Passado e Futuro

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Minha cabeça está latejando, quando começo a abrir os olhos lentamente. Minha boca e garganta estavam secas, como se houvesse semanas desde que havia ingerido algum líquido. Tento me mexer, mas meus braços e pernas estão presos. Olho para os lados, tentando reconhecer onde eu estava e entender o que estava acontecendo. Minha mente estava uma bagunça. Aos poucos, minhas lembranças vão se reorganizando, até que eu me lembre por completo o que havia acontecido.

Sinto algo pressionando minha boca e não demoro a perceber que também havia sido amordaçado. Tento me soltar, mas tudo que consigo é machucar ainda mais a minha pele já sensível. Procuro reconhecer o lugar onde estou preso, buscando uma forma de escapar de meu cárcere, mas tudo que vejo são paredes malcuidadas, panos espalhados por todos os lugares, provavelmente protegendo alguns móveis ou máquinas, poeira, inúmeros toneis enferrujados e pouca iluminação.

Eu não faço ideia de quanto tempo eu estou apagado e tampouco consigo identificar a minha localização. Os tímidos raios solares que entravam por uma pequena janela engradada no ponto mais alto da parede não me ajudavam em nada a descobrir as horas, mas supondo que o céu parecia claro, o dia já havia amanhecido a algum tempo.

Sozinho e atordoado, tudo que consigo pensar é em Naruto. Os malditos comparsas de Nagato haviam cuidado de seu ferimento na cabeça? Ele estava fraco e seu corte sangrava muito nas últimas lembranças que tenho de meu namorado. Eu me sentia culpado e frustrado. Por minha causa, as pessoas com quem mais me importam acabaram se machucando e, como um inútil, tudo o que fiz foi olhar. Nagato havia encontrado minhas fraquezas e soube muito bem como usá-las para me atingir.

A porta do lugar onde estou é aberta, iluminando fracamente a grande sala suja. Fecho meus olhos e abaixo minha cabeça, incomodado, acostumado demais com a escuridão. Passos secos ecoam e sinto que estou sendo observado. Permaneço quieto, fingindo estar dormindo por precaução. Eu não faço ideia do que se passa na cabeça doente de Nagato, mas tenho certeza de que após tentar me matar enforcado, empurrar Deidara de uma escada e me sequestrar, eu posso esperar qualquer coisa.

E assim que a pessoa para de frente para mim, gelo é jogado brutalmente sobre meu corpo. Afago, em busca de ar, assustado com o ataque repentino. Abro meus olhos e encaro Nagato em fúria. Ele joga o balde que segurava antes em um canto qualquer da sala e me encara com um sorriso desafiante. Começo a me debater contra a cadeira onde estou preso, tentando me soltar mais uma vez. O cabelo de cenoura ri e parece se divertir com a dor que o gelo causava ao queimar minha pele já ferida.

- Parece que a Bela Adormecida acordou. - Comenta o alaranjado, sorrindo perigosamente. Tento proferir todos os tipos de maldições e xingamentos, mas a mordaça em minha boca permite apenas que murmúrios e sons indecifráveis abandonem minha boca. – O que disse, Uchiha? Eu não estou te entendendo. Espero que você esteja se sentindo confortável em meu humilde esconderijo. Você parece com frio. Eu deveria trazer uma sopa quente para te esquentar?

A ironia em suas palavras me deixa ainda mais preocupado. Debato-me mais um pouco e finalmente consigo tirar um pouco do gelo que me machucava. Nagato pega uma cadeira e se senta de frente para mim, com os braços e queixo apoiado sobre o encosto da cadeira. Ele me analisa com um sorriso discreto nos lábios e o olhar distante.

- Sabe, Sasuke, eu demorei um bom tempo para planejar minha vingança contra você e agora que eu estou conseguindo, parece que o mundo é colorido novamente. Como você se sente? Depressivo? Desesperado? Culpado? Humilhado? Com medo? Melhor ainda, você se sente no fundo do poço, sem ter para onde ir? – Questiona Nagato, animando-se cada vez mais com a possibilidade de me ver destruído emocionalmente. – Na verdade, isso não importa muito. Em breve, você e Naruto serão um dos atletas mais odiados da faculdade, afinal, não apareceram nos jogos finais do Campeonato Nacional Esportivo. Vocês eram a esperança dos seus times, sabiam?

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