Os últimos dias foram maravilhosos, as festas de Natal e Réveillon foram as melhores da minha vida, moro no interior de São Paulo e minha cidade não é muito conhecido pois é muito recente, desdo dia que começaram a estabelecer que deixaríamos de ser um vilarejo e passar a ser realmente uma cidade. Moro em uma chácara nem pequena e nem muito grande, mas o tamanho ideal para que eu possa ser feliz. Perdi meus pais em um acidente de carro quando eu ainda era apenas um bebê e para ser bem sincero não tenho muitas lembrança deles, apenas uma foto dos mesmos me segurando no colo quando nasci. Meu avô morreu 4 anos após essa tragédia e foi muito doloroso para mim perder mais uma pessoa importante na minha vida. Mas minha vó me criou dando o triplo de atenção possível, nasci e cresci nessa chácara, hoje tenho 17 anos. Dona Tereza disse que sou uma pessoa muito especial, o não contato com a cidade grande deve ter, segundo ela "mantido a minha inocência". Agora era só eu curtir os últimos dias de férias antes que as aulas retornem.
— Ed!!! — ouvi minha vó me chamar da sala.
— Já estou indo vó. — Gritei correndo da nossa hortinha para dentro de casa, sempre fui bem rápido, na minha escola fazia parte da maratona de corrida.
— Meu filho, já disse para parar de correr aqui dentro. — Ela riu ao me ver entrar ainda correndo.
— Desculpa vó, mas achei que tinha que vir rápido. — abracei ela e lhe deu um beijo demorado na bochecha.
— Está na hora do jantar. — Ela se levantou lentamente da poltrona que antes era do meu avô. — E eu fiz lasanha.
— Eu amo lasanha. — falei com a boca cheia d'água, modéstia à parte minha vó mandava super bem na comida.
— Eu sei. — Ela riu e tossiu um pouco.
— Já tomou o seu remédio vó? — Falei olhando sério para ela.
— Já sim, é apenas cansaço. — ela sorriu pra mim. — Depois de comer irei dormir.
Sorrio e corro para o banheiro para tomar um banho, mas uma vez esquecendo que não devia correr pela casa. Depois disso visto uma roupa confortável e desço para jantar. A mesa estava pronta, eu amo muito dona Tereza. Ela tem 80 anos, cabelos bem branquinhos e presos em um coque, onde um dia esses fios brancos já foram loiros, olhos verdes e sem contar as rugas, ahhhhh as rugas... Eu amo ver seu rostinho frágil e doce. Desde que me lembro ela tinha essa aparência, envelhecia mas era coisa mínima, não mudou tanta coisa nesses 17 anos. Tiro a lasanha do forno e coloco sobre a mesa, começo a comer quando minha vozinha se senta.
— Filho, você lembra da sua tia? — Ele me falou calma.
— Sim, acho que sim. — Tomei um pouco do suco. — Faz mais de 10 anos que não a vemos. — Comentei.
— Sim, ela mandou uma carta dizendo estar morando aqui em São Paulo, mas na capital. — ela volta a comer.
— Legal, espero que um dia ela venha nos ver. — Sorrio mastigando aquele pedacinho de céu que vovó fez para nós.
— Eu achei que você iria ficar irritado. — Ele riu daquele jeito doce.
— Por quê? — Continuei comendo.
— No dia do acidente do seus pais foi ela que insistiu para que eles viessem para casa, mesmo sabendo da condição do carro. — Minha vó disse.
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Porque Tinha Que Ser Assim?!!!
FantasyEm um mundo relativamente difícil, o jovem Eduardo Campos se vê pressionado a novas mudanças. As portas de um novo mundo podem se abrir para ele, enquanto uma escuridão antiga cairá sobre suas ações. Segredos que sua família carrega a gerações pode...