Qween's House - 1° Volume.

Capítulo 10 - Surpresa.

       Essa é a bala decisiva, a vida da minha Rein depende dela, não posso hesitar nem um minuto, cada segundo é um a menos no efeito da paralisia, preciso…conseguir.

       Minha respiração está normal, batimento cardíaco leve, o que sinto agora é satisfação, por estar prestes a matar um demônio de uma das classes mais altas, lá na minha dimensão, tentamos, mas as vezes falhamos em proteger alguns dos nossos, como naquele dia…

Memórias antigas:

       Em um dos grandes ataques dos demônios sobre o nosso clã, nós, os grandes Qween's decidimos lutar para reconquistar nosso território roubado, lutamos bravamente, um campo com grama, uma área totalmente aberta, sem proteção, apenas por alguns homens da defesa, tínhamos a vantagem em nossas mãos, a guerra estava quase ganha, mas, perdemos…não, meu pai perdeu a pessoa mais valiosa para ele, minha mãe, ele viu ela sendo morta, mas não pode fazer nada, a vingança foi logo depois, mas não trouxe ela de volta, como últimas palavras, disse sobre o orgulho que tinha dele, arrasado, chorou por dias, depois, ressurgindo das cinzas como uma fênix, retomou o posto de guerreiro mais forte, a custa de seus sentimentos.

- Demônios desprezíveis!

       A bala de zeus já estava pronta, o demônio, ainda de joelhos, continuava parado, observando Rein nos olhos dela, ela parecia estar ganhando algum tempo, para ele continuar imóvel, sorrio, e aperto o gatilho, mas…aquilo era estranho, não sei ao certo, ou impressão minha, acho que é ilusão minha, sim, aquilo nunca que poderia ser verdade, devo estar sonhando…após aquele tiro, a cena que segue faz meu coração desolar por inteiro, quebrar de todas as formas possíveis...

- E-ele desviou da bala…não pode ser…ele desviou, por que? Por que?!

       Havia mirado na cabeça com a maior precisão que existe, ele mesmo deveria estar parado, mas conseguiu desviar da bala como se ela não fosse nada. Após aquilo, a cena que se sucede deixa meus olhos em lágrimas, chocado, uma cachoeira desce pelos meus globos oculares, sem parar…

- Rein está...morta?

       O demônio, logo após se desviar da bala, usa uma velocidade quase que instantânea, atravessando sua espada pela barriga da Rein, e…a matando. Agora, neste exato momento, segundos depois daquilo, estou sentado, agora sei exatamente como meu pai se sentiu naquele momento, a tristeza, a raiva por ter errado um golpe, a angústia por não poder proteger aquela a quem ama, e a fúria, lembro como se fosse ontem, de olhando para o ser que matou minha mãe, com a espada em mãos, ele conjurou uma magia jamais usada antes, aniquilando aquele demônio em passo de segundos, mas, não espero receber o mesmo poder, apenas desejo trazer ela de volta, e se não posso, farei aquele desgraçado ir para o inferno por toda a eternidade, a começar por seu sofrimento.

       Em pé, observo a minha Rein, caída no chão, o sangue escorrendo pelo seu corpo, ainda tinha sinais de vida, então não de total velocidade que podia ter, e em segundos apareço ao seu lado, segurando sua mão, deixando a cabeça dela reclinada em meu colo, estava quase no fim…

- Desculpa...

       Mal conseguia falar uma palavra sem chorar, para que não sofresse ataque por alguns minutos, uso um dispositivo de barreira, que protege de qualquer coisa por um tempo bem limitado. Mas aquilo não estava certo, minha mente estava em um turbilhão de pensamentos como esse, não pode ser verdade, deve ser uma ilusão...Só pode ser...

- Ei...não chora…Só...saiba que eu te amo… - Rein dá um pequeno sorriso, antes de dar o último suspiro. - Tchau...até...Depois.

       Continuava repetindo as mesmas coisas, não pode estar certo, só pode ser um sonho, mas não era um sonho, era a realidade, aquilo era real, o sangue era real, seu corpo morto era real, minha raiva era a mais real de todas. A barreira pouco a pouco desaparece, o demônio está lá, parado, olhando, sorrindo, mostrando seus dentes perfeitos. Levanto-me um pouco, deixando ela no chão, mas criando um cobertor e cobrindo o corpo dela, deixando as lágrimas cessarem poucos segundos depois.

- Seja forte…

       Uma aura ao redor do meu corpo aumenta subitamente. Existia uma forma de liberar subitamente os poderes de uma pessoa através da raiva intensa, essa pessoa era tida como quase um demônio, um espírito vingador a possuía, claro, depois, ele mesmo era dissipado, as vezes poderia ficar na pessoa, mas era raro disso acontecer, esse espírito, na maioria das vezes, seguia uma ordem de gerações, primeiro foi meu pai, depois…

- Prepare para voltar ao inferno…totalmente destruído, não sairás de lá por toda a eternidade…

       Ao dizer isso, a barreira se dispersa, meus olhos estão no formato perfeito de uma serpente, podendo distinguir o ambiente perfeitamente, distância da minha atual presa, tamanho, velocidade e calor, estava marcando sua posição, se deixar de olhar para minha Rein…ainda morta.