▪︎ 13: Tudo Sagrado

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Paolla Oliveira.

Foram necessários mais meses de muita convivência juntos para nos adequarmos à ideia de casamento de fato e também, deixar toda nossa capacidade de organização em evidência. Contar aos nossos parentes foi uma missão divertida e todos adotaram a nossa decisão com muito carinho e animação e ouvi de ambas as famílias de que sabiam que seríamos para ser desde as cenas de A Dona do Pedaço. Apesar de aquelas serem um dos motivos secretos de eu ter me apaixonado profundamente, sempre neguei e falei que até terminarmos a novela e ele enfim estar livre, éramos bons amigos.
Dois meses após o pedido, ele resolveu se mudar para a minha casa e vendeu o apartamento, dizendo que seria um dinheiro bom para entrar em nossa conta e futuramente, pagarmos nossas mordomias da vida de recém-casados.
Outro episódio engraçado, para mim, foi levar Sérgio para escolher o terno que usaria no dia. Afinal, escolhemos uma cerimônia intimista na praia, apenas com nossas famílias e amigos bem próximos.

Olhei para Guizé no carro e acariciei seu rosto com os dedos delicadamente, enquanto ele fazia uma careta engraçada de pura preguiça e talvez até, falta de afinidade pela arte de experimentar roupas.
Ele havia adiado esse momento por bastante tempo, de forma que faltavam poucas semanas para o dia e somente eu tinha decidido meu vestido.
Meu noivo soltou um longo suspiro, desligando o automóvel e tirando a chave.

— Espero que eu não tenha que provar ternos tão cedo, ouviu, mocinha? — Ele disse, saindo do carro e dando a volta imediatamente para abrir a porta para mim. Hábito de namoro que ele nunca abandonou, até mesmo estando um bom tempo juntos.

Sérgio estendeu uma das mãos e me ajudou à sair do carro com o cavalheirismo que só ele tinha e envolveu meus ombros com um dos braços, andávamos juntos e colados, enquanto a outra mão estava fixa dentro do bolso. Girou seu rosto para dar um doce beijo na testa e entramos na loja de casamentos que uma conhecida da família havia indicado para mim assim que soube do noivado. Era um lugar muito bonito, claro e de visual não poluído. Haviam muitos smokings que eu adoraria que ele usasse e só por ver o brilho nos meus olhos, pude ouvir um suspiro vindo dele, que desceu o braço até que sua mão pudesse pegar a minha num enlace de dedos.
Enquanto olhávamos, fomos abordados por uma vendedora idosa de olhar amável e feição animada por nos ter lá, apesar de não demonstrar toda a idolatria que alguma jovem vendedora teria. Imagino se alguma garota não teve a vontade de nos atender e ela entrou na frente. De qualquer modo, não quis alimentar minha paranóia e apertei fortemente a mão de Sérgio, que por ser simpático demais, já sorria. Sorri para a senhora.

— Bem... Como você já deve imaginar, estamos a procura do smoking ideial pra ele, que não escolheu ainda. — Comentei, passando a mão livre no braço firme de Guizé.

— E nem é porque eu sou difícil, sabe? É porque eu não sou lá muito chegado nessas coisas de roupa. A patroa que me veste, só tenho camisas brancas e algumas floridas porque nessa terra faz é calor. — Ele se explicou, descontraído como sempre.

— E como faz calor, decidimos fazer nossa cerimônia no anoitecer, num buffet lindo beira-mar. Ou seja, bem na areia da praia em Angra dos Reis. — Completei. — Tem sugestões pro tema, senhora?

— Então é melhor que ele tenha muita paciência! — Disse a velhinha, me tirando boas risadas.

Era incrível a quantidade de roupas de casamento na praia que poderiam combinar com o meu vestido simples, ele ficaria maravilhoso e bem fácil com qualquer uma daquelas roupas, era um homem tão lindo que chegava dava certa agonia. Não tinha como.
Fiz Sérgio provar quantas roupas necessárias, já estava vendo ele fechar a sua expressão e assumir uma carranca. Quando ele já ia reclamar, ele vestiu a última roupa. Era como aquelas blusas floridas dele, só que lisa e preta. O short não era tão curto e parava na metade dos seus joelhos, o mocassim marrom de camurça era um dos pontos lindos visíveis. Com o botão de cima aberto, seu peito visível deixava sua correntinha de prata visível e reluzente. O conjunto da obra era para lá de irresistível.
Estava sentada junto com a mulher, quando vi a cena me levantei imediatamente, batendo palminhas e dando pulinhos. Guizé deu um sorriso sem graça e eu dei uma breve corridinha até ele, o pegando pelo rosto com ambas as mãos e o amassando de amor, enchendo aquela boca de beijinhos.

Tudo SagradoOnde histórias criam vida. Descubra agora