Capítulo III

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NamHee queria uma desculpa para faltar ao trabalho naquela manhã, passara o restante da noite em claro sem conseguir voltar a dormir depois do pesadelo. Esfregou os olhos pela milésima vez antes de levantar e o relógio já marcava as seis e meia da manhã, não se preocupou com muito arrumação, seu cabelo estava até um pouco embaraçado e ela deu tapinhas nas bochechas.

— Sorria Min NamHee, você tem que ser alegria para os bailarinos! — O sorriso não durou mais que dois segundos e se fechou.

Caminhou devagar, parecia que seus joelhos cederiam e ela viria ao chão pelo mínimo esforço, como acontecia no começo da sua adolescência. Anotou em sua mente que deveria trabalhar sentada e não se aventurar demais nas coisas que não lhe cabiam, como cuidar dos vidros que davam visão para as salas, mesmo que gostasse de o fazer para a senhora de idade avançada que cuidava de toda a limpeza daquele andar da companhia.

Destrancou as portas de vidro e colocou os bebedouros e a campainha para funcionar, limpou a bancada e deu água a sua plantinha, sentou-se esperando que os primeiros bailarinos chegassem e sabia que provavelmente seria Jeongmin e Hodong. Aquele nome ressoando em sua mente lhe fez escrever em um post-it que dizia que o dia deveria ser brilhante apesar de tudo. Tudo bem se ela não conseguisse sorrir apropriadamente naquele dia, contudo, a apresentação de Jung estava as portas e ele precisava sorrir.

Ela se martirizou por ter acabado de quebrar as promessas que tinha feito a si mesma, de permanecer sentada e de nunca mais escrever para o bailarino moreno e forte. Colou o post-it na mesinha de som e se arrastou para sua bancada novamente. Mal se sentou e uma bailarina entrou e a cumprimentou acenando com a mão livre enquanto falava ao telefone, e depois disso um após o outro foi chegando e a recepcionista nem notou quando a dupla Lee e Jung passaram conversando, mas Jung notou que a recepcionista estava diferente.

NamHee mexeu com as papeladas que tinham sobrado, revisou contratos e arquivos, e passou o restante do tempo até o almoço com o queixo apoiado nos antebraços, quem quisesse vê-la teria que se apoiar na bancada alta. Mal o relógio marcou meio dia, ela ligou para a jornalista mais descolada de Seul.

— JinYi, almoça comigo? — Não forçou uma voz feliz, o seu cansaço estava todo estampado ali.

— O que aconteceu? — Perguntou enquanto caminhava saindo de mais uma pesquisa para uma manchete de escândalo. — Eu não planejava almoçar agora, mas estou indo te buscar. Seu bailarino te fez algo? Eu mato...

— Já disse que ele não é meu. — Sua voz continuou arrastada e nem mesmo conseguiu ficar brava com a amiga. — Ele não fez nada, eu só não dormi direito.

— Vou te dar um desconto hoje só porque não está divertido te provocar. — Fez uma voz manhosa e NamHee tinha certeza que tinha um bico nos lábios finos da jornalista.

— Agradeço. — Ela puxou uma mecha de seu cabelo e procurou por pontas duplas. — Estou te esperando, não demore muito.

Deixou o celular sobre a mesa e procurou com os olhos, vagarosamente, a sua bolsa que estava no canto do armário de arquivos. Levantou devagar e as pernas falharam e a menina caiu sentada no mesmo lugar.

— Não é hora para vocês falharem, vamos funcionem... — Murmurou para suas pernas cobertas pelo jeans, como se fossem algo fora de seu corpo que pudesse atendê-la. — O que custa?

Custava muita força dela mesma, NamHee sabia que se colocasse força nas pernas seria capaz de levantar contudo, ficou ali esperando que sua salva vidas, Hong JinYi, chegasse e fosse sua força. Colocou um bico nos lábios e se recostou vendo o movimento de troca de turnos, e como sempre Jung não saiu. Ela sabia que provavelmente o bailarino fecharia a academia, seria o último a sair.

P.S. Plié HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora