O sol da manhã invade a janela de nosso quarto e me acorda. Olho para o lado e você me espera com um sorriso estampado no rosto.
- Bom dia, amor.
- Bom dia, meu bem.- digo sorrindo.
Te dou um beijo suave e me levanto. Me dirijo até a cozinha e preparo nosso café. Você me abraça por trás e diz que me ama, me viro para te abraçar de volta. Tomamos nosso café olhando a cidade pela janela enquanto conversamos.
- Você já parou para pensar no que ninguém está fazendo agora? - você me pergunta.
- Não sei... - penso bebericando meu café - o que você acha?
- Talvez ninguém esteja visitando Marte nesse momento.
Rimos. Talvez seja verdade, provavelmente ninguém esteja de passagem por lá agora, visitando os amigos aliens. Afinal, eles existem ou não? Tá aí uma pergunta que você provavelmente tem a resposta. Você sempre tem uma resposta pra tudo.
- Parece que alguém está atrasado. - você me tira do meu mundinho me trazendo de volta ao nosso apartamento que, se formos reparar, é bem pequeno e abafado, mas é aconchegante.
Olho o relógio, realmente estou atrasado. Coloco minha xícara na pia e corro para o banheiro. Tomo um banho rápido e me arrumo as pressas. Passo por você que ainda está tomando seu café na cozinha enquanto reflete sobre a imagem da cidade e volto pra te dar um beijo de despedida, teria me demorado um pouco mais nesse beijo se eu soubesse.
Enfim chego ao trabalho, estaciono o carro no mesmo local de sempre, como se aquela vaga fosse exclusivamente minha, como se ela esperasse por mim todos os dias. Entro na empresa e cumprimento Michel, o porteiro. Subo o elevador até o andar da minha sala, ao chegar me sento em minha cadeira que está gelada devido ao ar-condicionado. Ligo meu computador e me acomodo enquanto preencho formulários. O tempo passa rápido quando fazemos algo do qual gostamos. Termino de preencher tudo antes mesmo que eu perceba. Meu turno acaba e então desço novamente o elevador. Michael já foi embora e quem o substitui agora é Goldie, que parece ignorar todos que passam. Entro em meu carro e dirijo em sua direção, finalmente poderei te tocar e ouvir você contar sobre seu dia, ouvir você reclamar dos pequenos problemas que você transforma em tempestade.
Chego em casa e abro a porta. Contudo, algo está diferente, alguma coisa mudou.
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Suplício
Teen FictionDeimos Cipriano precisa lidar com a perda de alguém importante, mas a maior dor que ele tem de enfrentar é a de ter perdido a si mesmo. A torturante tarefa de lutar contra a dor, solidão e abandono podem destruir as mais belas almas.