Urukarzu: A Lenda.

Cap. 04 - Ugirun Et Fioya.

By: Miss Cupcake. Agradecimentos às revisoras Mel e Cookie.

No outro dia as roupas da imperatriz foram jogadas no rio. Era costume queimar todos os pertences dos mortos, mas as roupas das imperatrizes (só mulheres haviam tido a honra de assumir esse posto) eram jogadas no rio, para serem levadas pela correnteza, simbolizando o renascimento.
Setiran não dormira nada à noite. Estava bastante preocupada com a responsabilidade de se tornar imperatriz, passou a noite toda em claro, pensando em vantagens e desvantagens. Logo que levantou, foi chamada para falar com Potwano, um homem muito próximo da imperatriz.

-Fat Zou, Potwano. Disseram-me que queria falar comigo.

-Sim Setiran. Fat zou - Sua voz era grossa e autoritária. Potwano era responsável pelos ferimentos e doenças que atingiam a tribo, portanto era muito respeitado. -Seus testes começarão em uma semana. É importante sua realização, para se adequar a responsabilidade de ser imperatriz.

-Mas não era o senhor que deveria assumir esse posto? Ela confiava muito em você... - Setiran falava, nervosa e rapidamente.

-Setiran, ela escolheu você - ele a interrompeu - Deve ter um bom motivo para isso. Sinta-se honrada.

-Eu estou, mas... não estou assim tão preparada para assumir a liderança da tribo.

-É por isso que há os testes. Eles focam no seu preparo físico e psicológico. Depois você passará pelo teste final, em que...-Ele foi interrompido por um barulho de folhas agitadas.

-Ah, finalmente te encontrei! Eu fui pegar um dos frutos estranhos para comer, já que todos estavam comendo aquilo, e bateram na minha mão! BATERAM! Mesma coisa quando eu fui tomar água. Se vão me manter preso aqui, pelo menos eu quero comida. Vocês tem cereal? Eu...

-CHEGA! FORA DAQUI! - Potwano gritou. Como alguém chegava assim, sem cumprimentá-lo, e ainda o interrompia? Era muito atrevimento - Saia daqui, agora!

-Mas estou com fome, mereço ser alimentado. Setiran, ajuda aí cara.

-Lohan, vá embora. Não percebes que estou conversando?

-Setiran, depois conversamos. Vá alimentar esse esfomeado - A beijou brevemente e sumiu pela mata.

Lohan se sentiu incomodado, pois achou que a moça era solteira. Embora ela o estivesse mantendo preso, era muito bonita e, pelo que tinha visto, tinha uma personalidade incrível.

-Vocês dois namoram? - perguntou enquanto andavam até algumas árvores com frutas.

-Ahn, nós o quê? - Perguntou confusa.

-Namoram - Lohan enfatizou a palavra - Sabe? Beijos, abraços, e outras coisas - deu um sorrisinho malicioso.

-Não sei o que é isso - disse lhe entregando um fruto.

-Ah, que bom... Mas vocês se beijaram assim, do... - parou de falar de repente. Aquela fruta era muito boa. Uma explosão de sabores doces, e depois ficava levemente amarga - Isso é bom demais! - colocou duas no seu bolso - Então, vocês se beijam do nada?

-Para despedidas, apenas. Há algum tempo um moço do exterior nos mostrou esse costume. Todos queriam experimentar, mas ele beijou apenas as mulheres. Ninguém sabe ao certo porquê, mas depois elas acabaram ensinando aos homens.

-Que safado - ele disse e deu uma breve risada.

-Que o quê?- Perguntou erguendo as sobrancelhas.

-Nada, nada... o que fizeram com ele?

-O matamos.

Lohan engasgou-se e Setiran riu.

-É brincadeira. Ele tentou fugir, mas achamos seu corpo na nossa mata dias depois.-Ele sorriu, mesmo estando nervoso.

-Bem, acho que já vou indo. Obrigado pela comida.

-Por nada.

Quando ia saindo, foi surpreendida por um beijo do garoto do exterior. Ele beijava melhor do que todos os outros da tribo: passava as mãos nos seus cabelos e utilizava a língua.
A moça não conseguia pensar em nada, apenas queria continuar beijando-o. Teve que se separar dele depois de certo tempo - estava sem fôlego.

Lohan não soube ao certo o porquê de tê-la beijado. Não era um costume seu beijar para se despedir, mas poderia virar logo, logo.
Olhou timidamente para ela, que estava de olhos fechados. Foi atingido por um intenso frio na barriga quando ela abriu seus olhos.

-Tchau, então...

-Ahn, bkwue Lohan. Até mais - disse desnorteada.

Uma estranha sensação tomava conta de seu corpo.
Porque ela havia ficado assim? Era um beijo, apenas um beijo. Tão comum quanto um "oi". Era, não era?