Amargo Café & Doce Chuva

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Fluffy

THOMAS

Bem, eu não sei explicar como tudo isso acabou assim, desse jeito.

Eu, agora, estou nos braços de um certo norueguês, me aconchegando em seu peito quente enquanto estamos assistindo um filme aleatório na televisão. Óbvio, Zumbis Insanos do Inferno Pirata 3.

Estamos no sofá, com pelo menos uma dúzia de cobertores ao nosso redor, e xícaras de café quente e pipoca estão sobre a pequena mesa à nossa disposição.

A casa está quieta e silenciosa, e é por um bom motivo: Edd e Matt não estão, foram fazer compras, mas parece que vão se atrasar em razão da forte chuva que resolveu molhar Londres nesse momento.

Sim, está chovendo. É uma chuva um pouco violenta, considerando o barulho ensurdecedor causado pelas gotas de água atingindo o chão em alta velocidade. Os pingos colidindo na janela, batendo em seu vidro rapidamente, também contribuem para esse fator. 

Mas ouvir a chuva cair e pingar é, de certo modo, muito relaxante. 

Só a chuva consegue fazer esse som bom e agradável que me faz querer dormir por longos períodos sem me importar com mais nada. Às vezes, quando a insônia resolve me atormentar, coloco os meus fones de ouvido junto com um vídeo no YouTube de uma chuva fraca, simples; e assim eu consigo finalmente fechar meus olhos e me distanciar desse mundo confuso.

E o mundo, realmente, é muito confuso. Mais que isso, ele é louco, insano e complexo; não muito diferente de um certo alguém que conheço e, consequentemente, namoro.

Nunca imaginei que um dia eu estaria tomando café no colo desse maldito comunista, com seus braços  me puxando para mais perto de seu corpo quente enquanto assistimos um filme na sala, ao mesmo tempo em que uma chuva forte resolve esfriar o clima da cidade, nos despertando o desejo de deixar nossos corpos cada vez mais juntos e colados a fim de compartilhar e manter calor.

Não estou reclamando, não mesmo. É só que, pensando sobre isso, pensando sobre tudo o que passamos e vivemos, pensando em como acabamos juntos milagrosamente, começo a sentir um sentimento intenso, estranho e nada bom. E tenho meus motivos para sentir tal coisa.

Eu e Tord nos odiávamos muito no passado. Muito, muito mesmo.

Na verdade, ódio é uma palavra fraca comparada ao que realmente sentíamos um pelo outro.

A gente não podia ver a cara do outro sem querer brigar ou trocar insultos e palavrões. Era como se uma entidade superior ou um ser mágico travesso gostasse de ver dois seres humanos discutindo incansavelmente todos os dias. 

O mais engraçado disso tudo é que não sei o motivo de o odiar tanto na época. Não me lembro a razão exata, se é que já existiu uma.

Podia ser por conta de seu sotaque idiota, seu gosto compulsivo por revistas japonesas obscenas, seu corte de cabelo ridículo, seu senso de humor incomum, a exibição irritante de seu porte atlético ou suas piadas e flertes imbecis.

O que eu realmente não entendo é como eu passei a gostar dessas coisas depois de um tempo. Puta merda, o que aconteceu comigo? O que aconteceu com ele? O que aconteceu com a gente, afinal de contas?

Como acabamos assim? Como dois completos e extremos opostos acabaram se tornando um casal? 

Porra, o mundo é tão confuso.

Acho que a gente nunca se odiou de fato. Acredito que o ódio era apenas uma maneira de disfarçar a atração que sentíamos um pelo outro. Eu mesmo confesso isso.

TordTom Oneshots [Eddsworld]Onde histórias criam vida. Descubra agora