Alison narrando:
Acordo em um quarto grande. Estou deitada em uma cama de casal e quando tento me mexer percebo que minhas mãos estão amarradas na cabeceira.
- Ei! - Grito.
Nada. Ninguém. Só o silêncio.
- Tem alguém aí?
Nada de novo.
Depois de uns vinte minutos, um cara aparece. Ele deve ter uns vinte anos.
- Eu trouxe comida e água. Come.
- Não tô com fome.
Mentira. Eu sempre estou com fome. Mas vai saber se isso tá envenenado?
- Não tá envenenado não - Ele fala como se lesse meus pensamentos.
O encaro por uns segundos.
- Tá. Mas como eu vou comer com as mãos amarradas?
- Pensei que comesse com a boca.
- Haha - finjo uma risada - E como eu vou pegar? Com os pés?
Ele revira os olhos.
- Eu te dou na boca - Ele sorri com o canto dos lábios.
- Cuidado pra eu não me apaixonar - digo debochada.
Ele ri.
- Olha, se você ficar gritando igual tava antes, o chefe vai ficar bravo.
- Chefe?
- O cara que me contratou.
- E quem é ele?
- Para de falar. Eu sou gente boa mas posso ser ruim também.
- É, nossa! Super gente boa! Deveria ganhar um prêmio por me sequestrar, inclusive.
Ele suspira.
- Eu só preciso do dinheiro. Mas isso não é da sua conta.
- Tem razão. Mas é a minha vida. Vocês vão me matar?
Ele me encara assustado enquanto me dá água.
- Claro que não. Quer dizer, pelo menos o chefe disse que não.
- Entendi. Mas seu amigo não parecia gente boa não. Me deu um socão na costela.
- Eita. É, ele é... bem, um cara esquentado.
A porta se abre e o cara-que-gosta-de-socar-costelas entra.
- Acabou a conversinha. Sai daqui - Ele se dirige ao cara.
O cara-aparentemente-legal sai sem falar nada.
- E aí, gracinha, dormiu bem?
Ele se senta na cama com um sorriso presunçoso.
Não respondo.
- O gato comeu sua lingua, é? - Ele passa a mão na minha perna.
- Não me encosta!
- Vai fazer o que? Gritar?
Rio.
- Você é um babaca. Aposto que não aguentaria uma briga com um cara do teu tamanho.
Ele levanta da cama e se abaixa pra olhar meu rosto.
- Você é bem gostosinha. Pena que o chefe disse que você é dele. Realmente uma pena - Ele alisa meu rosto com a ponta dos dedos.
Ele sai do quarto e fecha a porta.
Horas e mais horas se passam sem que ninguém volte. Começo a sentir vontade de ir no banheiro quando o cara-aparentemente-legal volta.

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Obsessão
JugendliteraturQuando o amor se transforma em obsessão, alguém sofre as consequências.