1950

Poesia Inacabada

1950 é a história que mais demora para ter att e eu sei bem disso, podem me dar broncas, mas essa história é tão especial que as vezes é difícil prosseguir com ela, mas acho que eu sempre público um novo capítulo quando estou me sentindo muito bem e segura, sei que 2020 será um ano empolgante e cheio de descobertas, eu só desejo que seja lindo para todos nós! Obrigada pela caminhada de 2019, e que nessa nova etapa não apenas do ano, como também da história, podemos permanecer juntos. 🖤

Vênus passou a manhã inteira pulando nos armários em busca de novas aventuras, ou quem sabe, de brinquedos novos, mas o que minha gata não esperava encontrar era que em meio as brincadeiras dela, quando eu desse atenção que a bichana esperava, uma das caixas que estavam no alto do armário, acabaram chacoalhando, e antes de cair na cabeça da pequena curiosa, consegui segura-la em mãos.

Muitas vezes, ouvi pessoas comentarem sobre destino e a existência de um universo maior do que esse em que estamos vivendo, alguma das vezes não dei muita atenção, mas por adorar o mundo mágico que a escrita nos proporciona, sempre parei para ouvir um pouco mais sobre as histórias que insistem em dizer que todos estamos pré destinados. Acabei escrevendo um pouco disso nos livros que publiquei ao longo dos anos, mas conforme fui crescendo e aprendendo ainda mais sobre a vida da qual me era permitida, tornei-me ainda mais sensível a questões paradoxais. E esse momento não me era diferente. Vênus, meu animal de estimação e também o pequeno tesouro que carrego comigo para onde meus pés me levam, acabou por encontrar ou me fazer relembrar memórias de um passado não tão distante, e que por fatores externos insiste em se manter tão presente em meu peito.

A caixa da qual quase me foi dada em mãos, não passava de um baú de tesouros secretos, e nele encontrei cápsulas que me fizeram viajar no tempo.

Encontrei ali um pequeno percevejo dourado que era me tido como um objeto de um ente querido que não está mais em meu caminho, um dos homens bravos e inteligentes que encontrei pelas andanças do mundo, e que me ensinou tudo o que eu sei sobre os conflitos que caem por terra. Poderia ser um objeto bobo, mas para mim possui grande significa. Era com esses percevejos que ele pregava os papéis com anotações sobre todas as partes do mundo que estavam em guerra, e o que nós, meros escritores poderíamos fazer para contribuir uma mínima porcentagem com os mortais que tanto sofriam nas conflagrações.

Encontrei também flores murchas que me lembravam os amigos que tive, e pinturas bonitas e repletas de amor como as que Jeon me presenteava. E em meio ao relicário de emoções, acabo por me deparar com um compilado de cartas que chegaram em minhas mãos e por dias que me pareciam infinitos, foram acariciados. Bastou tocar o papel amarelado devido ao tempo que estava guardado, para que em minha mente um par de olhos negros e melancólicos fizesse morada permanente em minha memória. E por encontrar, mesmo que platonicamente os olhos tristonhos que tanto me fizeram sorrir, os meus se encontraram cheio de lágrimas, e não era ocasião de proibir que a vertente de sensações me invadisse até levar embora qualquer vestígio que me fizesse crer que eu houvesse seguido em frente, porque ali, perante a caligrafia do homem que eu tanto amei, não havia espaço para mentiras, e suas palavras sempre foram sinceras demais para que eu encobrisse o quanto aquele momento me custava.

Com os dedos trêmulos e a visão turva, abri a primeira carta, a primeira de muitas que me fizeram querer largar a vida que eu havia escolhido para mim, e me fazer tomar a decisão de ir morar nos braços daquele ser humano-casa. Porque era isso que Min Yoongi era. Lar.

Min Yoongi. A minha boca se encheu com o nome dele, e o doce mais amargo preencheu minha língua, mesmo que isso seja um contraposto, mas nada entre nós se alinhava as regras da semântica.

"Você foi embora assim que a música foi silenciada e o timbre de minha voz não se fez mais presente no palco. Você sabia, aquele era o momento dramático para despedidas. Um cantor dedicando a canção para a garota por quem está apaixonado, e vocalizando esse sentimento para o mundo. E então, a garota o olha com aqueles olhos que dizem muito, mesmo quando os lábios não entram de acordo com as palavras, e em uma despedida muda, ela se vai. Eu te vi abrir a porta do salão, no exato momento em que o último verso falava sobre um presente a ser vivido ao lado dos olhos que tanto se amam. Mas, os olhos verdes já pensavam no futuro, e eu não estava incluído nele. Arabella, não me atrevo a chama-la de querida, mesmo que em meu peito nada tenha mudado. Sua intenção era deixar apenas uma carta, mas eu corri atrás de você e vi em seu semblante a dor daquele momento, você não me disse nada e não era mais preciso, eu entendi tudo. Você está seguindo sua vida, uma escritora aventureira, amante da vida, não se prenderia muito tempo em uma cidade onde poucas coisas acontecem, e eu sei que o mundo inteiro está em chamas lá fora, mas eu lhe disse que eu correria no fogo por você. Não importa, seja feliz. Espero que você não tenha sonhado com meu sorriso, tanto quanto eu tenho pensado no teu. E não importa como eu me sentirei amanhã, tenho certeza que eu jamais conseguirei me esquecer do desastre que foi hoje."