Capítulo 9

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Alison narrando:

Acordo em um quarto grande. Estou deitada em uma cama de casal e quando tento me mexer percebo que minhas mãos estão amarradas na cabeceira.

- Ei! - Grito.

Nada. Ninguém. Só o silêncio.

- Tem alguém aí?

Nada de novo.

Depois de uns vinte minutos, um cara aparece. Ele deve ter uns vinte anos.

- Eu trouxe comida e água. Come.

- Não tô com fome.

Mentira. Eu sempre estou com fome. Mas vai saber se isso tá envenenado?

- Não tá envenenado não - Ele fala como se lesse meus pensamentos.

O encaro por uns segundos.

- Tá. Mas como eu vou comer com as mãos amarradas?

- Pensei que comesse com a boca.

- Haha - finjo uma risada - E como eu vou pegar? Com os pés?

Ele revira os olhos.

- Eu te dou na boca - Ele sorri com o canto dos lábios.

- Cuidado pra eu não me apaixonar - digo debochada.

Ele ri.

- Olha, se você ficar gritando igual tava antes, o chefe vai ficar bravo.

- Chefe?

- O cara que me contratou.

- E quem é ele?

- Para de falar. Eu sou gente boa mas posso ser ruim também.

- É, nossa! Super gente boa! Deveria ganhar um prêmio por me sequestrar, inclusive.

Ele suspira.

- Eu só preciso do dinheiro. Mas isso não é da sua conta.

- Tem razão. Mas é a minha vida. Vocês vão me matar?

Ele me encara assustado enquanto me dá água.

- Claro que não. Quer dizer, pelo menos o chefe disse que não.

- Entendi. Mas seu amigo não parecia gente boa não. Me deu um socão na costela.

- Eita. É, ele é... bem, um cara esquentado.

A porta se abre e o cara-que-gosta-de-socar-costelas entra.

- Acabou a conversinha. Sai daqui - Ele se dirige ao cara.

O cara-aparentemente-legal sai sem falar nada.

- E aí, gracinha, dormiu bem?

Ele se senta na cama com um sorriso presunçoso.

Não respondo.

- O gato comeu sua lingua, é? - Ele passa a mão na minha perna.

- Não me encosta!

- Vai fazer o que? Gritar?

Rio.

- Você é um babaca. Aposto que não aguentaria uma briga com um cara do teu tamanho.

Ele levanta da cama e se abaixa pra olhar meu rosto.

- Você é bem gostosinha. Pena que o chefe disse que você é dele. Realmente uma pena - Ele alisa meu rosto com a ponta dos dedos.

Ele sai do quarto e fecha a porta.

Horas e mais horas se passam sem que ninguém volte. Começo a sentir vontade de ir no banheiro quando o cara-aparentemente-legal volta.

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