Prólogo

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By: Miss Cupcake. Agredecimentos as revisoras Mel e Cookie.

Há muito tempo, quando o Sol e a Lua reinavam e as pessoas eram apenas medíocres seres que viviam lutando contra os outros animais, uma ambiciosa mulher queria o comando de seu grupo de nômades, pois acreditava que, no comando, poderia tornar a raça humana dominante.

Ela andou milhares e milhares de quilômetros, falando com os animais, procurando ajuda de alguns. Seu plano era enganá-los dizendo que teriam benefícios, mas como sabemos, os animais, bem mais inteligentes que os humanos, logo perceberam sua ideia e negaram ajuda.

Um dia, logo após uma longa viagem, ela e o resto dos nômades pararam para descansar perto de um longo rio, num lugar que conheceriam, a milhares de anos depois, como Floresta Amazônica. Sua barriga já estava grande. Como seria seu filho? Olhou para a tribo, questionando-se da paternidade - não ligavam para quem era o pai, ou a mãe, não existia esse negócio de amor... as relações tinham como único objetivo a reprodução. A maioria da tribo tinha as mesmas características: cabelos negros levemente ondulados, e olhos castanhos. A pele não tinha uma cor "fixa". Algumas outras pessoas, resultados de relações com outros nômades, tinham cabelos ruivos e olhos claros. Um outro tinha os olhos levemente puxados. Ela queria que seu filho nascesse assim, diferente, pois achava isso incrível, mas quanto mais a pessoa era diferente, mais era discriminada.

Uma longa cobra de cor azulada se aproximou e os observou.

A mulher, que se chamava Cawanpa, logo avistou-a e foi falar com ela, que pediu para segui-la.

Cawanpa foi levada a uma longa caverna escura. Gotas pingavam do teto e o frio era enorme. Logo após um longo trajeto cheio de curvas e desvios, desceu por um buraco e chegou a um lindo lugar.

Era diferente de tudo o que já havia visto. Cada árvore tinha folhas de cores diferentes, e seus frutos tinham um cheiro muito bom, além da apetitosa aparência - a maioria tinha a forma aproximada a uma banana gorducha, só que roxas e pequenas.

Os únicos animais que viu foram insetos, parecidos com os normais, pássaros - todos eles eram brancos com longas caudas amarelas, embora variassem na forma-, e cobras. Eram todas enormes, azuis e tinham olhos avermelhados. Em seus rabos tinha uma notável "pinça" vermelha.

Um longo rio com águas cristalinas atravessava o lugar subterrâneo, que inexplicavelmente era claro.

Ansiosa, a mulher voltou e levou seu grupo de nômades ao novo lugar, porém foi barrada pelas cobras.

"Vejo a ansiedade em teu coração

Vejo em tua mente a ambição

Mas, ao entrar, não esqueça a maldição

Quem tentar sair, morrerá - avisados estão"

Disse uma das cobras.

-Eu terei que sair, sou a líder desse grupo - disse, mesmo não sendo verdade - Permita a minha saída e a de meus descendentes, para sempre líderes, se não contarei ao mundo sua existência, que sei que é desconhecida por todos.

A cobra refletiu e tornou a falar:

"Tu poderás sair

Se nosso segredo guardar

Mas nunca tentes fugir

Nem nos enganar"

Dito isso, saiu rastejando silenciosamente pela mata, enquanto os nômades comemoravam a descoberta.

-Temos que agradecer Cawanpa - um deles falou - Ela que nos mostrou este lugar!

-Se quiserem, podem me chamar de imperatriz Cawanpa - ela disse, sem saber o efeito que essa palavra causaria no novo local.

-Viva a imperatriz Cawanpa! - todos gritaram.

Cawanpa tocou em sua barriga, grande por causa da gravidez. Ela queria o poder - mas também queria um lugar seguro para seu filho.

Como já era tarde, comeram e foram dormir.

Semanas se passaram até decidirem viajar novamente. Cawanpa, sabendo que era impossível saírem, fez de tudo para adiar a viagem, mas o dia chegara. E o seu fim estava próximo.

Ao verem que seriam mortos pelas cobras se tentassem fugir, revoltaram-se contra a mulher. Não podiam matá-la - ela estava grávida.

Mas os dias passaram e o dia em que o bebê (uma linda garotinha de olhos azuis e cabelos negros) nasceu chegou - e o seu fim também.

Após matarem Cawanpa, os nômades - agora nem tanto - teriam que se acostumar a morar num único lugar.

O único vestígio da existência da tribo é uma placa, na frente da caverna, escrita "Floresta das Anacondas".

E assim a tribo Knupã nasceu. E uma importante descendência foi esquecida, apagada pelo tempo.

Urukarzu: A Lenda.Onde histórias criam vida. Descubra agora