Depois que Grace recebeu alta, Harry nos levou pra casa e passou a noite lá com a gente, por precaução.
Durante uma semana, Tyler não entrou em contato conosco.
Grace ainda não se lembra de muita coisa, apenas que ia se encontrar com alguém mas que recebeu uma pancada na cabeça por trás, e não viu quem a deu.
- Alison? Como vocês me acharam?
Estamos na sala.
- Eu... fiquei procurando pela cidade...
- Mas eu, tipo... eu tinha saído no mesmo dia. Como você sabia que eu estava em perigo?
- Não sei. Acho que foi instinto. Você sempre atende as ligações e responde minhas mensagens.
- Entendi.
Não vou contar a Grace sobre Tyler. Não posso. Se eu dissesse que foi ele, teria que contar sobre nós. Não quero decepciona-la.
Nem consigo imaginar qual seria a reação dela. Ela não o ama, mas o que pensaria sobre mim se descobrisse que eu estava tendo um caso com seu noivo?
Mas eu preciso contar isso a Harry, já que ele está me ajudando. Não quero que ele descubra depois e fique zangado comigo.
A campainha toca. Não morre nem tão cedo.
- Oi Harry!
- Olá. Posso entrar?
- Claro.
Abro espaço e Harry entra, indo cumprimentar Grace.
- E aí, como você está?
- Tô bem melhor. Obrigada.
- Alison, posso conversar com você?
Ele me olha sério.
- Ah, sim. Vamos subir.
Ele me acompanha até meu quarto e assim que entramos eu fecho a porta.
- Então...
- Olha, eu acho que já chegou a hora de você me contar o que realmente aconteceu.
- Como assim?
- Alison.
- Ok. Só promete que não vai me julgar.
- E quem sou eu pra julgar alguém? Pode confiar em mim.
Suspiro.
- O Tyler. Ele é noivo da minha irmã. E bem, eu... eu tinha um caso com ele.
Harry permanece com a mesma expressão então continuo.
- Grace sempre deixou claro que não gostava dele e tudo começou muito do nada, sabe? A gente estava em uma festa de caridade dele e ele me chamou pra conversar em um canto separado. Rolou um clima e a gente se beijou. Só isso. Bom, nesse dia foi só isso. Eu ficava o tempo todo pensando nele e um dia acabei ligando pra ele e a gente se encontrou. E, você já imagina o que aconteceu. Depois nós começamos a nos encontrar com bastante frequência. Só que um dia eu percebi que ele só estava me usando e que poderia fazer comigo o que fazia com a minha irmã. Aí eu terminei com ele. Foi aí que ele começou a me ameaçar até que bateu na Grace.
Harry suspira.
- Por que você preferiu falar comigo do que com a polícia?
- Você mesmo disse que a justiça não fez nada quando seus pais morreram. E além do mais, eu teria que explicar o motivo das ameaças e da agressão e bom, eu não quero que a Grace saiba.
- É, mas você precisa contar a ela alguma hora.
- Eu sei.
Abaixo os olhos.
- Olha - Harry se aproxima - Relaxa, eu vou cuidar de vocês.
Então sem nem pensar, eu o beijo.
Tyler narrando:
Aquela miserável da Alison não parece ter se importado muito com a cara quebrada da irmã. Mesmo depois do que fiz com Grace, ainda assim ela não entrou em contato comigo.
Estou cansado disso. Não quero apelar pra algo mais sério mas parece que não tenho escolha.
Grace narrando:
Já se passou uns dias desde que Alison e Harry me acharam na praça bastante ferida.
Não sei o que aconteceu porque apesar do tempo que passou ainda não consigo me lembrar de nada, mas sei que eles estão me escondendo alguma coisa.
Será que sabem quem foi? Se sabem, por que não querem me contar? E será que Harry é mesmo tão confiável assim?
Alison narrando:
Hoje tenho uma entrevista de emprego em uma confeitaria. Sou péssima em qualquer coisa que envolva comida que não seja comer, mas o trabalho é pra limpar, então estou tranquila.
Harry se ofereceu para ir comigo mas eu disse que não precisava. Sei que posso estar correndo perigo, mas não quero deixar de viver minha vida.
Vou caminhando até o ponto de ônibus mas como o ônibus demora muito decido pedir um carro de aplicativo.
Enquanto aguardo o carro chegar, o que não deve demorar nem dez minutos, um cara se aproxima de mim.
- Olá. Tá esperando o ônibus que vai pro centro?
- Não. Ele demora muito.
- É. Você quer uma carona? Meu carro tá bem ali.
O encaro.
- Na verdade não. Tô esperando meu namorado. Ele já tá bem perto - minto.
- Ok. Então acho que precisamos ser rápidos.
Ele me agarra a força e me joga dentro de um carro que se aproximou de nós enquanto ele falava.
Tento gritar mas ele cobre minha boca com a mão.
Tento morder seus dedos mas ele aperta meu rosto com força.
- Fica quieta!
Tento chuta-lo várias vezes, e acabo acertando um chute em sua barriga. Ele grita e me dá um soco na costela.
- Ai! - Grito de dor.
- Cala a boca sua vaca, senão eu te mato!
Fico quieta e começo a chorar.
Merda! O que vou fazer?
Harry narrando:
Estou na casa de Alison, porque Grace me ligou dizendo que ela já tinha saído faz horas e não atendia as ligações
Ficamos preocupados e decido ligar para ela mais uma vez.
Caixa postal. Então deixo um recado.
- Ei, cadê você? Tá tudo bem? Se estiver, me retorna aí. Eu e sua irmã estamos preocupados. Me liga, beijo.
Olho para Grace e balanço a cabeça. Ela suspira.
- Tenho certeza que não tá tudo bem. Ela com certeza me atenderia depois do que aconteceu. Não me deixaria preocupada assim.
- Também acho.
- Você precisa ir atrás dela. Vai na confeitaria que ela ia fazer a entrevista e vê se ela apareceu por lá.
Concordo com a cabeça.
- Vou te mandar o endereço por mensagem.
- Beleza.
Saio rapidamente e entro no meu carro.
Começo a dirigir em linha reta e chega a mensagem de Grace.
Louis Street, 369, Centro.
- Vamos lá. Vou te salvar gatinha.
Vou em direção a confeitaria e ao chegar lá uma mulher de meia idade me recebe com simpatia.
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Obsessão
Teen FictionQuando o amor se transforma em obsessão, alguém sofre as consequências.