BLUE LAKE I 🌘{Yoongi}🌒

🌘A melodia🌒

   🌘Min Yoongi🌒

Depois do café da manhã, eu me retirei da mesa antes de Namjoon e passei novamente as coordenadas do meu trabalho na casa. Pedi os materiais para a reforma e que ele trouxesse o mais rápido possível.

Namjoon ainda não concordava que eu me metesse novamente dentro da casa, porque pra ele a casa tem negatividade por tudo o que aconteceu no passado, pela história da minha mãe e a Roberta, do meu pai e o Jung.

Pra ele a casa é a única coisa que pode recordar aqueles tempos, e que eu deveria destruir tudo ainda mais, e não o contrário. Por mais que eu saiba que a casa foi o começo de tudo, pra mim jamais foi culpa da casa o que aconteceu antes, e pra terminar a culpa foi deles, não tem nada a ver com a casa.

Os quatro não souberam resolver os problemas, duas paixões que aos olhos de ambos não eram vistas, porque se amavam mais que tudo, só que não enxergavam os próprios sentimentos. Até hoje, nunca entendi como o Jung ficou maluco por ciúmes e como minha mãe se culpou por tudo.

–Pelo visto vou ter muito trabalho aqui... — falei olhando o estado da casa pelo lado de fora, da última vez que a vi, ela estava coberta por neve, mas naquele momento estava apenas a casa. — ótimo, tudo o que mais preciso nesse momento é me ocupar.

Sorri de canto e comecei a desfazer os fechos dos botões de minha camisa cinza, já que teria um trabalho pesado eu não iria querer suar na minha camisa. Tirei a mesma e a pus no ombro. Entrei na casa e senti rapidamente o cheiro de mofo, o abafado veio com uma brisa gelada, talvez o frio daquela nevasca tenha ficado preso dentro da casa por estar sempre fechada, mas ao abrir a porta tudo esquentou. Olhei para os sofás de madeira já gastos e cheios de poeira, joguei a camisa encima de um deles e entrei em um corredor para pesquisar os outros cômodos da casa.

    Encontrei o quarto da Roberta e então resolvi bisbilhotar as coisas dela, ao abrir o guarda roupa vi vários vestidos, e muitas botas na prateleira de baixo. Fechei o velho guarda roupa e dei de ombros indo ao lado da cama para ver o que havia na gaveta do criado mudo, a cama estava toda empoeirada e bagunçada, o espelho estava quebrado e a penteadeira branca coberta por folhas secas e poeira preta, os frascos de perfume virados e alguns no chão junto com escovas e enfeites de cabelo.

Resolvi não me sentar na beira da cama, o tempo que fazia ter aquela cama era mais que a minha idade, e a madeira provavelmente estava podre. Abri a primeira gaveta do criado mudo e achei outro álbum, parecia ser pessoal, mas mesmo assim eu o peguei e andei de um lado para o outro enquanto abria o álbum para ver as fotografias de lá. Eram cavalos, uma manada de cavalos brancos em quase todas as fotos, nas outras fotos eram a Roberta, em cada foto de cavalos tinha uma mensagem escrita a mão pela Roberta.

"Os seres que me trazem paz, que me dão alegria e fazem meu coração pulsar como se fossem cavalos galopando"

–A mãe dela pelo visto era uma cretina por cavalos brancos. — brinquei e joguei o álbum na cama.

Me voltei para o criado mudo e achei uma pedra preta que me chamou atenção e me fez rir.

–Qual é... Roberta. Você colecionava isso? — ri e pus a pedra junta ao álbum. Olhei dentro da gaveta e fiquei sério ao encontrar uma rosa vermelha, a mesma estava murcha pelo tempo e seca. A peguei com cuidado para não desmanchar e virar resto. — acho que esta rosa é importante, vou levar comigo, espero que você não fique chateada, embora eu esteja bisbilhotando suas coisas. — retirei um lenço do bolso e isolei a rosa e depois a pus na cama. Dentro da gaveta não tinha mais nada, e na segunda gaveta estava vazia.

   🌘Jeon Anna🌒

Serena estava dormindo em minha cama, depois de horas conversando ela acabou pegando no sono e dormiu alí mesmo. Saí em silêncio para ela não acordar e então peguei caminho para qualquer lugar menos o meu quarto, os corredores estavam cheios de guardas do meu pai e eles me olhavam fixamente e não paravam nem para piscar.

Cruzei os braços e enrolei para outro corredor e abri as grandes portas indo para um cômodo grande cheio de janelas e do lado esquerdo um piano preto. As luzes foram acesas e eu caminhei até às janelas e puxei as cortinas para o sol expor seu brilho vivo por todos os cantos daquela sala. Olhei para o piano e me aproximei tocando nele e sentindo a poeira grudar em meus dedos, haviam se passado muitos anos desde que eu tinha ido naquele lugar.

–Que saudade!

Sussurrei e me sentei no banquinho empolgada sentindo as pontas dos meus dedos adormeceram e formigar. Toquei em uma das teclas e comecei a dar início a uma melodia calma e intensa, fechei os meus olhos enquanto tocava e de forma extraordinária senti um coração batendo forte e não era o meu, e sim do bebê.

Sorri de olhos fechados e intensifiquei os dedos acelerando os toques e a melodia. Eu poderia sentir tudo bem ao meu redor, ouvir a melodia me fazia ficar calma e em paz, era meu ponto de tranquilidade, algo bom e me fazia lembrar do mar, e de suas ondas fortes combatendo consigo mesmo.

Abri meus olhos e a melodia já tinha acabado, olhei para os lados e então me assustei ao ver Jungkook parado ao pé da porta me observando carinhosamente com aqueles olhos claros.

–A quanto tempo estava aí? — perguntei me levantado em um impulso nervoso e ele sorriu adentrando no lugar.

–O bastante pra ouvir você tocando, a quanto tempo não te ouço fazer isso? Muitos anos. — riu ele e andou pelos arredores do lugar.

–Toquei muitas vezes depois que você partiu. — falei e ele parou olhando pra mim e vindo em minha direção.

–A última vez que ouvi essa melodia você tocou com cinco anos de idade.

–Você foi embora depois, lembra que toquei por sua partida? — ele assentiu e veio até mim. — eu sempre a tocava quando estava sentindo saudades da mamãe.

–Sentiu saudades agora? — olhei pra ele.

–Sinto todos os dias, mas agora nesse momento é outra pessoa que está mexendo com meu coração, e acho que você já sabe de quem sinto falta. — ele assentiu e me abraçou com necessidade acariciando meus braços.

–Desculpa, por favor, me desculpa. — ele se desculpava intensamente e eu não entendia o porquê mas continuei abraçando meu irmão.

{Até o próximo capítulo 🌒}