Capítulo 4

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Tyler narrando:

O momento com Grace foi ótimo, mas nem se compara com o que sinto quando estou com Alison. O maior problema disso tudo é que eu sei que ela não vai desistir. Não sei o que fazer. Mas certamente dormir com a irmã dela – mesmo que seja minha noiva – não foi a melhor opção. Se Alison descobrir tenho até medo do que ela é capaz de fazer. Eu amo essa garota, apesar de toda a sua loucura. Sinceramente, Grace é até legal, mas nem chega aos pés da irmã. Saí no meio da noite da casa de Grace, para que Alison não me visse. O que menos preciso agora é uma crise de ciúmes.

Assim que amanhece, mando uma mensagem para Alison, a culpa me consumindo.

"Podemos conversar, como pessoas civilizadas?" - digito.

Demora uns vinte minutos pra chegar a resposta.

"Sobre o quê exatamente?"

"Sobre nós."

"Nós? Pensei que não existisse mais nós."

"Sempre existirá nós. Eu amo você. Só preciso de um tempo. Pra digerir isso."

"Tempo? Para de ser covarde, Tyler. Você quer é me usar como distração. Mas, agora eu tenho a minha distração. Fica em paz, adeus."

"Por favor. Só quero conversar."

"Tudo bem, a última vez."

"Ok. Eu te encontro na Starbucks da Rua 84"

"Tá. Se demorar mais que cinco minutos, vou embora."

Caramba! Não sei o porquê, mas não consigo me afastar dessa mulher. Acho que o que tem entre nós é único, e algo na loucura dela me atrai.

Alison narrando:

Idiota. Eu sabia que Tyler não conseguiria ficar sem mim. Pra mim já chega de bancar a louca dependente. Agora ele vai fazer tudo o que eu quiser se não pretende que seus segredinhos se espalhem.

Peter saiu assim que o dia clareou. Eu ofereci para que ele tomasse café mas ele disse que queria fazer isso com a mãe.

Fofo.

Desço para a cozinha e Grace, por um milagre, ainda não está lá.

Pego dinheiro em um pote em cima da geladeira e saio pra comprar pão. Começo a andar pela rua e aceno para as pessoas, especialmente para os garotos que parecem nunca ter visto uma mulher tão gata quanto eu. Talvez não tenham mesmo. Até que um deles me chama.

- E aí?

Reconheço ele. É Harry, meu vizinho. Ele tem uns 18 ou 19 anos e é bem gatinho. Ele passa a mão em seus cabelos lisos e escuros na tentativa bem sucedida de chamar minha atenção.

- E aí, Harry?

Os garotos que estão com ele começam a dar gritinhos tipo: "uh"

- E aí, galera. - Dou um soquinho na mão deles assim que me aproximo.

Não conheço todos, mas sei que estão sempre se metendo em problemas.

- Tá indo aonde gatinha? - Pergunta Tom, um dos que eu conheço.

- Não é da sua conta.

- Ui, é segredinho? - Ele se aproxima e segura meu cabelo pela nuca.

- Baixa a bola, Tom - Diz Harry e Tom se afasta. - Não liga pra ele. É do tipo que acha que todo mundo é afim dele.

Ele sorri. Putz.

- Bom, já faz tempo que a gente não se vê, né? Pelo menos um ano. - Sorrio de volta.

Desde que eu comecei a me relacionar com Tyler me afastei de um monte de gente. Só sabia pensar nele, então na época nem me importei. Mas agora, que se dane.

- É verdade. Será que rola da gente se encontrar?

- Com certeza, tá com o celular aí?

- Tô - Ele desbloqueia e me entrega.

Vou nos contatos e adiciono meu número.

Salvo como "a melhor".

Soberba? Nunca nem vi.

Ele ri.

- Como você sabe que é a melhor? - Ele sussurra a última palavra.

Me aproximo do seu ouvido.

- É o que dizem. Talvez você descubra.

Ele me encara sorrindo e eu vou em direção a padaria ainda conseguindo ouvir os amigos dele gritando alguma coisa aleatória e sem sentido.

Entro na padaria e a fila está enorme. Saco.

- Bom dia! - Me cumprimenta uma menina de cabelo cacheado.

- Bom dia, eu te conheço? - Sorrio falsamente.

- Não, sou Maria.

Ela estende a mão, e eu não aperto.

- Sou Alison, prazer.

Chega a minha vez e eu pego o pão, dou o dinheiro e saio.

Ao chegar do lado de fora, percebo que que Maria está me seguindo.

- Precisa de alguma coisa? - Me viro para ela.

- Bom, eu vi você conversando com os meninos. - Ela aponta para o grupinho de Harry, que está parado no mesmo lugar.

- E daí?

- Daí que o Tom é meu namorado.

- E daí? - Repito.

Ela me encara, perplexa.

- Relaxa garota, não gosto de otários narcisistas.

Ela levanta uma sobrancelha e eu vou para casa.

Ao chegar, Grace ainda não desceu, o que é super estranho, já que ela sempre acorda cedo.

Bato em sua porta, e como ela não responde, entro.

- Grace? Tá acordada? Eu comprei pão.

Vou até a cama dela e a mesma está apagada. E nua.

Será? Merda.

- Grace?

Ela abre os olhos depois de eu ficar uns dois minutos sacudindo ela.

- Mas o que foi agora, Alison?

Ela grita e eu paro de a balançar.

- Pensei que você tava morta.

Ela resmunga.

- Eu só estou cansada. Sai daqui, me deixa dormir.

- Ok. Eu comprei pão, mas se você demorar a descer vou comer tudo sozinha.

Ela revira os olhos e vira de costas pra mim.

Ok.

Vou até a cozinha, tomo meu café e lavo a louça. Inclusive a da noite anterior.

Pelo que parece, Grace subiu com Tyler e esqueceu da vida.

Assim que acabo vou até meu quarto e tem mensagem de Peter.

"Bom dia de novo. Então, aquilo que você falou...sobre sermos namorados...continua?"

Merda. Até esqueci disso. As vezes eu falo algumas coisas por falar e o povo leva a sério.

"Não. Mas podemos continuar com o plano. Obrigada de novo ️❤️"

Coloco um coração pra não parecer fria, afinal Peter foi um excelente ator e levou o papel a sério, até depois do jantar.

"Ok. Conta comigo." - Ele responde.

Peter é um cara legal, educado e super leal, me sinto culpada de usá-lo.

Mas, como sempre, a culpa passa rápido.

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