Capítulo 1 - A menina que gosta de panturrilhas

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Taemy se prepara para mais um dia de estudos na sua nova rotina de universitária noturna. Ela ainda não havia se acostumado com o fato de estar cursando à noite. Pensava que apenas pessoas velhas e proletariados estudavam nesse período. Tiemi não trabalhava e se sentia estranha naquela universidade cheia de pessoas acima dos 30 anos. Porém ela continuava firme em seus estudos e como habitual, chegou no ponto à espera do ônibus que a levaria para a universidade. Ela era caloura, estava no primeiro semestre e exatamente no terceiro dia de aula.

Se aproximando do ponto de ônibus, à espera do 70, Taemy se depara com um garoto de fone ouvindo um suposto The Strokes esperando juntamente com ela. Ele tinha uma estatura baixa, devia ter por volta de 1,70m de altura, e utilizava roupas confortáveis de academia. Moletom e uma sacola vermelha miúda de tecido. Seu rosto possui traços bem definidos. Ela podia ver o contorno do seu maxilar e seu pomo de Adão do tamanho perfeito. Seus olhos pareciam com os dela, puxados. Sua boca fina já era oposta a dela, suave e hidratada. O cabelo raspado na máquina 3 o fazia parecer um jovem sonhador dos tempos de guerra e sua fisionomia demonstrava que ele sim, realizava treinamentos musculares contínuos. Essa era uma habilidade de Taemy: realizar essas observações em poucos segundos sem que ninguém percebesse.

Taemy imediatamente se sentiu nervosa em sua presença. Já havia começado o seu ritual característico de quando encontra alguém do seu tipo ideal. Começou elaborar possíveis realidades de encontros casuais com o rapaz. É sua má mania e sempre fugia de controle. No entanto, uma qualidade que ela possuía era a capacidade de ser discreta não importa a situação. O rapaz não percebeu nenhuma diferença no clima e aura do ambiente. Porque:

a) Ele provavelmente não queria saber dela e se concentrava em sua música (um suposto The Strokes)
b) Era um tapado genuíno que nunca entende a situação em que se encontra
c) É hábil no reconhecimento de mini expressões faciais e com certeza soube logo de início das esquisitices de Tiemi para com ele

Reposta correta: a.

O ônibus não demorou a chegar. Logo foram entrando as demais pessoas que se encontra no ponto. Taemy foi esperta e quis entrar logo após aquele rapaz. Tipicamente cheio, o ônibus acelerava numa velocidade mais rápida que o normal. Ela tinha conseguido a proeza de ficar ao lado do rapaz que agora o chamarei de Uchiya porque:

a) Nome que acabei de inventar para acabar com essa repetição de palavras e pronomes
b) É um nome bonito e usual para um rapaz asiático
c) A autora demasiadamente estranha sonhou com o rapaz e nesse sonho ele tinha esse nome
d) É na verdade o nome verdadeiro do mais novo crush da autora

Resposta Correta: c.

Para Taemy, Uchiya; sim, parecia um homem, não apenas um rapaz com cheiro juvenil e ambicioso mas sim um homem forte, maduro e responsável que, com uma vida agitada, só queria um pouco de boas melodias durante seu trajeto até sua casa. Assim, o percurso até a universidade foi dessa maneira: Um ao lado do outro com leves toques entre seus braços devido ao movimento do ônibus nas ruas esburacadas da cidade. Taemy se dirigiu até a saída do ônibus e ao passar por ele constatou e reafirmou sua habilidade de reconhecimento de comportamentos humanos. Ele estava escutando The Strokes. Assim acaba a história dela e de seu crush instantâneo Uchiya, e Taemy se encaminha até sua respectiva sala para uma aula tediosa de componentes eletrônicos.

