Capítulo 5 - Saindo de Casa

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Ravi

Ravi detestava fazer isso, mas ele não podia continuar ali.

Haviam se passado duas semanas desde que Dalila havia atirado nele, e por sorte o tiro havia passado apenas de raspão.

Caetano havia tratado de sua ferida, e o obrigado a usar uma tipoia.

Depois de pensar muito, ele chegou à conclusão de que não era seguro Caetano continuar ali, mas não iria permitir que ele fosse embora sozinho. Após discutir muito com Tabata, ele decidiu acompanhar Caetano, e os dois ficariam no Castelo, onde antes funcionava o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial em Foz do Iguaçu. Era afastado de onde estavam agora, mas não tão afastado. Assim, caso elas precisassem de algo, ele estaria por perto para prestar apoio. E estando naquele lugar central, eles poderiam transformá-lo em uma espécie de centro de recepções caso chegassem outras pessoas.

Era a primeira vez desde que o mundo havia acabado que ele se separava de suas irmãs, e isso era agridoce, pois a perspectiva criada com isso era de que eles estavam caminhando na direção correta para as coisas finalmente voltarem ao normal, mesmo que ainda estivesse longe de acontecer.

Não era preciso mala de roupa, ou um grande carro de mudança, pois eles conseguiriam tudo o que precisavam ao longo do dia, no centro da cidade.

Durante essas duas semanas ele havia tido longas conversas com Caetano, sobre as providencias que poderiam tomar dali em diante. A mensagem de rádio era uma boa ideia, mas eles precisariam também de formas de identificar o caminho caso outras pessoas chegassem ali, pois tinham esperança de Caetano ser apenas o primeiro de muitos.

Provavelmente ainda levaria uma semana para eles se ajustarem e conseguirem tudo o que precisavam para se estabelecer.

Tabata estava irada com ele, mas ao longo dos dias ela parecia se tranquilizar aos poucos, principalmente após conhecer Caetano.

Dalila havia sido sedada, e mesmo o luto estando obviamente latente nela, ele parecia aos poucos estar sendo substituído apenas por raiva, o que de certa forma era bom, pois ela conseguia pensar mais claramente, sem estar cega pelo véu do pesar.

Quando Caetano disse para Dalila quais eram seus planos, juntamente com Caetano, ela concordou firmemente que era o melhor a ser feito, pois não queria voltar a ver o homem que havia matado sua filha, e se ficar sem ver seu irmão era o preço, ela estava disposta a pagá-lo.

Todo aquele clima estava realmente muito estranho após a morte de Leonor e o tiro que Ravi recebera. Ele ainda não sabia porque havia se jogado na frente da bala, mas pelo menos isso havia auxiliado Dalila a ver as coisas com um pouco mais de clareza. Ele tentou salvar a vida de Caetano, e aparentemente, havia conseguido.

Nos dias seguintes após a mudança, as coisas correram relativamente bem. Tanto Ravi quanto Caetano se mantiveram muito ocupados durante todo aquele tempo, primeiro desocupando todo o castelo, arrastando mesas, cadeiras, carteiras e demais móveis que pertenciam ao serviço de aprendizagem, levando tudo para as salas mais afastadas possíveis. Depois de fazerem isso foi a vez de rodarem todas as lojas de móveis do antigo centro da cidade, em busca, principalmente, de camas.

Ravi havia esperado tanto tempo que já não tinha mais esperança alguma de alguém realmente aparecer, ou de sua mensagem estar chegando a outras pessoas, mas algo havia mudado com a chegada de Caetano, e isso fazia com que ele não se importasse de carregar camas para cima e para baixo, mesmo sabendo que havia vários hotéis por perto onde os sobreviventes, se chegassem... quando chegassem, poderiam se abrigar.

Estrategicamente, o local mais seguro seria o último andar de um desses hotéis, mas a eletricidade era algo realmente escasso, o que impossibilitaria os elevadores de funcionar. Ou seja, apenas um idiota se abrigaria em uma cobertura, sendo que depois teria que descer vários degraus.

Reunião após o fim do mundo - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora