2018

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Hoje é domingo. Levanto-me e percebo já é tarde, você ainda está deitado ao meu lado, em um profundo sono. Me pego admirando as linhas de teu rosto. Penso se devo preparar o café ou o almoço, acabo optando pelo café. Você logo aparece em nossa cozinha que tem cheiro de baunilha no ar e deposita um beijo em meu rosto. Sorrio e sirvo nossa refeição, você agradece e comemos lado a lado. Te olho aguardando suas famosas dúvidas ao acordar, contudo você permanece em silêncio. Você não tem falado muito desde o ocorrido de terça, aquilo parece ter realmente te mudado. Levanto-me e ando em direção ao quarto, você parece não notar.
Sento em nossa cama e me deixo ser levado pelo estranho mundo dos pensamentos. Troco de roupa para fazer compras. Passo por você e me assusto quando ouço tua voz me chamar. Sem nem sequer me olhar, você da uma breve risada.

- Querido, você vestiu sua camisa pelo avesso.

- Ah, claro – dou uma risada – obrigada, amor.

Arrumo minha camisa e enfim saio, sem nem perceber, esquecemos de nos despedir. Talvez tenhamos pensado não ser necessário. Tolos. Volto após uma hora, trouxe chocolates para você. Ao entrar em casa sinto meus ossos doerem, me falta o ar e a sensação de afogar invade meu peito. Chamo pelo teu nome, mas não ouço resposta alguma, sinto medo. Até que você aparece para me resgatar, como você sempre faz. Você sempre aparece e estende tua mão para me reerguer quando eu caio.

- O que aconteceu? Você está bem? – você me pergunta com um ar de preocupado.

- Não é nada, não se preocupe. – acontece que eu estava com medo, algo tinha acontecido, algo estava diferente.

Você guarda as compras enquanto eu tomo um remédio que você meu deu. Percebo que você me olha assustado, mas finjo não ver. Me despeço e vou me deitar. Estou sem sono, então apenas pondero sobre o ocorrido enquanto meu olhar se perde em nosso teto. Até que algo me tira de meu transe, um som estridente vindo de nossa sala, ouço um grito seu, seguido de um silêncio ensurdecedor.

SuplícioOnde histórias criam vida. Descubra agora