𝐕𝐈𝐈.

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naruto's point of view

Passaram-se 3 meses. Passaram-se 3 meses depois... daquele dia. É assim que todos da equipe de resgate chamam: O dia.

Aparentemente algumas coisas mudaram, como a nova investigação da saída do Sasuke, a liderança pela busca ("Tsunade nunca esteve tão empenhada", me disse Kakashi) e a segurança com os portões da Vila redobraram ("Segurança nunca é demais", a própria Tsunade me disse).

Mas algumas coisas continuam a mesma: meu treinamento pesado para encontrar o Sasuke, a equipe de busca e nossa falha.

Todas as nossas missões. Todas as nossas pistas. Tudo é falho; tudo é... errado. Sempre tem algo faltando, sempre estamos tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe. Não tá certo.

Dessa vez, foram só eu e Neji. A gente se despede nos portões da Vila e andamos para caminhos diferentes. Ele, não sei, mas eu sei muito bem para qual caminho estou seguindo – para casa da Sakura.

Desde que Sasuke foi embora, ela não tem aparecido nos treinamentos, nem na praça de Konoha e nem em lugar algum. No começo, achamos que seria necessário dar um espaço pra ela, para que pudesse absorver tudo no seu tempo. Mas, agora, é agonizante vê-la sozinha. E o pior, ela escolheu estar sozinha.

Visito-a pelo menos uma vez ao dia e, mesmo assim, ela parece tão distante. 3 meses não foram o suficiente.

Quando chego, sei muito bem o que fazer – pegar a chave escondida no vaso da plantinha, abrir a porta e esconde-la novamente quando sei que não tem ninguém observando (na verdade, me pergunto, talvez seja hora dessa chave ser minha, considerando que só eu a use).

Os pais de Sakura não estão em casa, e seria um milagre se estivessem. Se não fosse pela notícia alarmante em toda Vila da saída de Sasuke, acho que não notariam a infelicidade contínua na filha.

Também sei o que fazer: procura-la no seu quarto, me sentar em alguma cadeira confortável e falar o tanto que ela quiser ouvir. Ora, eu tenho feito isso após toda missão. Felizmente ou não, isso virou rotina. Infelizmente ou não, é o único momento que tenho com a Sakura.

Ela está no quarto, deitada na cama. Dessa vez, ela nem se vira para confirmar se sou eu. Não faz nenhuma menção à missão e tenho curiosidade de verificar se está acordada, mas então ela fala.

— Naruto... você voltou cedo.

— Ah sim, é – coço meu cabelo como de costume, principalmente quando não sei o que fazer. Não sei o que dizer. – A missão foi... só... checagem. Sabe...

Ela não vira. Ela nem sequer olha pra trás. Penso em deixa-la ali; tenho certeza de que se eu só andasse pra trás, ela nem perceberia que fui embora. Quero tanto fazer isso, que me pergunto se não é mais por teimosia do que solidariedade.

Penso realmente em sair dali – daquele quarto, daquela tristeza – mas Sakura me chama pela segunda vez.

— Naruto. Preciso ir ao médico.

sakura's point of view

Não é fácil seguir em frente. Não é fácil dar o primeiro passo como está todo mundo esperando. Todos esperam que eu seja finalmente aquela garota de 3 meses atrás, mas, sinceramente, como?

Sim, eu queria. Eu queria voltar ao que era. Voltar à nossa vida antiga. Mas... como? Sasuke não está aqui, como as coisas poderiam voltar ao que eram?

O que me resta é ignorar os olhares de dó e tentar agir da minha maneira. Sei que não sou mais eu de novo; sei que estou diferente. Sei que mudei da água pro vinho porque... bem, tudo mudou da água pro vinho.

Eu só tenho que aprender a me acostumar. Essa é a chave. Me acostumar a tudo que tem acontecido e, principalmente, ao bebê.

Comecei a sentir enjôos no início desse mês, mas agora estamos no final dele e eu sei que tem algo aqui dentro de mim. É uma vida começando a ser gerada, com seus olhinhos, dedinhos e tal.

Eu... sinceramente... não sei. Parece tudo tão confuso agora; e com essa criança crescendo dentro de sim, parece que multiplicou.

Todos esperam que eu aja como se nada tivesse acontecido, e é isso que estou fazendo. Finjo que não existe, que não sei. Finjo que nem ligo. Mas a verdade... bem... é difícil ignorar uma vida dentro de você. É mais que difícil, é impossível. É um caos.

Tudo está um caos, pra ser sincera. Até enquanto eu me levanto pra ir ao hospital porque o chão e as paredes estão se movendo de novo parece um caos. Acho que são os hormônios, eu tento acreditar. Tento acreditar fielmente que não tem nada a ver comigo, e sim com o exterior. Que é a criança, e não eu.

Sendo assim, sou levada ao hospital e falo com a única pessoa que entende o que estou passando.

— 3 meses, Sakura. – ela diz com um sorriso, e eu entendo que não é por mal. Acho que todos estão tentando me animar no momento.

— É. 3 meses.

— Já sabe qual nome vai dar pra ela?

— Não sei nem o que farei amanhã de manhã. Não sei nada, Shizune.

Tento não ser grossa ao máximo que consigo. Tento não ofende-la porque sei que só está tentando me ajudar. Mas aí que está o problema: nem eu sei como me ajudar, como outro alguém saberia?!

— Tudo bem, Sakura... só... espero que você seja uma boa mãe pra sua criança.

"Como?", tenho vontade de perguntar. Tenho vontade de lhe pedir para que me entregue um guia completo e bem explicado de como ser mãe, e agir como uma, no meio de uma crise como essa. No meio de um ataque iminente de Orochimaru.

Mas ao invés disso, não digo nada porque Shizune sorri. Ela sorri e vem pra perto de mim para me dar um abraço. Não preciso mais perguntar nada; parece que ela já sabe a resposta.

— Uzumaki Naruto te espera lá fora.

悲しみ「𝐒𝐀𝐒𝐔𝐒𝐀𝐊𝐔」Onde histórias criam vida. Descubra agora