Capítulo seis: Arrependimento

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Luccas Neto

5 meses depois

Eu costumava dizer que não me arrependia das coisas que eu fazia, porque a vida é curta e eu não tinha tempo pra me arrepender. Eu estava tão errado. Acho que muitos por aí também pensam assim, não julgo afinal eu também pensava isso, mas eu parei pra pensar esses dias e percebi que arrependimento não é questão de tempo e sim de amadurecimento. A gente se arrepende de coisas que fizemos de errado na maioria das vezes, de escolhas talvez ou até por não ter falado que gostava da uma das meninas da sala na infância. A gente não escolhe se arrepender, a gente se arrepende quando percebe o que fez, quando para pra pensar no que teria acontecido se não tivesse feito aquilo, onde estaríamos agora se tivéssemos feito outra escolha, seja ela errada ou certa. Sempre tem tempo pra se arrepender, porque se não tivesse o arrependimento não existiria.

Eu estou pensando muito nisso e no que está acontecendo durante esses meses

Sou tirado dos meus devaneios quando o sino da loja toca. Eu estou trabalhando com o Alex, em uma loja que vende de tudo para cozinha como pratos, talheres, panos... Até cortador de legumes tem. Essa loja é do Pedro, um amigo nosso. Fico feliz dele ter me dado essa oportunidade. Era tudo o que eu precisava pra me sentir confiante de novo, como eu fui no passado.

- Você anda muito distante esses dias. É o 4° cliente que você perde pro Alex - diz Samanta, se sentando ao meu lado no balcão

- Isso não é uma competição e, você sabe. Eu não gosto de atender as pessoas, elas ficam desconfortáveis perto de mim. Todos sabem o que eu fiz.

- Ah Luccas, por Deus homem! Isso é coisa da sua cabeça. Olha, eu sei que não é fácil - ela diz me consolando - ninguém disse que seria, mas o mais importante é você vencer isso. As pessoas se sentem desconfortáveis? Que elas se fodam! Você não fez por mal, eu sei disso e acho que você também sabe - Ela diz e vai atender um outro cliente que tinha acabado de entrar na loja.

O que eu não fiz né

Eu realmente queria que eles soubessem, mas como vou contar isso pra eles se ainda nem consegui dizer o nome pro meu irmão? Ah é, esqueci desse detalhe. Felipe anda estranho, não me pergunta o nome a uns dias.

Será que Gabriel contou pra ele? Não acho que não, eu sei o que vai acontecer quando ele descobrir. Ele vai surtar e não vai ser pouco. Ele confiava nessa pessoa, assim como eu confiava, acho que o Otávio confiava também.

- Oi rapazinho - disse uma senhora - eu encomendei uns talheres a alguns dias e vim buscá-los. O gerente disse que chegariam hoje.

- A senhora de chama Olivia Longbottom? - digo olhando os dados no computador

- Isso - ela diz com um sorriso no rosto

- Vou pedir para que busquem pra senhora. Err - Olho a loja - Alex, você pode pegar os talheres de Olivia Longbottom no estoque por favor?

- Claro - ele diz e logo some

- Obrigado - Voltei a olhar para o computador - A senhora já realizou o pagamento pela internet?

- Não, não - ela diz pegando a carteira - Vou pagar agora

- Certo. Vamos aguardar até que ele volte e a senhora checa se está como pediu, ok? - digo sorrindo e ela assente

Logo Alex voltou e a senhora foi embora. O meu expediente acaba as 18:30 e são 18:28.

Aff, parece que o tempo não passa nunca.

Continuei olhando para o relógio, esperando que ele marcasse 18:30 e quando isso aconteceu sai do mais rápido que pude. Eu costumo ficar sentado atrás do balcão, só recebendo o pagamento dos clientes ou atendendo ligações mas mesmo assim é cansativo. Eu ainda moro com o meu irmão e acho que não vou sair de lá tão cedo. Graças a Deus, Felipe não mora tão longe do lugar onde eu trabalho por isso, em 5 minutos eu já estava em casa.

- Está pronto para me falar o nome? - Felipe perguntou baixo, entrando no meu quarto.

Dei um suspiro e disse:

- Estou - ele me olhou surpreso - Só senta aí e tenta não surtar

- Da o travesseiro - ele disse esticando as mãos

- Pra que? - perguntei olhando para ele

- Eu vou descobrir quem matou meu melhor amigo é óbvio que eu vou surtar, mas como eu não posso gritar...

- Ah, tendi - entreguei o travesseiro para ele

- Foi a Jéssica - disse na lata

Primeiro Felipe me olhou como quem não estava acreditando, sua boca estava com um formato certinho de "O", depois sua expressão mudou e ele estava com raiva, até quem não conhece ele percebe disso e por fim ele se jogou no chão com travesseiro na cara e começou a gritar.

Confesso que achei engraçado por alguns segundos

A Killer Between Us - Vol.2 Onde histórias criam vida. Descubra agora