Não é só
porque a
Gente não dizQue a gente não sente.
Fabrício Garcia
🖤
Presente- 6 meses depois
Março, um mês normal, como os outros, sempre a mesma rotina.
Mas hoje, é sábado, um dia menos mau que os outros, o meu dia preferido da semana.
Mas neste dia específico não está a ser o meu dia preferido.
Neste momento, estou a jantar com o meu pai e a sua "namorada" num restaurante, a quilómetros da minha casa apenas para ele a poder impressionar.
Desde que ele começou a sair com ela mais ou menos 2 meses a trás que eu não o perdoei.
Não o perdoei por tela esquecido tão depressa, talvez este "amor" repentino por esta mulher, seja apenas um meio de esquecer a dor, mas mesmo assim, ainda não o consegui perdoar.
Tiro os olhos do meu prato e levanto o olhar até ao meu pulso, vendo as cicatrizes do meu passado, parece que foi à tanto tempo, mas apenas se passaram meses.
O meu pai tenta esquecer a dor com esta mulher, e esta era a minha maneira de a esquecer.
Parei quando tive que ir ao hospital, porque tinha cortado uma veia importante, desde aí o meu pai tem me levado a uma psicóloga, ajuda? Não, nem sei como é que ela conseguiu o diploma.
Com o peito a apertar volto a olhar para o casal à minha frente que agora calados olham para mim.
Dou ao meu pai um olhar questionador e ele faz o seu típico TIC nervoso: trinca o interior da bochecha.
Ele pega na mão de Megan e só por esse gesto sei que nada de bom irá sair desta conversa.
- Bom Sara ... como tens reparado eu e a Megan temos passado muito tempo juntos, e eu realmente gosto dela- ele olha para ela e ela dá lhe um sorriso, por favor que ela não esteja grávida, ele vira se novamente para mim-E sabes que desde o acidente que eu não abri o meu coração a ninguém, mas eu realmente acho que a Megan é a tal ... então com isto tudo o que tenho a dizer é ... Estamos noivos!
Ele diz a última frase com um tom empolgado, totalmente o contrário de mim que pensava que este "romance" era apenas um brincadeira, uma distração, não, ele não está em si, ele sente se só, e está a confundir esse sentimento com amor.
Chego me mais para a frente e tento controlar o meu tom de voz para não começar a falar alto.
-Pai tens a certeza disto, conheces esta mulher à menos de 2 meses, se calhar estás a confundir os teus sentimentos, nem sabes se esta mulher realmente te ama.-Digo já não contendo o tom alto da minha voz, atraindo alguns olhares para a nossa mesa
-O meu nome é Megan e sim eu amo o teu pai e ...
-Desculpa mas eu falei consigo?- Sei lhe um sorriso falso e continuei a falar para o meu pai que agora me olhava com um olhar acusador, bofei e comecei a falar outra vez-Pai por favor, eu quero que faças uma escolha correta e acho que é demasiado cedo para decidires se realmente queres casar com esta mulher.
Ele nem sequer pensou no que eu disse e começou a falar.
-Sara é óbvio que eu me importo com a tua opinião e quero que estejas tão feliz quanto eu com este casamento, mas não vou deixar que trates a Megan assim, nem vou deixar que fales comigo com se eu fosse o adolescente nesta mesa, eu vou me casar com a Megan e vamos nos mudar para Londres com ele-Comecei a abrir a boca para dizer que tudo aquilo era um disparate mas ele cortou me e continuo a falar- e nem penses em discutir comigo, porque mesmo que eu seja brando contigo eu ainda sou teu pai e exijo respeito.
Com as suas palavras a flutuarem à minha volta e as lágrimas já a borrarem a minha vista, saio do restaurante, sem querer saber dos seus chamamentos, sem querer saber o que ele está a dizer atrás de mim, eu preciso de ar, e ele é insuficiente perto deles.
Tiro um cigarro e acendo o logo de seguida, deixando as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, enquanto ando pelas ruas vazias de Boston, não sei em que parte de Boston estamos, porque que eu saiba as ruas nunca ficam vazias, mas também não quero saber, Nestor momento não quero saber de nada, não quero pensar em nada.
Continuo a andar até que vejo um parque e sento me num dos bancos a olhar para os pombos que olham para mim como se fosse um Alien, sorrio com os meus pensamentos.
Ainda distraída, sinto alguém tirar o meu cigarro, olho para cima e lá está o meu pai a olhar para mim com uma cara nada boa, finjo que não o vi e continuo a olhar para os pombos, que neste momento já não parecem tão engraçados como à segundos atrás.
-Sara, não tinhas dito que já tinhas parado com este vício?!
Reviro os olhos e olho para ele.
-As pessoas mentem, sabes, é amei fácil para uns que outros.-Ele faz uma cara de questionamento.
-O que queres dizer com isso Sara?
-Óh não sei- levanto as mãos já irritada- que eu saiba quando se casa com alguém faz se uma promessa, uma promessa que nunca se vai deixar a outra pessoa, tu nunca te divorciáste da mãe, estás a trai-la.
-Ela não está cá!- Diz ele quase a gritar, ele passa os dedos pelo cabelo tentando se acalmar e senta se ao meu lado, dando me o cigarro de volta.
-Ela já não está cá- Ele diz num sussurro- Eu sei que é difícil mas temos que seguir em frente, sem elas eu sei que não é fácil, mas eu estou a tentar fazer a minha parte enquanto tu recusas te a fazer a tua.- Ele olha para mim com os olhos marejados e continua- Eu também sinto a falta delas, todos os dias, mas eu finalmente encontrei algo, ou mais exatamente alguém que me faz feliz, e eu sei que se tentares vais ver que também serás, pelo menos tenta.
No fim do seu discurso já estamos os dois com lágrimas a escorrer pelo rosto. Eu apenas assinto com a cabeça incapaz de falar, ele abraça me e ficamos nessa posição por um bocado.
Até que ele se levanta e diz:
-Vamos se não queremos que a Megan pegue nas chaves o nos deixe aqui.
Riu acompanhada do meu pai, e vamos em direção ao carro
E neste momento a minha vida tomou um novo rumo, talvez mais feliz do que eu tinha imaginado que seria.
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Just An Normal Girl
Teen FictionSara, uma rapariga normal, normal até ao acidente, o que a transforma numa pessoa completamente diferente, uma pessoa sem vida. Ela já traumatizada, encontra se numa situação ainda pior quando perde duas das pessoas mais importantes para ela. Depois...