_ Agora apertem o tórax do boneco com pressão entre...
A professora de primeiros socorros está ditando o que eles precisam fazer para salvar alguém que sofreu um afogamento.
A sala tem exatamente dez alunos, todos com um boneco de plástico deitado no chão sobre uma toalha azul.
_ Lembrem- se que se trata da vida de uma pessoa. _ Ela diz.
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Após terminar a aula Carlos está pegando sua mochila para sair quando uma garota baixinha e de cabelos ruivos vem até ele.
_ Olá! Tudo bem? _ Diz ela sorrindo.
_ Oi! _ Responde ele surpreso, mas em tom afetuoso.
_ Você quer mesmo ser enfermeiro?
Ele se intimida com pergunta e fica admirado como uma pessoa consegue ser tão direta. Eles nem haviam se apresentado um ao outro e ela já o perguntava de sua decisão para o futuro. - A pergunta de que ele havia fugido o ano todo.
_ É... Acho que não sei ainda. _ Responde um pouco sem jeito.
_ SÉRIO?! _ Ela exclama muito expressiva. _ Ah, pois eu quero. _ Diz com orgulho na voz. _ Ele ri. _ Eu sempre quis ser enfermeira. Desde criancinha me vestia com uma camisa branca do meu pai e fingia que era um jaleco. Então, cuidava de todas minhas bonecas e bichinhos de pelúcia. _ Conta sonhadora.
_ Isso é bem legal. _ Responde ele. _ Mas, você parece nova, quantos anos tem agora?
_ Ah! Eu? Tenho quinze. _ Diz como se já esperasse pela pergunta _ Agora que completei já posso começar a fazer cursos na área, como esse de primeiros socorros. E também quero fazer um minicurso de farmácia que vai ter daqui a duas semanas. Já até comprei caderno para isso. _ Diz sorrindo. _ E você, também vai participar?
_ Acho que farei apenas esse mesmo. _ Fala Carlos pensativo.
_Ah, sim. _ Ela assente. _ Minha mãe sempre diz para eu não sair por aí me inscrevendo em todo curso que achar, mas para eu estudar e passar em alguma faculdade, porque ela não pode pagar todos os cursos que quero. _ Diz começando a ficar triste. Mas logo abre um sorriso e continua _ Mas eu passei o ano inteiro juntando dinheiro para fazer esses cursos. Você nem imagina!
Carlos fica comovido e também admirado pela força de vontade da garota.
_ Nossa! Mas você não estava de saída? _ Ela pergunta de repente mudando totalmente o assunto.
E nem o deixa responder pois já sai correndo gritando:
_ Ah, meu Deus! Olha a hora. Tenho que ir. Amanhã a gente se vê, tá!
De repente para no meio do caminho e se vira para falar:
_ Ei! Você nem disse seu nome.
Ele ri como quem diz "agora que você percebeu?".
_ Meu nome é Carlos! _ Diz ainda sorrindo. _ Mas, você também não disse o seu.
_ É Bianca. Tchau, Carlos! _ E volta à sua correria.
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No dia seguinte, Carlos repara no quanto Bianca se dedica ao seu boneco e o quanto se esforça para tentar trazê-lo de volta à vida.
Tem tamanho cuidado, um carinho que ele ainda não havia visto ninguém ter por um boneco de plástico. Precia uma menininha cuidando de sua boneca preferida.
Será uma ótima enfermeira com certeza.
Naquele momento uma voz ecoou em sua mente. Uma palavrinha que faz tanto sentido salta diante de si: "Vocação".
Seu coração acelerou com a constatação da realidade.
Vocação. Era isso!
A palavra entoava em sua cabeça repetidamente.
Vocação!
Aquela garota tinha um chamado. Um chamado assim o dele: o de realizar algo único no mundo. E ela estava disposta a isso.
Será que ele também estava?
Ele olha novamente para Bianca e consegue ver claramente a presença de Cristo em seus movimentos. Aquele brilho no olhar tinha de significar alguma coisa, é claro!
E então ele percebeu que tudo aquilo tinha um sentido por trás.
Na verdade o "Unico" sentindo de tudo.
O Sentido.
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O Caminho
SpiritualO ensino médio chega ao fim e se aproxima o momento de Carlos dar uma resposta à sua vocação. Ao ver seus colegas seguindo caminhos tão diferentes do seu, ele começa a se sentir inseguro em dar um sim uma coisa tão séria que é a vocação sacerdotal. ...