Capítulo 14:

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No dia que o procurei na praça Fernando acabou nos vendo juntos e perguntou o que eu tinha ido falar com ele, menti ao dizer que fazia parte do plano onde eu ia seduzir ele para magoa-lo depois. No começo não parecia tão ridículo, mas quando pela primeira vez Eduardo me perdoou pelo que eu e meus amigos fizemos, me senti mal por tudo e mesmo depois de ter batido nele novamente naquela semana ele ainda me perdoou pela segunda vez.

Mas tudo realmente mudou quando ele foi a minha casa, quando vi ele admirando minha decoração, um carinho muito grande cresceu dentro de mim junto com a vontade de beija-lo. Me aproximei e aí sinto seus lábios ao meu, uma felicidade inexplicável toma conta do meu corpo, era como se tivesse finalmente encontrado o pedaço que faltava em mim. Mas meu medo de ser rejeitado por todos acabou ganhando novamente e o mandei embora. Naquela noite chorei muito por saber que eu estava apaixonado de verdade, mas era por outra cara!!!! Um HOMEM.

        Onde hoje percebo que ele era mais homem que qualquer cara que conheci, até mesmo mais que eu.

Mas não vai mudar nada dizer a verdade agora, a ferida que fiz nele não irá simplesmente desaparecer. Falta mais uma semana e meia para as ferias no acampamento acabar.

Alex sentou na minha frente depois de tirar o saquinho vazio do soro e ficou me olhando. Fernando ainda estava desacordado e Gabriel apagou de tanta dor.

O menino de cabelo negro caído sobre seu olhos direito me olhou. Ficou me olhando sem expressão alguma. Ele não estava feliz, nem triste e muito menos arrependido. Aquele olhar perdido e feição dura estava me encarando e juro ver uma lágrima escorrer sobre sua face.

- O que foi que você ganhou com tudo isso? - ele me olhou. - Valeu a pena me machucar? - não falei nada, apenas fiquei o olhando. - Não tem nada a dizer ou não se arrepende?

- Eu realmente planejei tudo isso contra você. - ele ainda estava indecifrável. - Sou culpado.

- Mas se arrepende? - ele não tirava os olhos do meu. - Você poderia ter fugido daqui se quisesse.

De dois em dois dias ele nos deixava livres na sala para ir no banheiro, mas usava o gás para nos apagar e nos prender novamente. Porém eu era o único que não estava preso de verdade, as cordas estavam sobre meu pulso mas não pressas.

- Não fugiu por quê? - ele apontou para minhas cordas soltas.

- Deveria? - Olhei para Gabriel e Fernando.

- Você se culpa mais que eles... por quê? - Ele riu. - Você prlanejou mas os execultores foram eles. - ele apontou para eles. - eles merecem sofrer mais, não acha?

- Eu não mandei que fizessem aquilo com você.

- Não!!?

- Não!!! Era para você se apaixonar por mim, eu te dar um fora e depois eles deixaria você um mês preso na casa de Fernando para perder muitas aulas e não poder recuperar as notas. - falei de uma vez.

- Bem, pelo jeito o rumo que tomou foi muito melhor. - Ele passa a mão no rosto. - por culpa de vocês eu descobri coisas da minha família que ninguém acreditaria se eu falasse. Mas agora que estou de volta, todos vão pagar pelo mal que me fizeram. - ele aperta minha bochecha com força. - E vocês seram parte de tudo isso.

Dito isso ele levantou e caminhou até a porta. Ao sair ouço a porta ser trancada pela primeira vez após muito tempo. Nunca tinha visto ele daquele jeito, seu olhar predatório, uma sede de sangue.

       Me perdoa, mas eu mereço tanto quanto eles, talvez um dia você possa me perdoar.

       No dia seguinte ele voltou com a mesma expressão enigmática, era como se a cada dia eu pudesse ver menos do Edu e mais do Alex.

Porque Tinha Que Ser Assim?!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora