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Eu recebi esse e-mail dia 6 de junho de 2016, junto com todos os outros que foram citados, e meu mundo foi ao chão. Quase três anos namorando e eu fui incapaz de notar que, dessa vez, ela falava sério sobre suicídio.

Sakura era muito aberta comigo e desde que a conheci ela falava sobre esses temas como quem debate se prefere chocolate ao leite ou amargo (amargo, ela diria). Algumas vezes tomou remédios, mas como não eram os certos eles só a deixavam mal do estômago ou com sono. Algumas vezes cortou os pulsos mas nunca era fundo o suficiente porque achava que doía demais. Sempre dando a impressão de alguém que fala que vai se matar só para atrair atenção. Hoje sei que o problema dela era automutilação, sei que um dia ela conseguiu se cortar tão fundo quanto queria e realizar algo que matutava desde os 11 anos: suicídio.

"Não é morte se você já estiver morto por dentro, Sasuke." Ela sempre ria enquanto falava esses clichês... sempre ria.

Eu podia ter evitado isso, mas ignorei todos os sinais. Eu achava que dizer "eu te amo" a impediria de se odiar. Quanta ingenuidade! De que adiantou amá-la com todas as forças quando ela odiava cada fio do seu cabelo?

Eu quero contar a vocês o que aconteceu depois desse fatídico dia que, para sempre, mudou a minha vida. O dia que eu perdi o amor da minha vida.

Amanhã farão 15 anos que Sakura cometeu suicídio. Eu irei ao cemitério, levarei uma flor de cerejeira, incenso e lerei algum capítulo de livro, para o caso dela ainda existir. Vou cumprimentar o pai dela, sua mãe, sua irmã e sua esposa, a qual sempre vai ao cemitério mesmo que não tenha conhecido a maravilhosa pessoa que Sakura foi. Eles perguntarão da minha vida, da minha filha e do meu casamento que já dura 4 anos. Mas não falamos dela ainda. Dói demais assumir para si e para outros que nunca mais a veremos. Quinze anos depois e ainda quero que ela me ligue dizendo "ei, mané! Foi só uma piada, não chora".

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