Céus, Louis jura que ele está corando.

— Beijo! Beijo! Beijo! — Começa o coro vindo da sala de estar.

— Tudo bem se eu...

— Sim, tudo bem, vá em frente — responde Louis se preparando para um beijo na bochecha ou algo do tipo.

Quando ele tem seus lábios pressionados pelos lábios do outro, não poderia estar mais chocado.

As mãos que estiveram em seus ombros seguram seu rosto com firmeza e Louis se derrete.

Isso sim é um bom beijo. Que Deus permita à todos essa sensação, porque se parece um pouco com o Paraíso, como uma amostra grátis.

Louis largaria sua vida de pecado se alguém confirmasse que o Paraíso é de fato assim, mas, sendo honesto consigo mesmo, ele passou a festa inteira pensando em coisas bem pecaminosas olhando para aquele homem, então não importa.

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