three; i do know you

455 76 42
                                    

💫☁️💫

- Mãe... Você acha que o Wooyoung vai gostar de mim? - perguntei, olhando para a foto emoldurada, exibindo minha mãe e um eu um pouco menor, que se mantinha de pé em minha escrivaninha dia após dia. - E-eu não tenho nada de bom para oferecer. Você sempre me dizia que é era a pessoa mais linda que você já viu, mas agora, com toda essa tristeza, eu já não sei se sou bonito como você achava. Eu gosto dele, mãe, gosto muito...

Como já esperado, nenhuma resposta apareceu, fazendo-me suspirar e fechar os olhos num sinal claro de que o cansaço emocional continuava ali presente. Andei até o banheiro, me forçando a olhar o reflexo maltratado que o espelho fazia questão de me mostrar.

As marcas ainda estavam ali, escuras, quase num tom esverdeado e feio, assim como tudo que havia em mim. Doíam, eram o lembrete insistente de que eu continuava vivo e continuava naquela situação quase degradante. Bom, vivo é exagero. Eu estava ainda ali, meu coração continuava batendo, mas dentro de mim não havia nada que valesse a pena.

Apertei os punhos, na tentativa se controlar a súbita vontade de chorar.

Aquilo só iria piorar, e eu sabia disso. Tudo isso, toda essa vida que o universo insistia em me fazer viver, só pioraria, como vinha fazendo ao longo desses anos.

Mais um dia me vesti com meu moletom escuro, escondendo meu rosto no capuz e me encolhendo em mim mesmo para passar pela sala, já com a mochila nas costas, evitando qualquer contato com meu pai. Quando já estava perto da porta, pronto para girar a maçaneta, escutei a voz que mais me assustava no mundo:

- Dessa vez não vai desviar o caminho, né? Se fizer isso, eu vou saber. - ameaçou.

Sem forças ou vontade de responder, saí de casa e fiz todo o caminho já conhecido até a escola, pensando em diversas coisas, nenhuma delas boa o suficiente para trazer o mínimo de felicidade em mim.

As aulas correram normalmente, como sempre. A pior parte era o intervalo, não se é permitido que estudantes fiquem nas salas durante o período curto destinado a alimentação, então sou obrigado a encontrar o lugar mais discreto possível e me camuflar ali até a hora de voltar para a sala de aula. Em algum momento, distraído com a música que tocava em meus fones, um garoto de cabelos pretos apareceu ali, perto do banco que eu estava, em um corredor menos movimentado atrás do refeitório.

- Posso me sentar com você? - perguntou, tímido.

Era bonito. Tinha os olhos brilhantes e a voz suave, quase familiar.

Vestia um moletom azul escuro, uma calça jeans apertada e um óculos preto enfeitava seu rosto bem delineado.

- Pode... - respondi baixinho, até meio acuado pela aproximação repentina.

Ele se sentou ao meu lado, e um silêncio desconfortável se instalou entre nós.

- Você... Sempre fica aqui?

Fiz que sim.

- Sozinho?

Engoli em seco, e assenti novamente.

- E... Você é de que ano?

- Estou no último. - respondi.

the dream we met • woosanOnde histórias criam vida. Descubra agora