KLEMENT | Capítulo Um

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Klement Maczýc

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Klement Maczýc

25 anos antes dos acontecimentos de “Asker”

Suspiro fundo observando os homens guardando as armas nos coldres. Meu pai está perto do Sr. Lennon, os dois discutem como foi a missão. Tento limpar o sangue da manga da minha camisa favorita... minha mãe me deu ela no Natal passado.

― Ei novato. ― um dos soldados dos Scafidi se aproxima com uma metralhadora na mão. ― Verifique para mim.

― Mas... ― começo.

― Sem papo. ― diz ele.

Olho para o colar do exército que ele carrega no pescoço: Edmund Ross. Ele não parece ser tão mais velho quanto eu, mas estou aqui acatando ordens. Assinto e pego a metralhadora de sua mão. Mesmo que eu não saiba verificar o que quer que seja que ele esteja me pedindo.

Edmund sorri na minha direção.

― Bom garoto. ― diz ele e se afasta.

Sem saber o que fazer, coloco a arma de lado e volto a esperar pelo meu pai. Estou aqui contra a minha vontade. Não quero ser mais um Maczýc a servir aos Scafidi por uma dívida que nem me pertence, que começou com meus tataravôs brincando com o tataravô de Lennon e Tantalo, e isso resultou na servidão leal dos Maczýc para a família Scafidi desde então.

E agora chegou o meu momento como filho único assumir a responsabilidade por essa dívida. Meu pai já quer ir se aposentar dessa vida e logo ele precisa colocar um Maczýc no lugar, e isso ficou para mim. E aqui estou eu, em campo, aprendendo como ser um bom capacho para os irmãos Lennon e Tantalo Scafidi.

Viemos para Roma, Itália, para que os irmãos pegassem de volta uma carga que foi roubada do porto de Santorini. A carga carregava algumas joias que a família tem há gerações que estavam vindo de Santorini para os Estados Unidos onde Tantalo irá se casar com uma mulher chamada Natalie Adams, as joias seriam um presente de casamento de Lennon e sua esposa Martina para o novo casal. E são muitas, muitas joias.

E agora estamos aqui, dentro de um barracão em um bairro dos subúrbios de Roma. Conseguimos recuperar as joias de volta, com muito sangue derramado. Parecia que eu estava em um filme do 007, era tiro para todo lado e eu fiquei do nosso lado paralisado. Não conseguia levantar a semiautomática e atirar nos italianos malvados. Eu só fiquei na sombra do meu pai mais uma vez.

E quando finalmente tudo acabou e os poucos italianos que sobraram se renderam, meu pai me olhou com um olhar de desapontado. Parecia triste com a minha falta de experiência. Mas ele tem que lembrar que nunca ― NUNCA ― me colocou em aulas de tiro e nem nada do tipo. E agora ele quer que eu seja um sniper atirador?

Realmente, no fundo, eu espero que Lennon e Tantalo saibam que eu não sou bom o suficiente para o cargo que eles querem que eu ocupe. Não sou capaz de me proteger sozinho em uma troca de tiros, quem dirá proteger uma família inteira por toda a minha vida.

― Atenção todos! ― olho para Tantalo que acabou de gritar e me tirou dos meus pensamentos. Ele sorri olhando ao redor. ― A missão de hoje foi um sucesso! Parabéns para todos nós! Agora, vamos para o cargueiro comemorar enquanto voltamos para Santorini para as nossas vidas.

Gritos dos soldados dos Scafidi comemorando o momento. A metralhadora parece pesar nos meus braços. Respiro fundo e procuro pelo Edmund Ross. Os soldados estão mais eufóricos do que nunca. Quando vejo Ross perto da entrada do barracão, começo a andar, mas a figura do meu pai para na minha frente.

― Klement. ― diz ele.

― Sim, pai? ― digo.

Ele coloca a mão no meu ombro.

― Mesmo que o dia tenha sido um sucesso. ― começa ele. ― Ainda estou um pouco decepcionado com você. Como que você vai conseguir carregar esse trabalho nas costas se não consegue atirar no inimigo?

― Desculpa se eu não tenho sangue frio para tirar a vida de outras pessoas que tem família para voltar. ― digo me esquivando de seu toque.

― Klement! ― grita meu pai enquanto me afasto o que acaba atraindo o olhar de alguns soldados ao redor. Paro e dou uma volta para olhar para o meu pai. Arqueio a sobrancelha e ele continua: ― Não me dê as costas enquanto falo com você.

― Tudo bem. ― digo e dou as costas para ele caminhando até Edmund Ross na boca do barracão, escuto meu pai gritando meu nome, mas o ignoro. Não estou com cabeça para discussão com Salvatore Maczýc.

Quando chego perto do soldado especial dos irmãos Scafidi ele dá um sorriso na minha direção e dispensa os carinhas com quem ele conversava.

― Não pensei que você teria rebeldia para brigar com o Chefe Maczýc, afinal, ele é seu pai. ― diz ele.

― Não me importo com o que você pensa. ― digo colocando a metralhadora contra o seu peito. ― E verifique essa porra você mesmo.

Passo pela porta do barracão esbarrando em seu braço, mas Ross me segura antes que eu possa ter o frescor da liberdade do lado de fora do barracão. Ele está rindo.

― Rebeldia com o seu pai é uma coisa. ― diz ele. ― Agora comigo...

Me solto do seu aperto.

― Vá. Se. Foder. ― digo saindo para fora do barracão.

― Você ainda vai pagar por tudo que sai dessa boca, Klement! ― grita ele quando já estou indo em direção aos carros que vão nos levar para o porto e finalmente o cargueiro.

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Nota do autor: aaaaa e começamos o conto do Klement cheio de rebeldia e amor. Humm... parece que Lennon e Tantalo ainda eram melhores irmãos, e Ross era um pouco... mais durão do que é hoje em Eros. Na verdade, acho que Ross nunca deixou de ser durão. O que será que vem por aí meus amores?

🎵 Música tema desse cap: You & I - JK 🎵

ARQUIVO FAMILIAR - Os Irmãos Scafidi #Contos | Em AndamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora