▪︎ 12: Energia Surreal

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Sérgio Guizé.

Bons meses se passaram desde toda a confusão. Nossa vida se estabilizou de forma que todos já não estranhavam nossa união, tínhamos apoio dos nossos fãs e tudo era de fato, mágico.
Viver com Paolla era o paraíso, nenhuma mulher no mundo poderia me proporcionar os mesmos sentimentos que ela me proporcionava. Acordar com ela e dormir com ela eram atividades das quais eu jamais me cansaria e sempre voltava correndo para casa quando terminava minhas obrigações Brasil a fora.
Eu estava apegado com os cachorros dela e ela estava acostumada com a minha banda e era nossa fã número um, sempre presente para nós botar pra cima e me dar um incentivo especial. Ela estava presente em tudo e as coisas ganhavam maiores significados. Éramos um só e isso era fantástico. Paolla era tudo para mim e nada mais importava.

Éramos constantemente abordados por conta do amor platônico das telas que gerou uma ótima história da vida real e eu amava contar como percebemos que havíamos nos apaixonado.
Outra pergunta que eu ouvia com bastante frequência era sobre eu pedi-la em casamento. Paolla nunca se importou com isso e disse que quando fosse minha hora, eu saberia. E quando eu soube, foi... Surreal. Talvez, eu jamais esperasse que poderia ser de forma tão poética. Mas como aconteceu daria uma ótima passagem de livro.

Abri os olhos abruptamente ao ouvir o som do rasgar de um raio nos céus cariocas. Havia bastante tempo que não chovia tão violentamente assim, o quarto era tomado por flashes e os sons dos trovões que acompanhavam eram ainda mais brutos. Assustadores até para mim. No segundo raio evidente e mais próximo, senti os braços de Paolla se enroscarem nos meus com uma força desconhecida, enquanto ela se escondia em mim, encolhendo-se contra o meu corpo.
Ela deu um pequeno miado de medo, talvez pelo mesmo motivo que eu.
Tirei seus braços do meu e a abracei de modo que ela ficaria coberta inteiramente por mim. Dei um beijinho em sua testa e apoiei o queixo no topo de sua cabeça.

— O que houve, meu bem? — Perguntei por tabela.

— Essa chuva tá animal! Não acredito que você não esteja morrendo de medo. Eu nem consegui dormir. — Ela disse abafado em minha pele, se aconchegando mais em mim.

— Mas, não precisa desse medo todo, garota. Eu estou aqui pra te proteger de todo o mal, inclusive da chuva que jamais seria incapaz de te pegar aqui dentro. É só uma tempestade e logo mais ela passa, vida. — Eu disse, subindo uma das minhas mãos para acariciar seus cabelos.

— Tem que prometer cuidar de mim assim pra sempre, viu? — Ela disse, num tom mais descontraído.

Apesar de ter sido uma possível brincadeira, tive a ideia que mudou a minha vida por completo.
Eu definitivamente estava pronto para protegê-la de tudo, faria isso. Já a amava de modo incondicional e também, tínhamos uma cumplicidade só nossa. Momentos escondidos por nós que deixavam claro que, apesar da paciência dela em me esperar, eu já estava pronto para prometer isso e muito mais!
Já imaginava nossa vida a dois, nossos cachorros e nosso filho... Ou nossos, quem sabe? Uma casa na praia, fotos dela gravidinha, todo mundo sabendo. Ah, e a cerimônia seria na igreja ou na praia? Talvez na praia, ela adoraria algo suave e significativo.
Era mais do que a hora de eu tirar aquele meu anel do dedo dela e comprar-lhe um de brilhantes, que ficaria exposto para todos verem que ela era a minha garota e eu seria eternamente seu homem.
Sorri admirado com a decisão tomada e dei outro beijo em sua testa.

— Prometo sim, meu bem. Mil vezes. — Murmurei.

Saí bem cedinho de casa, antes mesmo que ela pudesse acordar e fui no primeiro alvo dos preparamentos do pedido — a joalheria. Por ser meio indeciso e talvez até descuidado com esse tipo de coisas, deveria ir primeiro nesse e assim demorar o tempo que fosse preciso. Cheguei lá poucos minutos depois de ser aberta e fui logo abordado por alguns vendedores. Expliquei os gostos da minha futura noiva de forma meio confusa e embaralhada, e após uma hora completa, saí de lá com uma caixinha preta de veludo que dentro tinha o anel mais bonito que eu poderia pensar. Era um foleado de ouro rosé e um delicado diamante gravado na parte de cima. Dentro, pedi para que escrevessem nossos nomes, assim essa aliança seria pra sempre cravada e lembrada.
Depois, meu destino direto foi uma conhecida adega recomendada pelos meus amigos por sua qualidade e diferença nos vinhos e destilados. Comprei um vinho de morango importado e uma garrafa de Tennessee Whiskey, que saíram uma facada mas nada que um tempinho trabalhando não cobrissem, não é? Estava perfeito.
No meio dessa correria toda com o carro pelas ruas, recebi uma ligação de Paolla, preocupada por eu ter saído sem ela ver e não ter voltado.

