Capítulo IV

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Naquela tarde, Jeongmin dançou toda a coreografia e gostou do que fez, tinha um sorriso nos seus lábios fartos e parecia que não os deixaria por um bom tempo. Olhou para a sala sem espelhos uma última vez antes de apagar as luzes. Caminhou pelo corredor escuro e estranhou aquele fato, já que a recepcionista sempre o esperava para apagar tudo e trancar as portas.

- Acho que eu preciso dar uma folga para NamHee-ssi! - Riu sozinho sentindo que dava muito trabalho a pequena menina.

Quando saiu na recepção, a viu vazia e na porta o zelador o esperava. Franziu o cenho e maneou a cabeça, NamHee não estava mesmo na recepção. Sentiu falta de seu sorriso, mesmo que ele tivesse percebido que ela estava um pouco mais pálida aquela manhã, mas pensou que a veria quando deixasse a companhia.

- Senhor Lee, a senhorita Min foi para casa mais cedo? - Inquiriu ao senhor já na faixa dos cinquenta anos.

- Ela saiu logo após o almoço apoiada por uma outra mocinha, uma que aparece aqui vez ou outra. Fiquei preocupado, ela parecia bem abatida. - Respondeu com pesar. - Ela sempre ajuda a senhora Choi com os vidros desse andar, mas hoje não conseguiu sair muito do lugar durante a manhã, de acordo com senhora Choi.

- Mesmo? Eu a vi saindo de um restaurante durante a hora do almoço, ela escorregou... Será que se machucou e não quis me contar? - Disse ultrapassando as portas de vidro para que elas pudessem ser trancadas.

- Não sei, menino. Mas espero que ela esteja bem, é uma boa moça. - O senhor sorriu antes de tomar seu rumo.

Jeongmin se perguntou o que poderia fazer, não era tão próximo da recepcionista, mas queria ajudar de alguma forma. Começou a caminhar para casa, trabalhando em sua menta até que seus neurônios superaquecerem e ele bufar frustrado, sem ter ideia do que fazer. Focou os olhos nas pessoas e na paisagem ao seu redor como fizera naquela tarde, tinham todos os tipos de pessoas, das mais novas até as mais velhas. De artistas de rua a workaholics correndo pelas calçadas, Jeongmin se identificou ali nos loucos por trabalho e balançou a cabeça querendo pensar em coisas boas.

Puxou o celular do bolso, talvez algum de seus amigos soubessem o que fazer. Junto com o seu celular o bilhete um pouco amassado de P.S. Plié saiu, e ele pensou que aquilo poderia ajudar. Escreveria um bilhete gentil, assinaria e colaria na bancada da recepcionista.

- Dan-hyung, que tipo de guloseima podemos dar a alguém que se machucou? - Perguntou pelo telefone.

- Que tipo de pergunta aleatória foi essa? - Jeong sorriu com a confusão do amigo.

- A recepcionista se machucou hoje, ela está sempre sorrindo tentando nos animar, pensei em ajudar. - Ele titubeou nas palavras.

- Quem se machucou?! Dá pra você vir pra casa explicar isso direito? - O bailarino escutou vozes ao fundo e o tilintar do que pensou serem copos.

- Estou indo, hyung... - resmungou pensando em quais desculpas daria para que os amigos não caçoassem tanto de si.

Encaixou o celular no bolso apertado da calça jeans, bagunçou os fios negros e voltou a caminhar, agora seus olhos estavam apenas no concreto do chão. A brisa gélida não parecia incomodá-lo, e como fantasma passava por entre as pessoas, preso em si mesmo. Perguntava se por sua culpa a recepcionista tinha se machucado, mas a tinha salvo, certo?

Era certo quanto a isso, mas a curiosidade o consumia aos poucos. Se alguém vinha tentando fazê-lo sorrir, ele poderia passar isso pra frente e ter mais pessoas sorrindo no seu ambiente de trabalho que por muitas vezes era envolto por nuvens tempestivas. Se não houvesse prazer nas danças não levaria emoção ao público, e dançar era pra fazer as pessoas sentirem, sentirem o que cada peça poderia transmitir.

P.S. Plié HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora