▪︎ 8: Te Assumi Pro Brasil

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Paolla Oliveira.

A noite no hotel com Sérgio tinha sido magnífica. Minha necessidade dele finalmente tinha sido saciada, me transformei em algo que não via por muito tempo. Na verdade, talvez nunca tenha feito algo parecido em toda a minha vida. Foi diferente porque foi com ele.

O sol do meio dia entrou pelas frestas da cortina blackout, iluminando um pouco o ambiente e me tirando do meu próprio descanso. Dormi bem pouco, mas podia dizer que acordei revigorada. Abri os olhos lentamente, dando de cara com a expressão descansada e serena de Sérgio. Tão puro e quieto que não me parecia o mesmo homem de algumas horas atrás. Em seus lábios um sorriso sutil, sua respiração era lenta de quem estava completamente emergido em seus sonhos. Poderia vê-lo dormir o dia inteiro, estava tão pleno...
Meus olhos percorreram todo seu rosto, percebendo cada pequeno detalhe, admirando-o com uma paixão ardente.
Ergui uma das minhas mãos entre nós lentamente e a pousei calma em sua bochecha, o polegar acariciando ali, sentindo a barba espetada. Acabei sorrindo bobo, parecia tão mágico...

Sérgio tremeu seus olhos por um tempo e logo os abriu também, aumentando seu sorrisinho para algo mais evidente.
Apesar de um pouco sonolento, eu podia ver o brilho em seu olhar.
Ele ergueu seu rosto e beijou a ponta do meu nariz, gelada por conta do ar condicionado congelante.
Seu braço firme me pegou pela cintura e me abraçou firmemente, nossas pernas se entrelaçando e nós coladinhos novamente.

— Então nada disso foi um sonho? — Ele perguntou, sua voz rouca e sonolenta, misturada com sua doçura.

Dei uma risadinha e balancei a cabeça negativamente, continuei o carinho em seu rosto despreocupada.

— Ainda bem que não foi, não é? — Respondi, tão açucarada quanto ele.

Seu sorriso diminuiu um pouco, mas nossa aproximação não diminuiu nenhum centímetro. Ele franziu o cenho, me fazendo ter a mesma reação à mudança de expressão tão repentina.
Agora seu olhar era mais distante, não estava no meu. E eu tive um lampejo de preocupação.

— Você não se preocupa com o assédio da mídia, meu amor? — Ele perguntou baixinho, como se mais alguém pudesse ouvir.

Minha mão parou um segundo e eu pensei, me mantendo tão imóvel quanto uma estátua.
Depois de alguns segundos ponderando, dei uma resposta.

— Estando com você, nenhum assédio me assusta. Uma hora, teremos que assumir. — Respondi, batendo meu dedo indicador levemente na ponta do seu nariz perfeito.

Me levantei rápido e arregalei os olhos ao lembrar que não tinha pêgo nenhuma roupa para dormir.
Ouvi uma risadinha de Sérgio atrás de mim, quando me virei para olhá-lo, me encarava com um sorriso de moleque nos lábios, dando um assovio em seguida. Revirei os olhos e joguei um travesseiro nele, não cedendo e rindo também.

[...]

Sérgio estava no banho, eu no entanto, já estava pronta para enfrentar o dia. Ou melhor... A tarde. Eu estava com a camisa do Sérgio, uma vez que a preguiça de colocar toda a minha produção novamente prevaleceu.
Estava checando as mensagens, respondendo à todos que eu estava bem e que não havia motivo pra alarde. Muitas pessoas estavam preocupadas com a minha ida ao jantar e a não volta.
No meio do silêncio, o celular de Sérgio na escrivaninha irrompe em um toque estridente. Pensei que não haveria problema algum se eu fosse atender, então, fui rapidinho em direção ao aparelho e atendi inocentemente.

— Alô? — Perguntei, caminhando até a janela e espiando a movimentação lá fora. A praia estava lotada.

Então você está atendendo o celular dele? Os tablóides andam meio lentos ultimamente. — Uma voz hostil soou do outro lado da linha, e quem mais poderia ser? Bianca, pensei.

— É a primeira vez que eu faço isso. E se estou, qual o problema? Supera, garota. — Tentei mostrar a autoridade e coragem que eu tinha na voz.

Eu não vou desistir dele, Paolla. Jamais. Você arruinou meu casamento, as chances que eu tinha com ele. Tem noção disso? — A voz dela soou ameaçadora. Mas o que Deus uniu, ninguém separa.

— Pode tentar, mas não quer dizer que vai conseguir. — Dei uma risadinha debochada. — Por que ligou pra ele?

Antes que Bin pudesse responder de fato, o celular desapareceu das minhas mãos e surgiu na mão do seu dono, que apareceu silenciosamente atrás de mim, com apenas uma toalha amarrada na cintura e água escorrendo pelos seus ombros e pescoço. Apesar da visão escultural ali na minha frente, sua expressão estava sombria. Suas narinas infladas.
Após nosso tempo, Sérgio me contou das investidas de sua ex-mulher e o quanto foi intoxicado por sua família ao ponto de quase acreditar numa reconciliação. Ele não poderia sentir mais raiva de uma pessoa.

— Deixa eu e a Paolla em paz. Que inferno, arruma alguém pra beijar. Se eu tô com ela é porque ela gostou de mim e eu gostei dela, porra. Acabou. Eu e a Paolla somos namorados, com todas as letras. NAMORADOS!

E desligou na cara dela, sem tempo de uma réplica de Bianca. Largou o celular de qualquer jeito na cama e se aproximou de mim com um olhar mais quebrantado, acima de tudo, chateado.

— Sinto muito que tenha que passar por isso, queria mesmo que minha relação com Bianca se mantivesse saudável. Mas... Ela é de uma instabilidade! — Se desculpou, passando uma das mãos no cabelo molhado. Sorri sem jeito.

— Não é sua culpa, meu amor. Não vai ser nunca... Mas, eu acho que... Antes que a notícia vá pelos lábios de Bianca e não dos nossos... Precisamos fazer um pronunciamento. Sabe, falar pra todo mundo. — Sugeri, cruzando os braços sobre o peito, mordendo lábio ao esperar por minha resposta.

Ele sorriu abertamente.

— Só se for agora! Pega seu celular, Vivi Guedes. Vamos fazer uma bela selfie e vai ser agora mesmo. — Ele disse rindo, uma risada muito gostosa.

Sérgio foi em passos curtinhos até meu celular do outro lado da cama e voltou na mesma corridinha até mim, entregando o aparelho e me puxando até o espelho. Onde eu ficava na frente dele vestindo sua grande camisa que batia nas coxas e ele atrás de mim, apoiando seu queixo em meu ombro e me envolvendo com seus braços pela cintura, olhando para a tela do celular também.
Foi necessária apenas uma foto para captar o momento.
Logo postei ela tanto nos stories quanto no Feed, com a legenda:

"Te assumi pro Brasil." O marcando na foto.

Nem sabíamos o rebuliço que isso podia dar. Mas no momento, estávamos descontraídos e apaixonados demais pra pensar numa consequência midiática. Éramos dois idiotas um pelo outro.

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