— Você não pode simplesmente sair sem nem me mandar mensagem, um beijo na bochecha, um bom dia... Que coisa! — Disse ela, numa bronca um tanto maternal. Dei uma risadinha do outro lado.

— Fica tranquila, deusa! Até seis horas eu estou em casa! — Respondi, dirigindo com um sorriso extremamente bobo nos lábios. — Quero que você não se preocupe, quando eu chegar vai saber de tudo! Um beijo, garota. Te amo mais do que tudo!

— Também te amo, meu anjo. Mas não demora, ouviu? — Concordei com o básico uhum e ela desligou.

Então, cheguei numa loja de chocolates muito bem falada no shopping.
Procurei pela melhor opção para algo romântico, na dúvida, comprei a clichê caixa de chocolates mistos em forma de coração. Na volta, comprei um buquê recheado de rosas.
Meu coração parecia sambar dentro do peito e eu não sabia como fazer esse momento simples cair na graça de um pedido de casamento memorável. Quando cheguei na casa dela, que era onde eu passava a maioria das noites, ouvi sons no chuveiro que indicavam que, felizmente, ela estava tomando banho. Andei pé por pé até a cozinha e coloquei o uísque na geladeira, o vinho na bancada e enchi duas taças.
Tirei a caixinha com a aliança da sacolinha e coloquei ela aberta dentro da caixa de chocolates.

— Cheguei, amor! — Gritei em plenos pulmões, extasiado com o que iria fazer e planejava executar futuramente.

Com as taças em mãos, fui até a porta do banheiro e esperei ela sair.
Quando ela finalmente abriu e saiu vestida com uma das minhas camisas que iam até suas coxas, tive a certeza do que ia fazer reforçada.
Entreguei uma taça e selei nossos lábios com muito carinho, ela retribuiu sem entender muito, pegando o copo com a bebida e se afastando para me olhar melhor nos olhos, com uma expressão até surpresa, de quem sabia que algo não estava tão comum assim.
Mas sem dizer nada, bebeu um gole generoso do vinho e fez aquele "hmmm", fatal de ser ouvido. Entretanto, meu lado romântico falava mais alto.

— Sérgio, isso aqui é uma delícia! Deve ter sido uma nota. — Ela falou, bebendo mais um pouco. — Por que ficou tanto tempo fora de casa e trouxe vinho pra mim? Aprontou alguma que eu não faço ideia?

— Não! Nunca! Só... Vem comigo. Comprei uma coisinha pra você e outra bebida pra gente não ficar só no vinho. — Eu disse, tentando segurar a afobação e quem sabe a emoção de falar o que eu queria.

E fomos juntos até a cozinha, peguei o Tennessee de dentro da geladeira e peguei outros copos mais ralos, tendo em vista a bebida um pouco mais forte. Coloquei um pouquinho em cada um e entreguei um deles para ela, tomando sua taça vazia e colocando na pia.
Ela tomou um gole e adorou, para a minha sorte.
Mas seus olhos se voltaram apenas para a grande caixa de chocolates, que ela não hesitou em abrir e se deparar com a pequena caixinha de veludo aberta. Seu queixo caiu, ela ficou tão parada quanto uma estátua.
Sorri abertamente sentindo a emoção apertar minha garganta, indo até o outro lado e pegando a caixinha, me ajoelhando de frente para ela.

— Noite passada eu percebi que te amava incondicionalmente e estava pronto para te defender de tudo e todos. Nosso relacionamento têm sido tudo que pedi a Deus e, garota, eu não vejo um futuro em que você não esteja. E eu quero selar isso de uma vez por todas... — Senti uma pequena lágrima escorrer involuntária pelo meu rosto. — Quer casar comigo, garota?

Ela deu uns pulinhos, seguida de uma risada alta.

— Mas é óbvio que sim! — Ela exclamou, seu sorriso iluminando a sala.

Coloquei a aliança que reluzia linda em seu dedo anelar e me levantei de uma vez só, puxando-a para um beijo apaixonado. As coisas só podiam melhorar.

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