Naquela tarde, Jeongmin dançou toda a coreografia e gostou do que fez, tinha um sorriso nos seus lábios fartos e parecia que não os deixaria por um bom tempo. Olhou para a sala sem espelhos uma última vez antes de apagar as luzes. Caminhou pelo corredor escuro e estranhou aquele fato, já que a recepcionista sempre o esperava para apagar tudo e trancar as portas.
- Acho que eu preciso dar uma folga para NamHee-ssi! - Riu sozinho sentindo que dava muito trabalho a pequena menina.
Quando saiu na recepção, a viu vazia e na porta o zelador o esperava. Franziu o cenho e maneou a cabeça, NamHee não estava mesmo na recepção. Sentiu falta de seu sorriso, mesmo que ele tivesse percebido que ela estava um pouco mais pálida aquela manhã, mas pensou que a veria quando deixasse a companhia.
- Senhor Lee, a senhorita Min foi para casa mais cedo? - Inquiriu ao senhor já na faixa dos cinquenta anos.
- Ela saiu logo após o almoço apoiada por uma outra mocinha, uma que aparece aqui vez ou outra. Fiquei preocupado, ela parecia bem abatida. - Respondeu com pesar. - Ela sempre ajuda a senhora Choi com os vidros desse andar, mas hoje não conseguiu sair muito do lugar durante a manhã, de acordo com senhora Choi.
- Mesmo? Eu a vi saindo de um restaurante durante a hora do almoço, ela escorregou... Será que se machucou e não quis me contar? - Disse ultrapassando as portas de vidro para que elas pudessem ser trancadas.
- Não sei, menino. Mas espero que ela esteja bem, é uma boa moça. - O senhor sorriu antes de tomar seu rumo.
Jeongmin se perguntou o que poderia fazer, não era tão próximo da recepcionista, mas queria ajudar de alguma forma. Começou a caminhar para casa, trabalhando em sua menta até que seus neurônios superaquecerem e ele bufar frustrado, sem ter ideia do que fazer. Focou os olhos nas pessoas e na paisagem ao seu redor como fizera naquela tarde, tinham todos os tipos de pessoas, das mais novas até as mais velhas. De artistas de rua a workaholics correndo pelas calçadas, Jeongmin se identificou ali nos loucos por trabalho e balançou a cabeça querendo pensar em coisas boas.
Puxou o celular do bolso, talvez algum de seus amigos soubessem o que fazer. Junto com o seu celular o bilhete um pouco amassado de P.S. Plié saiu, e ele pensou que aquilo poderia ajudar. Escreveria um bilhete gentil, assinaria e colaria na bancada da recepcionista.
- Dan-hyung, que tipo de guloseima podemos dar a alguém que se machucou? - Perguntou pelo telefone.
- Que tipo de pergunta aleatória foi essa? - Jeong sorriu com a confusão do amigo.
- A recepcionista se machucou hoje, ela está sempre sorrindo tentando nos animar, pensei em ajudar. - Ele titubeou nas palavras.
- Quem se machucou?! Dá pra você vir pra casa explicar isso direito? - O bailarino escutou vozes ao fundo e o tilintar do que pensou serem copos.
- Estou indo, hyung... - resmungou pensando em quais desculpas daria para que os amigos não caçoassem tanto de si.
Encaixou o celular no bolso apertado da calça jeans, bagunçou os fios negros e voltou a caminhar, agora seus olhos estavam apenas no concreto do chão. A brisa gélida não parecia incomodá-lo, e como fantasma passava por entre as pessoas, preso em si mesmo. Perguntava se por sua culpa a recepcionista tinha se machucado, mas a tinha salvo, certo?
Era certo quanto a isso, mas a curiosidade o consumia aos poucos. Se alguém vinha tentando fazê-lo sorrir, ele poderia passar isso pra frente e ter mais pessoas sorrindo no seu ambiente de trabalho que por muitas vezes era envolto por nuvens tempestivas. Se não houvesse prazer nas danças não levaria emoção ao público, e dançar era pra fazer as pessoas sentirem, sentirem o que cada peça poderia transmitir.
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P.S. Plié HIATUS
RomansaTalvez tudo o que aquele bailarino precisava era um post-it violeta com aquela assinatura. "Querido bailarino Jung, está difícil? Eu sei que está se esforçando ao máximo que pode, estou torcendo por você, mas, descanse um pouco seu corpo precisa de...