Capítulo V

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JinYi foi para trabalho deixando NamHee com seus pensamentos e confusões. No final das contas, não tinha sido ruim deixar post-its por aí, ou era apenas uma bonança antes da bagunça se instaurar. Ela zanzou pela casa sem ter o que fazer, sua mãe a proibiu de sair do seu campo de visão e NamHee apenas procurou um novo filme para assistir enquanto a matriarca voltava para os bordados.

- NamHee, quer tentar se acalmar por favor? - HaeSoo disse com calma enquanto dava mais um nó com a linha azul.

- Não estou nervosa... - Mentiu dando play em um filme qualquer.

- Só não se esqueça que eu te conheço muito bem. - Cantarolou tirando os olhos do tecido claro para encarar a menina, que já tinha os olhos fixos sobre a mulher mais velha.

- Por que mães têm que ser mutantes? - Perguntou mais para o vento do que para sua companhia..

- Não somos mutantes, apenas vivemos tempo o suficiente com vocês para saber lê-los facilmente. - Voltou para seu bordado.

- Ainda acho que são mutantes. - A menina resmungou.

Um tempo correu, o bailarino Jung e a apresentação que chegava vagarosamente passou despercebida. Um chá foi feito e o filme chegou ao seu clímax, NamHee estava sentada ereta, com olhos fixos em tudo que discorria pela trama envolvente e sua mãe suspirava um pouco mais aliviada com tudo. Esperou os créditos subirem à tela e perguntou algo que a vinha rondando desde que tinha lido os convites e visto o nome da peça.

- NamHee, querida, qual a história da apresentação de hoje? - Colocou o pote de biscoitos sobre a mesa de centro antes de se sentar.

- A senhora não estava perto quando contei para a JinYi? - NamHee bebericou seu chá de limão.

- Não prestei atenção... sobre o que é? - A curiosidade estava estampada nos olhos pequenos da mulher e aquilo divertiu a menina.

- Cada diretor faz a sua própria maneira, mas é uma tragédia baseada no conto grego de Ícaro. - Respirou mastigando um biscoito. - Ele faz asas de cera para escapar do labirinto que havia construído junto com seu pai para prender um monstro, mas voa muito próximo ao sol e acaba morrendo por cair no mar. Com o calor, a cera derreteu.

- Mas por que sempre têm que dançar tragédias? - A curiosidade deu lugar à indignação. - Nunca tem um final feliz?

- Geralmente não, mas há muitas variações de Icarus, e é apenas baseada na lenda, sempre muda algo. - A menina deu de ombros e procurou o telefone quando o escutou vibrar.

Era JinYi dizendo que ela deveria ir para o banho, porque já estava a caminho para ser sua estilista pessoal. NamHee foi resmungando para o chuveiro com sua mãe rindo e desejando boa sorte. A menina molhou os fios tentando acalmar os nervos, mas não era tarefa fácil. Pensar que seu bailarino tinha se preocupado com ela, mesmo que só um pouquinho, a deixava agitada ainda que se repreendesse por parecer uma criança ao ganhar doces.

Saiu enrolada na toalha e sua porta foi escancarada por uma JinYi mais agitada que o normal, jogando sacolas e bolsa para todos os lados. NamHee ficou parada olhando todo o furacão acontecendo sob seus olhos apenas segurando sua toalha, gradativamente sentou sobre o puff que estava mais próximo, vendo sua cama virar um stand com maquiagens e vestidos que ela nem sequer sabia distinguir.

- Jin, que baderna é essa? - Perguntou devagar e arrastado, ainda bem assustada com tudo.

- É hoje que esse Icarus cai aos seus pés! - A garota endireitou a coluna, jogou o cabelo e sorriu maquiavelicamente para a amiga.

- Você não pensa que vai conseguir fazer o que bem entender comigo só porque é um convite de Jung JeongMin, né? - A recepcionista tirou o turbante de toalha da cabeça e deixou os fios um pouco húmidos deslizarem até um pouco abaixo de seus ombros.

P.S. Plié HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora