Capítulo 7 - Conheci os deuses gêmeos

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Eu acredito que para as coisas se concretizarem, elas precisam de tempo, e vai por mim, dependendo da coisa pode ser preciso muito tempo mesmo. Desde a aparição de Hécate tinha praticado magia por quase um mês, e já conhecia o livro todo de cabo a rabo. Sabia dos feitiços que poderia fazer sem nenhum risco, até aqueles que poderiam me trazer problemas.

O relógio despertou naquela segunda feira e o sol nem tinha nascido ainda. Me levantei, peguei meu livro mágico e o guardei na minha estante, para ficar a salvo dos olhos mortais (brincadeira, era só pra deixar guardanapo mesmo). Fiz minha rotina matinal e tomei um banho gelado, por que apesar do sol ainda não ter nascido, estava muito abafado. Saí do banheiro, coloquei um jeans azul claro mais folgadinho (precisava de conforto), meu sapatenis preto e uma camiseta da mesma cor. Fui tomar café com mamãe e saí o mais rápido possível rumo a escola.

O primeiro período tinha sido um saco, o professor Carlson passou inúmeros exercícios de álgebra para fazermos, e tudo o que tínhamos eram alunos confusos se perguntando o porque daquele castigo. A aula acabou e fomos para o intervalo. Maeve me deu seu braço direito e Jenna o esquerdo, e como o trio parada dura que éramos seguimos para o refeitório, e lá estava Anna, sentada no colo de Josh e dando uvas na boca dele. Desde a nossa briga, sempre que tentava falar ela, ela me ignorava e fugia, então decidi que seria melhor se eu ficasse na minha. Vi Roni e Jack sentados numa mesa mais a frente e fomos em sua direção.

- Olá rapazes, o café de vocês parece ótimo. - não precisou de muito para um sorriso surgir na face de Roni.

Jack: Só parece mesmo. O café da escola é horrível.

Jenna: Real.

A gente conversou durante os miseros 20 minutos de intervalo, até que o sinal tocou novamente. Eu me aproximei de Roni e como quem não quer nada coloquei meu braço direito sobre seus ombros e ele segurou a minha mão.

- Roni, você vai estar ocupado na sexta a noite? - perguntei de forma mais natural possível - Tipo, pensei que a gente poderia ir no cinema ou se você quiser ir lá em casa, consigo arrumar um vídeo game e uns jogos maneiros.

Roni: Cinema parece ótimo. - Respondeu enquanto ainda segurava a minha mão - e um game depois do filme parece bem interessante. - era impressão minha ou ele me lançou um olhar safado?

- Então é isso. Vejo você na sexta. - o pátio estava vazio e eu não era o único que tinha percebido, já que ele me puxou e me beijou. Roni me olhou nos olhos, deu um tapinha no meu ombro e saiu andando. Eu sorri e segui o meu caminho.

.....

O período tinha acabado e graças a Deus não tinha treino naquele dia, poderia me dedicar ao meu novo hobby. Já estava saindo da escola quando Erick me parou e começou a falar.

Erick: Oi... Ah, você ta indo pra casa? - ele parecia estar nervoso.

- Vou, e você deveria ir também.

Erick: Eu.... sei lá, quer companhia? A gente não se falou muito desde aquele dia, e acho que a gente poderia se conhecer melhor, se você quiser.

Olhei para o Erick e minha cabeça mandava eu dizer não, mas o coração berrava sim, e claramente o sim venceu.

- Bora lá.

Erick: Antes de tudo, eu queria me desculpar por aquele dia que eu não pude sair com você. - disse num tom tímido - Na verdade, eu queria, mas eu estava num momento complicado.

- De boa, não levei pro pessoal não. - (mentira, levei sim) - Mas e aí? A situação melhorou pra você?

Erick: Não muito. Mas bola pra frente. Eu reparei que você é bem fã de mitologia grega, e tem umas opiniões bem interessantes.

- Sim, eu sou apaixonado pelo assunto. Acho que me ajudou a criar uma visão diferente das coisas. E também seria maneiro se tudo fosse verdade. Imagina você ser filho de um deus grego, que irado. - disse com tanta empolgação, mas eu sabia que a mitologia grega não era só mito, e que eu era filho de deuses.

Erick: Não, não seria. - sua expressão estava seria - Nas histórias tudo é bonito, e até as coisas que não deveriam ser, tornam-se superficiais. Mas há muitos perigos, mortes e caos.

Ficamos em silêncio por um tempo, não sabia o que dizer e acho que Erick também. Comecei a pensar em puxar um novo assunto quando vi um homem parado ao longe. Era estranho por que fazia calor e ele não parecia se incomodar com isso. Continuei andando até que Erick puxou o meu braço e me pediu para correr. Não estava entendo nada até me dar conta se que o homem estava junto de nós. Erick o encarou e colocou-se a minha frente, enquanto o homem passava a mão por seu cabelo loiro. Eu não tinha reparado, mas eles eram muito parecidos, seus traços eram tão similares que poderiam ser gêmeos. Não é possível, será que eram?
Meus pensamentos foram desfeitos quando Erick finalmente falou.

Erick: O que você está fazendo aqui? - indagou com um tom de raiva?

- Olá irmão, a quanto tempo. - respondera em tom de deboche. - E você aí atrás deve ser Gael, prazer em conhecê-lo pessoalmente.

- Deve haver algum engano aqui, quem é você?

Erick: Gael, vai pra casa agora. E não comenta sobre isso com ninguém.

- Eu acho que não. - O homem estalou os dedos e uma criatura sem face apareceu ao seu lado. Tinha a forma de um homem, mas o corpo parecia podre. - Vamos dar um passo de cada vez. Meu nome é Hypnos, senhor do sono, e você é Gael, um dos filhos de Hades.

Meus olhos se arregalaram, e cada pelo do meu corpo de arrepiou. Como diabos ele sabia disso?
Não demorou muito e ele tornou a falar.

- Deve estar se perguntando como sei da sua verdadeira identidade. Não se preocupe, vou contar tudinho. Depois que nasceu, meu mestre..m

Erick: Ele não é mais o seu mestre. - disse interrompendo-o - Você traiu Hades.... e fez o mesmo comigo.

- Erick, do que vocês estão falando? - indaguei extremamente confuso com tudo aquilo.

- Então esse é o seu nome mortal? Erick? Que coisa mais horrenda. - Hypnos virou-se para mim - Gael, eu sei que você tem tido atrações pelo meu irmão. Aliás, agradeça a minha filha Fantasia por ter caprichado no seu sonho erótico. - Erick me olhou de forma discreta, mas ele parecia estar vermelho - Eu estou me perguntando aqui, você é tão bom em mitologia, mas ainda não descobriu a verdadeira identidade do, como é mesmo o seu nome mortal? Erick?

Tudo começou a fazer sentido quando olhei para Erick e lembrei que Hades possuía dois deuses gêmeos de sua confiança. Hypno,s o senhor do sono, representado pela cor dourada. E Thanatos, senhor da morte, representando pela cor prata, e pelas sombras sem fim. Deuses gêmeos, e bem a minha frente estava eles, tão iguais e tão difentes ao mesmo tempo.

- Você é Thanatos, não é? - indaguei sem conseguir erguer os olhos.

Erick: Sim.

Hypnos: Ah, finalmente. Agora que estão devidamente apresentados, é hora de você morrer Gael. - Ergui meus olhos e o a criatura começou a se mover na minha direção. Erick entrou na minha frente, mas Hypnos agitou seu braço e ele foi arremessado para longe. Eu me lembrava de um feitiço que poderia me ajudar. Dei alguns passos para trás e olhei Hypnos, que tinha uma expressão diferente, como se esperasse algo de mim.

- Oba Abi - Bati uma mão na outra e as afastei enquanto assistia a criatura desaparecer. Hypnos bateu palmas e se aproximou alguns passos.

Hypnos: Por essa eu não esperava. Então você despertou sua magia.

- E então foi você que mandou aquelas coisas atrás de mim mês passado?

Hypnos: Com certeza fui eu. Sabe garoto, eu poderia acabar com você aqui e agora, mas não seria divertido. Você ainda tem muito o que crescer, para que seja interessante para mim poder usá-lo. - ele ergueu seu braço esquerdo - aproveite bem o seu tempo com seus amigos, família e até com o meu irmão, por que em breve nos encontraremos de novo e nossa conversa vai ser mais...violenta. - Hypnos fechou a sua mão e eu caí. Abri meus olhos com dificuldade e tudo o que fui Erick se aproximando de mim, até que eu apaguei de vez e mergulhei em sono profundo.

Apaixonado pela morteOnde histórias criam vida. Descubra agora