Só os mortos conhecem o fim da guerra; Parte II

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Aqueles olhos frios e metódicos pareciam nos analisar profundamente, como se encarassem nossa própria alma, nos abrindo por dentro, nos dilacerando e descobrindo os pertubadores segredos que fazíamos questão de esconder de tudo, esconder de todos, esconder do mundo.

Aqueles segredos e ambições que guardarmos dentro de nossas cabeças, num cofre a sete chaves, com trancas e fechaduras de ferro e aço, para que ninguém ousasse ver, nem ouvir, e nem saber.

No entanto, quando o seu olhar caiu sobre mim, quando seus olhos encararam os meus, eu soube.

Eu soube naquele momento que meu cofre estava em perigo.

Eu soube naquele momento que minhas defesas estavam comprometidas.

Eu soube, naquele momento, que estava sob o olhar do melhor detetive da Inglaterra.

E não tinha nada que eu pudesse fazer para impedir isso.

Eu não sabia que meus muros, minha fortaleza, minha muralha, que levei tanto tempo para erguer, que levei tanto tempo para construir, seriam destruídos por um simples piscar de suas pupilas gélidas, por um simples gesto inexpressivo.

Ele era um exército de um homem só.

E eu não sabia se aceitaria isso muito bem.

Não me dava muito bem com um exército, afinal.

Mas;

Como um instinto humano,

Coisas perigosas nos atraem ainda mais.

E algo me atraia naquela face audaciosa, naquela expressão meticulosa e invasiva.

Talvez agora eu estivesse disposto a lutar em mais uma guerra.

Uma guerra, no entanto,

contra Tord Holmes.

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- O detetive Holmes veio da Noruega resolver alguns casos que a polícia não consegue desvendar, isso não é incrível!? - Exclamava Matilda, conforme descrevia o então detetive particular. - Ele é uma lenda na Noruega. Sempre desvendou todos os casos que pegou, muito antes da polícia sequer começar a investigar! Já está começando a ficar famoso por aqui também. - Declarava em um tom sonhador, olhando para Tord como se estivesse na presença de um deus ou divindade celestial. Era até possível de se enxergar um leve rosa colorir suas bochechas, emoldurando seu rosto apaixonado.

Holmes mal acabara de chegar e já havia conquistado corações.

- Incrivel! A polícia o chamou até aqui? - Perguntou Edd, e eu agradeci internamente por ele fazer essa pergunta.

Tord ergueu uma sobrancelha e depois soltou um riso leve de deboche, logo voltando a usar seu semblante inexpressivo.

- Eu trabalho de forma independente, Edward. Não preciso que a polícia me chame para desvendar um caso que eles não conseguem resolver. Trabalho sozinho. - Disse, com um desprezo quase imperceptível em seu voz, colocando as mãos nos bolsos.

O ato poderia ter passado despercebido por qualquer um, mas não para mim.

Então, o famoso detetive particular não gostava de trabalhar com policiais.

Isso, ao meu ver, só dificultaria seu trabalho, mas para ele, parecia não fazer diferença.

Interessante.

- Mas a polícia vai te ajudar nas investigações, não vai? - Interferiu Matt, com curiosidade.

Ah, Matt. Se o seu objetivo era irritar Holmes, certamente você conseguiu.

TordTom Oneshots [Eddsworld]Onde histórias criam vida. Descubra agora