🌘Conheci o meu avô🌒

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Fiquei assustada, cobri o rosto com as mãos e esperei a ventania acabar, fui surpreendida por algo que me tocou, então chorei ainda mais de medo.

–Não chore! — tirei lentamente as mãos dos meus olhos para saber quem falava comigo e me deparei com um homem de cabelos negros e olhos azuis. — não tenha medo! — me levantei e fiquei pensativa andando para trás sem tirar os olhos dele.

–Quem é você? — o mesmo sorriu gentil.

–Você vai saber. Tenho te observado por todos esses anos, não sou mau, não tenha medo de mim.

–Por que você dizia meu nome?

–Era a forma que eu tentava te alertar de perigos. — olhei pros lados. — você é muito teimosa, igual a sua mãe.

–O que sabe sobre ela? — ele sorriu e se aproximou.

–Tudo. — começamos a caminhar juntos. — eu sinto muito por isso estar te acontecendo, você é uma boa menina.

–Ultimamente todos sentem muito. — me queixei e ele me olhou sério.

–Jung nunca vai perdoar você.

–Por que diz estas coisas com tanta certeza? Sabe sobre minha mãe, quem é você de verdade?

–Meu nome é Rogério, sou seu avô o pai da sua mãe... — minha boca se abriu sem acreditar no que ele disse, senti minhas mãos soando e meu coração acelerou.

–É sério? — fiquei muito emocionada e ele sorriu.

–Sim minha querida, sou seu avô.

Depois de conversarmos sobre mim caminhando, nós trocamos vários sorrisos e ele dizia estar feliz por ter tido a oportunidade de me visitar e poder falar comigo. O mesmo disse que após ter morrido em 98 foi escolhido como espírito protetor para me proteger de coisas ruins, mas ele só foi permitido se mostrar naquele momento porque a situação em que me encontrava era de vida ou morte.

–Como era a minha mãe? — ele olhou para o céu e respirou fundo.

–Era uma moça muito gentil, uma garota cheia de invenções na cabeça, sempre se metia em aventuras pela floresta.

–Ela era rebelde?

–Um pouco. Minha única filha, o meu bem mais precioso, foi tirado de mim e eu não pude fazer nada. — o mesmo se entristeceu. — sua mãe queria ir embora depois que fez dezessete anos, eu cometi o erro de tentar fazer ela se casar com um rapaz da família da melhor amiga dela.

–A Valesca?

–Sabe sobre ela? — assenti. — ela não quis se casar e então pediu para ir embora, eu não deixei e ela se zangou comigo. Sua avó era muito ingênua, ela deixava a Roberta fazer tudo o que desce na telha, e permitiu que ela fosse embora de casa. Uma bela manhã eu acordei e não encontrei a Roberta em casa, ela tinha ido embora sem dizer nada pra mim, e Valesca foi com ela, mas Valesca tinha permissão dos pais. Roberta foi para a floresta com a Valesca e ficaram morando lá, onde tudo começou.

–Eu sinto muito vovô. — o mesmo assentiu com um leve sorriso.

–Depois que ela se casou com seu pai eles foram me visitar, mas eu via o quão ruim era Jung só em olhar em seus olhos, eu sabia que a relação deles iria ser destruída. Mas sua mãe estava apaixonada por seu pai e eu não podia fazer nada, Jung nunca demostrou sua frieza para mais ninguém além de mim, pois eu e ele tivemos uma conversa onde eu descobri que sua mãe jamais seria feliz. Eu tentei impedir mas ela estava cega de paixão e dizia que eu estava de encrenca por Jung não ser o William, o rapaz que eu quis que fosse seu marido. William se casou anos depois de eu ter morrido. Passou mais uns tempos e recebi uma visita que me tirou a vida...

–Quem te matou? Foi meu pai? Foi ele quem matou você?

–Foi seu pai quem mandou um capanga para me assassinar, eu não consegui lutar contra ele e a sua avó também não.

–Não acredito nisso, por que? Ele não tinha o direito de fazer isso com vocês. — enxuguei minhas lágrimas e tentei ficar calma.

