▪︎ 2: Medo Bobo: Parte 1.

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Paolla pensou que os meses que ela esteve longe de Sérgio foram o suficiente para esquecê-lo. Ela sabia que essa paixão proibida declarada no momento errado só iria atrair holofotes errados para os dois, uma vez que boatos sobre ambos eram coisas recorrentes nos últimos meses.
Apesar da pequena queda que ultrapassou o limite de personagem e atriz, ela sempre soube muito bem esconder seus sentimentos ao seu favor, se sentindo culpada no final do dia por se sentir realizada em realizar seus desejos em cena. Mesmo não sendo suficiente, pois ela sabia que nada disso era real e nem chegaria a ser, afinal, ele tinha uma esposa e a amava.

E por muito tempo, pensou que Guizé havia desaparecido de sua vida por saber dessa sua paixão fervorosa. Mesmo que fosse impossível, esse segredo estava guardado dentro do seu coração à sete chaves. Ela não contara para ninguém ao perceber que esse fascínio não sairia tão cedo.
Sofreu por bastante tempo, pensando que jamais veria o amigo — que ela sonhava ser o amor de sua vida —, tinham sido dias sombrios. E a sua vergonha o impedia de ao menos perguntar como ele estava.
Após a noite passada, o sentimento de Paolla não poderia estar mais presente. Tão afogada na paixão reacesa que até sonhou com ele, de forma que a acordou radiante.
Ele estava vindo jantar! Se ela fizesse qualquer coisa errada, não se perdoaria nunca mais, pensou.

Por ter acordado bem cedinho, resolveu então deixar a casa perfeita para receber o seu crush em casa. Fez uma faxina perfeita, ouvindo sua música favorita e se mexendo de um lado para o outro, cheia de sorrisos e energia.
Depois de dar um trato na casa, foi para o mercado antes que as filas ficassem cheias e insuportáveis de serem frequentadas. Comprou algumas coisas que pensou que ele gostaria de comer e rezou para ter feito a escolha certa. Era simples, mas era o que ela sabia fazer.
Passou também numa adega muito conhecida e recomendada pelos seus amigos, e apesar dos preços absurdos, acabou levando dois vinhos. Um tinto e um branco, também, passou numa mercearia chique e comprou queijo pra entrar como abertura dos pratos. Sem muito tempo para pensar em fazer uma sobremesa, apenas fez sua última parada numa padaria e comprou um bolo.
Voltou para casa exausta, e quando sobrou um tempo, tirou um cochilo. Estava exausta com as coisas que havia de fazer, mas muito animada com o que poderia acontecer. A dúvida na cabeça de Sérgio a preocupava, mas se ela tinha uma oportunidade de fazê-lo feliz e tentar o conquistar, ela o faria sem pensar duas vezes. Era a chance dela.
Dormiu e sonhou mais uma vez com Sérgio Guizé, ela era dessas, cheia de expectativas, voltava fácil para um amor.

Sérgio Guizé.

Acordei num pulo, largado em cima da cama. Não sabia bem que horas eu havia voltado para casa. E meu celular vibrava sem parar, com muitas ligações perdidas e muitas mensagens do meu agente para serem lidas.
Peguei o aparelho e liguei na mesma hora para ele, já esperando a bronca.
O que eu havia ouvido era de se esperar. Meu nome estaria em todos os sites de fofoca, programas de boatos, manchete de revistas de babados — se é que alguém lê revista hoje em dia — e muitos portais da internet iriam dizer alguma coisa. E diferentemente da última vez, que Bianca havia me feito processar todo mundo, agora eu já não havia motivos. Não iria fazer nada se não conviver com o óbvio. Ser uma figura pública exige isso, e agora?

Aliás, eu sequer me incomodava com isso. Eu gostava dela, então, sermos assunto era bem interessante para mim. E talvez fosse para ela também.
Meu agente falou e falou, disse que meu término com a Bianca nem havia sido noticiado publicamente, que não era bom aparecer assim com uma garota, outra mulher com quem eu contracenei. Foram tantas palavras que eu nem soube administrar direito e disse para eu ter cuidado, ou ao menos, pedir para Bianca deixar claro que tudo o que tínhamos acabou. Chegou a sugerir que eu deixasse Paolla de lado por um tempo por simples segurança de imagem. Mas quem realmente pensa que eu ligo?

— Olha, eu vou jantar na casa dela hoje. Pode pedir qualquer coisa, menos que eu afaste dela. Estou tentando esquecer o passado, então me deixa quieto. Tá certo? — Esbravejei para o meu agente e desliguei.

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