orange juice

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Ao acordar e se ver naquele ambiente desconhecido de cortinas grossas e meia luz, afundado numa cama quentinha e confortável enorme que definitivamente não era a sua, e com o seu corpo todo emanando aquele aroma de canela e álcool maltado, ele teve diversas reações diferentes em cadeia: amnésia, confusão, susto, vergonha e um breve arrependimento no final.

Era informação demais para a sua cabecinha processar. Bem, primeiro ele havia se machucado, então um vampiro (?) havia tentado atacá-lo a sugar seu sangue, então Jaebeom, que também era um vampiro (??), o defendeu e o ajudou com seu ferimento, o trouxe para a sua casa, e disse que se ele transasse consigo iria deixá-lo em paz (???) e então Youngjae aceitou à despeito de ter um namorado (?!?!?), que aliás era muito atencioso, não tinha nada a ver com a situação e o que Youngjae fizera fora errado! Muito errado! Mesmo que a noite tenha sido muito boa, aliás, que noite... enfim, não era justificativa para fazer o que fez, principalmente sabendo que aquele homem (vampiro?) podia matá-lo com os dentes e deixá-lo anêmico na hora que quisesse!

Meu Deus, o que Youngjae fez? Ele realmente foi seduzido dessa forma? Não fora mais um de seus pesadelos estranhos?

Olhou para a palma de sua mão direita enfaixada. Não, não fora um sonho.

— Boa tarde.

— Ah! - dera um gritinho de susto ao ver Jaebeom surgir do nada em meio à penumbra do quarto. Ele revirou os olhos e deixou a bandeja que carregava em cima da cama, em seguida usando um controle que pegou da calça de moletom para controlar as luzes do quarto e torná-lo mais claro.

— Pensei que estaria com fome.

Youngjae olhou para a bandeja: havia café, suco de laranja e comida tradicional, por isso ele franziu o cenho, olhando com estranheza para Jaebeom e novamente para a bandeja.

— Você fez isso? Tinha comida em casa? Você come? - perguntou tudo de uma vez, fazendo o moreno rir pelo nariz e sentar na beirada da cama.

— Eu comprei pra você. iFood. - mostrou o celular, crispando a sobrancelha e tomando um gole de uma garrafa de Heinnekein direto do gargalo, que estava perdida na bandeja.

— Mas... - Youngjae estava realmente faminto olhando para a comida, mas subitamente sentiu-se tímido - Como você pode beber álcool? Quero dizer, você não deveria beber... hum... sangue?

— O nosso organismo tolera álcool, cai direto na corrente sanguínea, dá até pra ficar bêbado se você quer saber. - ele riu e coçou a nuca, parecendo um pouco sem graça - Podemos nos render a alguns vícios, podemos usar drogas, estimulantes e cafeína, e sentir certas sensações assim como os humanos, não estamos completamente mortos. Mas comida... o nosso organismo já não suporta. É muito pesado e não precisamos. E depois de tanto tempo vivendo sem, não sentimos falta e nem vontade também. Simplesmente perde a graça.

Youngjae ficou pensativo, começando a comer o café da manhã sem nem ao menos se dar conta. Uma vida sem comida parecia chata, apesar de Jaebeom dizer que parecia não se importar, mas ele não conseguia pensar em ficar sem comer o seu lámem cremoso especial no final de semana, ou um hamburguer saboroso. Ele gostava realmente de comer.

— E você... hum... tem quantos anos? Quero dizer, vampiros são imortais, certo?

Jaebeom deu de ombros.

— Sou jovem ainda, nasci em 1925. O suficiente para viver durante a guerra.

Youngjae ficou impressionado, deixando o seu queixo cair. Ele tinha quase um século de vida, era absurdo! Mas se disse que era jovem, era porque devia existir outros como ele bem mais antigos, e isso o deixou curioso, muito curioso. Curiosidade essa que deveria ter sido sanada com o fim daquela noite.

Sangria [ 2jae ]Onde histórias criam vida. Descubra agora