BLUE LAKE I 🌘{Yoongi}🌒

🌘Dois em um🌒

No dia seguinte eu me arrumei cedo para esperar a costureira chegar para me entregar o vestido de noiva. Eu já estava impaciente desde que acordei e pra mim não teria tanta diferença receber aquele vestido.

Minha cabeça estava ocupada demais pensando em como minha eternidade seria infeliz e mais ainda depois do casamento com o Jimin. Meus olhos se enchiam de lágrimas e as lágrimas evitavam descer e me molhar o rosto. Eu tentava contê-las para não deixar mais claro que eu estava destruída por dentro e por fora.

–Anna? — sai dos meus devaneios e me voltei para o que realmente estava acontecendo. O vestido estava lindo e eu o olhava pelo reflexo do espelho, parecia bom pra mim, mas não para a Branca.

–Algum problema? — perguntei para ela. A Serena nos fazia companhia enquanto via o vestido.

–Eu já havia tirado suas medidas, mas parece que fiz ele cinco centímetros menor que sua cintura. — eu e Serena nos olhamos e a mesma ficou desconfiada. — o que foi? Estou errada? — olhei para ela e então baixei meu rosto olhando os detalhes do vestido.

–Está perfeito, não se preocupe com isso, você não errou as medidas, o problema sou eu mesma. — ela franziu o cenho e eu desci do banquinho que eu estava para ficar alta o suficiente para a mulher poder fazer os seus ajustes desejados.

–Eu sei... — disse ela de um jeito misteriosa e riu. Segurei a barra do vestido e me virei olhando para ela. — eu não sou uma simples costureira mocinha.

–Não sei do quê você está falando. — cruzei os braços e me virei de costas olhando para Serena que estava aflita fazendo gestos de quem não estava entendendo.

–Os batimentos do coração dele acelera quando você fica nervosa. — me virei e a segurei pelo pulso.

–O que você quer comigo? — perguntei baixo e ela olhou para o próprio pulso sendo quase esganado por mim.

–Quando digo que não sou só uma costureira... — explicou ela puxando o braço e arrancando o pulso de minha mão. — quero dizer que tenho dons, dons importantes. — falei e olhei para o espelho vendo nossos reflexos.

–Como descobriu?

–Tenho o dom da maternidade, eu sei quando uma mulher está grávida ou não...

–Por favor, fale baixo! — a repreendi e ela pôs as mãos na boca assentindo. — meu pai não sabe de nada.

–Entendo. O que não entendo é como esse ser aí pode ter um gênio tão... como posso explicar?! Bom, ele é bom, é luz. — sorriu ela e então se afastou. — mas também sinto energia negativa vindo dele, como se fosse dois em um.

A tarde eu pensei muito nas palavras daquela mulher, ela parecia saber demais e não queria me contar, parece que todos sentem as energias que o bebê transmite e se sentem em paz e perturbados ao mesmo tempo. "Como se fosse dois".

Eu precisava de respostas, a cada dia eu sabia que o bebê não seria uma simples criatura, e que a divisão em ser positivo e negativo não era normal. Meus olhos a cada dia se cansavam mais e eu estava ficando com sono com muita frequência, parecia que eu era a própria criança, e que se ela cansasse, eu cansava, se ela dormisse ou sentisse vontade de dormir, eu sentia.

Estamos conectados de um jeito que não é só laços de amor, é algo maior, e eu sempre soube que o amor que eu sentia por um bebê que nem havia vindo ao mundo, só aumentaria quando viesse.

   🌘Park Jimin🌒

Faltando apenas mais quatro dias para finalmente me casar, eu estava muito agoniado com tudo, o fato de Jungkook ter sido preso parecia mexer com a minha consciência, e a pressão de Jung em querer que eu me case com a Anna me fazia ter dor de cabeça, me casar eu sempre quis, mas havia momentos que eu não suportava ser mandado, por mais que eu estivesse adorando estar sendo privilegiado por Jung, mas ser mandado por ele... Era de dar ódio. Ver como cada dia a Anna me odiava era de partir qualquer coração, menos o meu, porque o sofrimento dela era paz para meu corpo, e logo quando me casasse faria dela tudo o que ela nunca foi.

–Me traga uma jarra de sangue... — falei para uma das criadas que estava cuidando de meu banho e ela após ter terminado se foi para cumprir minha ordem.

   🌘Jeon Jungkook🌒

Eu parecia estar doente, a prisão fria e os ferros daquelas barras estavam enferrujados, e eu tão fraco, que não conseguia partir ao meio aquelas barras tão frágeis pela velhice. Me sentia um idiota acorrentado morrendo de sede e sem ter sangue para beber, sem meus poderes eu estava fraco e nem conseguia mais falar alto, meu coração batia acelerado até em tentar respirar fundo. E eu me encontrava deitado no chão com as mãos presas a correntes ligadas a própria parede, esperando a morte me buscar porque eu já estava morrendo.

–Jungkook? — ouvi vozes mas minha visão estava embaçada demais para ver quem falava comigo. — droga, Jin. Traga as chaves da prisão. — ouvi o barulho de chaves e comecei a reconhecer quem estava ali.

–Ho... Hoseok. — sussurrei e ele me segurou pelo pescoço me fazendo sentar mas meu corpo estava fraco demais.

–Merda. O que diabos estão fazendo com você? — perguntou ele nervoso e então me deitou novamente no chão.

–O que ele tem? — ouvi o Jin e ele se juntou a Hoseok, os dois estavam abaixados ao meu lado.

–Está fraco, nunca o vi assim. Ele pode morrer se continuar aqui, não tem dado sangue para ele? — perguntou Hoseok.

–Jung ordenou que ele não beberia uma só gota de sangue enquanto Anna não se casar com o Park Jimin. — Hoseok se enfureceu e se levantou.

–Isso não pode ficar assim! E você vai me ajudar nessa... — mesmo com os olhos embaçados eu vi Jin concordar com Hoseok e os dois saíram me deixando trancado novamente.

   🌘Jeon Anna🌒

Eu estava uma pilha de nervos e dores deitada na cama, novamente o bebê estava chutando como da última vez e eu estava a pontos de gritar de dor, mas não podia porque o meu pai poderia ouvir e viria e descobriria.

Serena e Sônia estavam loucas tentando me acalmar e eu já estava chorando de tanta dor. Me bolava feito criança na cama e acabei bolando demais e caí de costas batendo as omoplatas com força no chão.

Me levantei de agonia e cambaleei pela parede puxando minhas roupas de mim mesma como se isso fosse aliviar e acabei rasgando meu vestido e os pedaços de pano caíram pelo quarto. Serena e Sônia vieram tentando me acalmar e eu não estava me acalmando.

–Desculpa maninha, mas você vai ter que dormir a força. — ouvi a Sônia e então ela me deu um tapa no rosto que me fez cair na cama desacordada e quase sem minhas roupas, eu não acordei mais.

{Até o próximo capítulo 🌒}