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D E I N E R T

Mais tarde já estava pronta para sair com Noah, usando uma saia preta de tecido que vinha até a cintura, uma blusa de manga por debaixo e meu típico tênis. Confesso que optei pela saia na esperança de acontecer algo, nunca se sabe. Minha dor de cabeça já tinha cessado faz algumas horas e agradeci internamente por isso. Esperei Urrea descer para podermos ir ao cinema. Sua escolha tinha sido Grease e fiquei contente por ele ter bom gosto e ainda me conhecer bem para saber que adoro esse filme. Daqui a pouco vamos estar de volta aos anos setenta. Esse filme é um espetáculo cinematográfico.

Estava na cozinha vendo as garotas se alimentarem antes de ir para tal festa e ouvi meu nome ser chamado. Dei as costas as garotas após me despedir e fui com Noah até seu carro. O céu rosa pastel se fundindo com o laranja, deixou o fim da tarde belo e agradável. Alguns pássaros voavam e cantavam, passando por cima do veículo e abaixei o vidro para sentir a brisa fria contra minha pele. Observei o garoto ao meu lado cantando e fiquei sorridente só de ter sua presença. Eu sempre reparava em cada ato minucioso que ele exercia, nos seus olhos que me transmitiam paixão viva e pura, no seu sorriso que me derretia como manteiga.

Em pouco tempo estávamos dando nossos nomes a recepcionista e entrando para o espaço aberto e amplo. Pedi para ele estacionar um pouco no fundo e pegamos nossas comidas do banco de trás para nossas pernas. Tínhamos parado para comprar umas coisinhas, a fome ia bater uma hora ou outra e precisávamos estar preparados. Alguns trailers já passavam no telão a nossa frente e eu não conseguia escutar direito.

— Você está ouvindo bem? Porque eu não estou. — Reclamei para Noah.

— Por isso eu falei para ficarmos lá na frente. — Rolei os olhos ao ouvi-lo rebater e pedi para que ele ligasse na rádio que o moço havia nos informado um tempo antes.

Com isto, na estação conectada ao telão, ouvíamos claramente agora dentro do carro. Outros automóveis começaram a se aproximar da gente e não durou muito para lotar. A sequência regressiva de números apareceu e o filme iniciou. Devorei meu hambúrguer em segundos, assim como Noah, deixando o barulho dos embrulhos e da sucção no canudo do refrigerante, soar dentro do veículo. A cena de Danny e Sandy cantando, me incentivaram a cantar também, fazendo o garoto ao meu lado rir e me acompanhar em alguns momentos. Ele aplaudiu quando acabou a música e eu empurrei seu ombro, pensando que ele estava zombando de mim.

— Que foi? Você canta bem. — O encarei séria e depois ergui uma sobrancelha.

— Ah, claro. Sou bastante talentosa. — Ironizei.

— É mesmo. Você é incrível no que faz. Você é uma pessoa incrível, Sina. — Olhei para baixo, sem jeito.

Eu amava quando ele tentava me ajudar com certas inseguranças minhas. Elogios vinham a todo instante de sua parte, toda hora se esforçando para me ver feliz, me ver superando meus problemas, me fazer me sentir uma pessoa maravilhosa. Sempre serei grata por tê-lo em minha vida. Noah, sim, era alguém incrível, adorável e talentoso. Me orgulho do homem que ele é e o admiro demasiadamente.

— Gosto de ouvir sua voz, você cantando... É tão doce. — Voltei a fitá-lo, vendo aquele olhar reluzente e sorri amarelo.

— Você sabe como me deixar tímida. — Admiti, rindo levemente. — Obrigada, no entanto. — Concluí.

— Estou sendo sincero. Se você gravasse um áudio cantando para mim, juro que jamais pararia de escutá-lo.

Cobri meu rosto com uma mão e dei risada.

— Para! Vou poupar você disso. — Disse e ele fez uma cara emburrada.

— Nem dez segundos de áudio? — Noah fez um biquinho e eu sacudi a cabeça, me segurando para não rir.

The Reading | NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora