A morte da Paixão

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Vocês já se apaixonaram por alguém a ponto de achar que tinham enlouquecido?

Já foram dominados por um sentimento tão poderoso e incontrolável que parecia querer sair da alma e flutuar pelo universo todo, para que ele visse o quanto aquela pessoa era tudo para vocês?

Se entregaram de corpo e alma a esse alguém, contou todos os seus medos (aqueles que não dizemos a ninguém e que guardamos no nosso profundo), compartilhou seus sonhos torcendo para que esse alguém também torcesse por você, se doou de corpo e alma em todos os momentos por essa pessoa.

Confiou nesse alguém para planejar o futuro juntos e esperava que se concretizasse e no fim tudo  acabou...

Doeu agora pensar nessa pessoa? Doeu lembrar desses momentos juntos em que criaram intimidades, as próprias brincadeiras que ninguém mais entendia, aquele olhar que só o outro sabia o que significava e o resto do mundo não entendia nada.

Doeu sentir saudades daquela paixão avassaladora, das noites em claro enrolados no corpo nu um do outro, ou apenas se olhando e contando piadas ou dizendo como foi o seu dia, rindo juntos até a barriga doer e pensar: é isso, é esse alguém que eu esperei a minha vida inteira conhecer.

Saudades dos dias chuvosos em que pediram comida e assistiam um filme juntos depois de muito escolher e no fim os dois acabarem dormindo.

Dói lembrar que aquela paixão se tornou tudo, você acordava e dormia por ela, vivia em prol dela, seu presente e futuro eram ela, você respirava essa paixão e não sabia mais como sobreviver sem ela.

Se você precisasse de um colo para chorar ali estava ela, o melhor abraço do mundo inteiro pronto para te salvar sempre.

O olhar mais sincero, a mão que te amparava, o beijo mais quente e o sorriso que acalentava...

Até que um dia a sua paixão ainda vivia e a do outro não mais. Morreu com o tempo, morreu com as brigas que você não faz questão de lembrar, morreu com a desconfiança, com as saídas escondidas e traições que você fingia não saber. Morreu com o descaso, a falta de atenção e o desinteresse. Com as noites intermináveis no trabalho, ou as festas e bebedeira com os amigos, morreu quando parou de ser interessante, quando já tinha na mão e não precisava mais conquistar.

Morreu lentamente, um pouco de cada vez e foi por isso que você não percebeu, quando notou ja era tarde demais, ela estava fria e sem vida.

A paixão deu lugar a angústia, a mágoa e a perda...

Dói saber que um dia você amou alguém e hoje só te resta esse vazio no peito e a saudade dos dias de domingo em que pediam pizza e ficavam de pijamas o dia inteiro no aconchego um do outro.

Hoje os domingos são sempre frios e solitários, sua única companhia é a lembrança e a dor da perda dessa paixão que você mesmo matou com o tempo sem perceber.

Textos Retirados da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora