Uchiya

Capítulo 11 - Encontro natalino

Era dia 23 de Dezembro e o dia do encontro entre Uchiya e Taemy tinha chegado. O dia caiu numa terça-feira. O que era algo bom pois ela acreditava que os restaurantes não ficariam tão lotados. Ela acordou cedo para preparar todos os possíveis tipos de conversas que poderiam ter. Não queria ser pega desprevenida.

Às sete da manhã já estava correndo na avenida. O sol estava baixo e o calor que ele passava não era grande. Era uma manhã calma e refrescante. Perfeito para dar uma corrida. Mizu, sua amiga, também gostava de correr e já havia participado de algumas maratonas. Mas Mizu tinha o hábito de acordar muito cedo, então corria ao amanhecer, por volta das 5 da manhã. Taemy correu a avenida por 40 minutos. Deu 2 voltas e resolveu passar numa no final da avenida no qual vendia água de coco. Era um lugar bastante conhecido, desde que Taemy se entendia por gente, a casa sempre vendeu água de coco. O dono era um senhor japonês que Taemy já tinha escutado histórias sobre ele mas nunca perguntava pessoalmente. Ouviu falar que ele foi ao Japão jovem e ficou por anos trabalhando com maquinário pesado e voltou com bastante dinheiro que resolveu abrir uma loja de água de coco e viver confortavelmente. Ouviu falar também que ele sempre contava histórias da vida dele no Japão se alguém o perguntasse. Ela queria ir logo para a casa então só pediu o coco e se sentou para toma-lo.

— Ora ora quem eu encontrei. Taemy.

Taemy saltou num susto mas conhecia aquela voz. Era Rafael, o baterista. Ela tinha esquecido que ele também gostava de correr na avenida. E lembrou que queria falar dele para Mizu. Na verdade, apresenta-lo à ela.

— Vô, vou sentar aqui com ela. Me dá uma água também. — pediu Rafael para o japonês enquanto se sentava na cadeira em frente a dela.— Ele é seu avô? Sério? — indagou Taemy. Um tanto chocada, pois Rafael não era japonês e parecia não ter descendência nenhuma.— Claro que não. Eu chamo ele assim porque o conheço há anos. Eu moro ali naquela casa verde — apontando para uma casa ao fundo da rua onde estavam — então sempre passo por aqui. Já conhece a história do velho?— Ouvi falar. Meus avós conhecem ele.— Então quer dizer que você não ouviu dele? — perguntou com um sorriso malicioso. Taemy não estava entendo o que ele queria com tudo isso.— Não. — Taemy deu de ombros.Rafael suspirou enquanto se acomodava na cadeira e disse à Taemy que ela tinha que ouvir a história da boca do velho senão não teria graça.— Obrigada vô e veja esta garota — apontando para Taemy — faça questão de contar sua jornada para ela da próxima vez que ela vir aqui. Tudo bem?

O japonês sorriu e acenou com a cabeça. Rafael tinha um jeito misterioso que era difícil de decifrar. As pessoas nunca sabiam se estava falando sério ou brincando, se estava falando a verdade ou apenas sendo sarcástico. As únicas pessoas que estavam acostumadas com o jeito dele era apenas o pessoal da banda. Para Taemy era difícil entende-lo. Rafael sabia que Uchiya estava interessado nela. Sabia que ela era a primeira que Uchiya tinha intenções sérias, depois do incidente, e queria fazer questão que Uchiya não se magoaria depois. Mas quando a encontrou na apresentação que fizeram no bar, num pequeno relance, ele percebeu que não era o tipo de garota que Uchiya se interessaria. Então achou estranho no começo. Depois disso, durante as conversas que fizeram no bar e durante as músicas que tocavam, começou a entender o motivo do interesse. Ela era uma garota que todo rapaz se interessaria, ela tinha um pouco de tudo e muito em diversas partes. Rafael confessou para si mesmo que também ficou encantado por ela. Quando a encontrou correndo, teve dificuldades de conter seu sorriso e felicidade. Descobriu que também gostava de correr e a versão esportiva de Taemy, pensou Rafael, era espetacular. Agora, novamente, diante dela, era incapaz de esconder seu lado paquerador mas percebeu que Taemy não dava a mínima. Precisava se controlar pelo Uchiya. Despediu-se dela mas sabia que seria difícil controlar seus sentimentos.