Capítulo 3- Coragem

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Nico caminhava sem a menor pressa pelo corredor da faculdade até sua sala. Não falava com Will desde que saíra da festa, estava triste, com medo que sua depressão voltasse com tudo. Pode parecer exagero dizer que voltaria àquela situação por causa do loiro, mas não era só um "crush" que Nico perdia. Estava perdendo um amigo muito precioso.

Nico não achava que era capaz de arranjar uma desculpa plausível para ter fugido daquele jeito e não se achava capaz de dizer a verdade, e, mesmo que fosse, também não tinha coragem de falar com ele nem sequer pela Internet. Merda de vida. Estava tão triste.

As horas se arrastaram tão lentamente que Nico pensou que teria que levantar de sua cova pra poder ir embora da faculdade. Estava um dia tão merda. Nem conseguira falar com Leo e o resto de seus amigos.Ficara sozinho no espaço sem aula, escutando as músicas mais alegres de sua playlist pra ver se dava algum resultado. Não deu tão certo quanto esperava, mas pelo menos estava um pouco menos triste - entretanto não estava necessariamente mais feliz.

Caminhava no mesmo passo desmotivado para ir embora. Não estava animado para ir para casa, porque significava que ficaria sozinho, provavelmente deitado sem fazer nada o resto do dia.

- Eu tava com saudade da menina mais linda da faculdade.

De. Novo. Não.

Aquela voz. Que ódio, Nico pensou. Luke. O imbecil que estudara consigo durante o Ensino Médio e ainda insistia em tratá-lo como menina - mesmo que Nico já se chamasse Nicolas e absolutamente todo mundo o tratasse do jeito certo. Naquela época ele era um idiota e quando o reencontrou na faculdade ele já tinha um mestrado em imbecilidade e era PhD em falar merda. Ele adorava provocá-lo sempre que o via e parece que dessa vez não ia perder a oportunidade. Mas hoje não era um bom dia para fazer isso.

Inicialmente, ele decidiu ignorar. Continuou andando calmamente fingindo não ter sequer escutado.

- Hey, Nicoli, vem cá, não me ignora - ele disse puxando o braço de Nico para ele lhe olhar - Olha, quero te contar um negócio. Eu sempre pensei em provar algo diferente, aí eu tava pensando né...

- E você pensa? - Nico interrompeu.

- Escuta que eu sei que você vai adorar a minha ideia - ele sussurrou - Continuando: eu não sou gay né, mas se eu provasse e tal iam ficar falando, mas se eu pegar você eu não sou gay né?

- E por que não?

Além de todo aquele absurdo do qual ele já estava cansado Nico também não queria discutir com aquela paquita do capeta o que significava o "B" de "LGBT".

- Porque você tem pepeka.

Nico revirou os olhos várias vezes naquele mesmo segundo, sem paciência para aquilo.

- Beleza, Luke. Sinceramente? Foda-se. Você é o um dos caras mais repugnante, imbecil e otário que eu já conheci e olha que eu já conheci muita gente. Eu odeio você e, se você pudesse fazer a gentileza de não mais me dirigir a palavra eu ficaria muito agradecido.

Saiu andando sem olhar pra trás, agora mais rápido pra que ele não inventasse de falar consigo de novo, infelizmente não funcionou.

- Nicoli, você vive dizendo que é homem, mas fica fazendo cu doce igual a menininha que você é.

- Luke, por que você não entende que não é não? Qual a dificuldade? Sei que sua inteligência é limitada, mas não deve ser assim tão complicado.

- Ni, você é uma menina tão linda, mas por que tão teimosa?

- Não sou menina. - Nico rosnou, perdendo a paciência.

Transviado (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora