the dream we met • woosan

two; back together.

☁️💫☁️

Naquela noite, Wooyoung não apareceu no sonho.

Por mais que eu gritasse e pedisse que pelos céus, eu queria vê-lo e tentar consertar as coisas, contar do meu dia e ouvi-lo rindo, nada adiantava. Pela primeira noite em dois anos eu dormi sem seu toque, sem o som doce da sua voz chamando pelo meu nome.

No espelho, pela manhã, tirei o pijama e observei as marcas roxas que estavam carimbadas por todo o meu tronco, uma mais dolorida que a outra. Minha pele muito branca contrastava com as manchas, e meu corpo magro não fazia nada daquilo parecer mais bonito. Senti uma imensa vontade de chorar, me odiei em cada segundo que fiquei parado olhando minha própria imagem refletida.

Porque eu não podia ser normal?

Eu queria ter uma família normal. Ter minha mãe de volta e fazer tudo diferente, salvar ela das garras do monstro que apenas por laços sanguíneos eu tenho que chamar se pai, dia após dia. Meu maior desejo é ser alguém bom de verdade, ser alguém que não essa casca cheia de mágoas e rancor, que não aguenta nem se olhar no espelho.

Queria ter amigos.

O único que eu tinha, o único que cuidava de mim de verdade, eu fiz fugir por medo de ser visto da mesma forma que me vejo. E eu não aguento ser odiado por ele, não quero que ele sinta o mesmo que eu quando tenho que me olhar no espelho de manhã.

Não tinha mais forças. Me vi sem saída alguma e o desespero tomou conta de mim.

Pra quê aquilo tudo, afinal? Eu não tinha um futuro, nem ninguém que se importasse comigo, então, qual a razão?

Senti saudades da minha mãe, dos seus abraços e dos seus sorrisos quando ela dizia que sentia orgulho de mim, mesmo quando eu não fazia nada de extraordinário para ser digno de qualquer coisa boa que viesse dela.
Ela era a mulher mais bonita do mundo. Um anjo que caiu nas garras de um demônio, um anjo maltratado e tão sem esperanças quanto o momento em que eu me encontrava, e nem seu amor por mim foi o suficiente pra fazê-la ficar.

Eu queria a mesma coisa.

Queria reencontrar ela. Pedir desculpas por tudo de errado e ruim que meu pai fez para nós dois. Pedir desculpas por não ser tão incrível como ela fora um dia e abraça-la depois de tanto tempo. Amar e me sentir amado.

E com pensamentos demais na cabeça, e sensações tão ruins no coração, eu decidi não ir para a escola. Matei aula para pensar um pouco. Fiquei em um parque, um tanto afastado de onde eu morava.

Estava frio, não tinham crianças nos balanços e nada que me distraísse das sombras que absorviam cada pensamento meu.

Então, sem ter controle sobre nada, minha mente vagou para um lugar diferente.

O garoto que me defendeu.

Quem era ele? Eu sentia que o conhecia, mas é praticamente impossível, já que eu não conheço muitas pessoas...

Na hora em que o vi, tive certeza de que era Wooyoung. Mas depois, pensando com cuidado, não fez sentido que fosse ele.

Quando cheguei em casa, no horário em que voltaria se tivesse ido pra escola, meu pai me esperava sentado no sofá.

— Onde estava? — falou. A voz me causando calafrios por saber oque me aguardava.

— Na escola. — menti, sabia que não importava oque dissesse.

— Não minta pra mim, moleque. Onde você estava?

Ele se levantou, e eu dei um passo pra trás, sentindo meu corpo começar a tremer.