–Tudo tem sua razão, se tem sua razão é porque o destino já tinha planejado tudo isso.

–Destino? O destino me odeia, olha pra mim, veja o quão infeliz eu estou!

–Anna, você não pode dizer isso, há sempre uma felicidade no meio de uma tristeza.

–A minha felicidade está muito longe, vovô.

–Você é que pensa. Enfim, minha morte me separou de minha esposa, ela foi morta pelo mesmo capanga e sua mãe nunca soube que o próprio marido matou seus pais. — me sentei na grama e solucei chorando de tristeza.

–Isso tudo é tão triste, eu nunca imaginei que ele fosse capaz de fazer isso, ele matou vocês. Você a vovó e a minha mãe. Ele seria capaz de fazer isso comigo?

–Jung é capaz de tirar a vida de qualquer um que atrapalhar seus objetivos, você é uma grande pedra no caminho dele, a ambição que ele sente por sua mãe, cresce a cada dia por você ser idêntica a ela, ele se tormenta sempre que sente sua presença, mas não tenta matar você por medo de algo acontecer com ele. Só que se alguém não para-lo, ele vai tirar do seu caminho todos que você ama, Anna.

–Acha que ele faria isso? Matar por eu ser o que provoca o peso na própria consciência?

–Isso você não pode permitir. — olhamos para o céu e vimos a claridade e os raios do sol surgindo. — precisa voltar para casa, descanse.

–Mas e você? Quando vamos nos ver de novo?

–Eu não sei... — o corpo dele começou a desaparecer. — amo você, querida.

Ele sumiu e eu corri para o castelo. Fechei a porta do quarto e me deitei na cama, minha cabeça pesava mesmo eu estando deitada, era impossível dormir depois de ter conhecido meu avô, e ter tido o desgosto de saber que meu pai matou ele e a minha avó.

Ninguém imaginaria que sei as verdades sobre o que papai fez. Eu jamais vou contar porque não confio em mais ninguém desse castelo. Era tarde quando eu acordei e Serena estava sentada comendo algo, me sentei e cocei os olhos bocejando.

–Bom dia... — falei e ela virou assustada comendo uma maçã.

–Ah, Bom dia.

–Onde achou isso? — perguntei e ela riu.

–Eu encontrei lá fora, tem uma árvore de maçã e eu me alimento delas, já que tenho pernas, tenho que me alimentar das frutas da terra. — riu novamente e eu me levantei. — você sabe que horas são?

–Sei que é tarde, eu não consegui dormir direito... — fui ao banheiro e tomei banho. Saí de lá e me arrumei toda bem rápido. Serena continuava comendo maçãs, eu decidi sair do quarto.

No corredor eu andava pensando em tudo o que tinha acontecido na noite passada, a saudade por Yoongi me fazia ter um aperto muito grande no meu coração, era horrível a sensação, eu não queria mais chorar, e precisava de algo para esvaziar as coisas que me rondavam na cabeça.

Olhei para frente e vi Jimin que rapidamente estava em minha frente, ele estendeu uma rosa vermelha com um sorriso que me deixou enojada. Suspirei por ele ter me feito parar de andar e então subi as mãos para minha cintura e o encarei com desdém.

–Quero me desculpar por tudo, por favor. — disse ele e eu revirei os olhos e me escorei na parede.

–Não quero nada de você... E não venha pedir desculpas, você é um desgraçado, doente igual ao meu pai.

–Anna, não seja difícil.

–Por que você não põe essa rosa na boca, mastiga e engole? Assim você sabe como é pra mim engolir tudo isso que tá acontecendo comigo.

Falei e empurrei ele da minha frente e passei saindo de lá indo para qualquer lugar longe de Jimin. Meu ódio por ele alimentava a cada segundo que se passava, nunca na eternidade eu vou perdoar o que ele fez, mentiu pra mim e tentou me forçar a algo que eu não quis. Eu não vou perdoar nunca.



{Até o próximo capítulo 🌒}

BLUE LAKE I 🌘{Yoongi}🌒Onde histórias criam vida. Descubra agora