Sua sala era composta em sua maioria por estudantes do segundo semestre do seu curso e poucos primeiranistas. Além do fato de existir apenas 3 mulheres cursando nesses dois semestres. Ela ainda não tinha entendido o sistema de horários de sua grade. Dessa maneira, como habitual, ela sentou no fundo e ficou quieta em seu canto sem trocar palavras com ninguém. Passados 5 minutos de aula a porta se abre e entra um rapaz muito parecido com o qual ela criastes histórias em sua cabeça. O mais incrível era que sim, era o rapaz que escutava The Strokes. Taemy não acreditava na Quinta Dimensão, nem em destinos, nem em coincidências. Para ela, aquilo acabou sendo... sorte.

Ele logo se sentou atrás de dela na fileira ao lado. Assim, ficou impossível para Tiemi deslizar seu olho para trás. Seria um tanto suspeito. A aula continuou e em algum momento o professor pediu para que os primeiranistas se apresentassem. E assim foi indo, de fileira em fileira, até chegar a sua vez. Uchiya falou seu nome e sua profissão. Logo Taemy descobriu que suas especulações estavam mais que certas. Ele era fisioterapeuta. Ela também teria que se apresentar e iria morrer de vergonha por falar que não trabalhava. Porém, a vez dela não chegou. O professor parou com as apresentações logo antes. A sorte estava ao lado dela nesse dia.

Ela então entrou num monólogo mental tentando entender a razão dele não aparecer nos dois dias anteriores, visto que ele era do primeiro semestre. Ela sabe que os estudantes podem fazer ajustes no horário conforme for melhor para eles. Assim ela deduziu que ele só faria aquela matéria em sua sala. O que a desanimou um pouco. Após a aula ter acabado Uchiya entrou num corredor que não o levava a saída da universidade. Taemy achou estanho, visto que ela só conhecia uma entrada/saída. Ela depois descobriu que ele sempre ia embora por aquele lugar.

Outra esquisitice dela era observar a panturrilha (sim, panturrila) das pessoas. Ela gostava de panturrilhas bem definidas e Uchiya se encaixava nessa categoria e fez com que ele ganhasse pontinhos a mais na escala de tipo ideal dela. Ela odiava, no bom sentido, quando pessoas andavam com as mãos no bolso, as deixavam com um aura tão descolada no qual ela nunca fica. Ele era um desses que não precisava andar com as mãos no bolso para ficar descolado mas mesmo assim ele andava o que o deixava bem acima na ideologia do descoladismo. Era uma pena que ela só o veria uma semana depois.

No dia seguinte a aula aconteceu no laboratório. Depois desse dia ela percebeu que tinha um garoto que estava possivelmente interessado nela. Ele se chamava Diogo e era a única pessoa que cumprimentava ela. Diogo era simpático mas ela o achava um tanto estranho. Ele esperou Taemy sentar em uma fileira para depois sentar ao lado dela. Ele com certeza sabe que ela havia percebido seus movimentos. Como era a primeira aula daquela matéria, o professor explicou assuntos que ela já conhecia o que a deixou entediada. Ao lado, Diogo mexia no computador e fazia algumas tarefas mais avançadas sem prestar atenção no professor. Tiemi ficou impressionada por ele já ter esse conhecimento mesmo estando no segundo semestre. O que deixou-a motivada para aprender mais e praticar.

A próxima aula aconteceu na outra semana, na terça-feira. Essa era uma aula realizada em outro bloco juntamente com outras turmas. A sala ficava sempre cheia. Era sempre vergonhoso para ela entrar numa sala daquele tamanho. Como a porta ficava na frente, todos viam qualquer um que entrasse. Ela era rápida e sentava sempre no fundo da primeira fileira. A aula de terça-feira foi normal como sempre. Taemy sempre prestava atenção no intérprete de libras que traduzia a aula para um aluno com surdez. Ainda era um sonho aprender essa linguagem. Quando a aula acabou foi rápida ao sair. Chegando na porta do bloco encontrou Uchiya. Ela levou um susto interno pois pensava que só o veria na quinta. Mas parece que não. Ele estava presente naquela aula. Taemy não o viu pois a sala era enorme. Então soube que ele faria todas as matérias junto com sua turma. O que achou incrível. Ela também percebeu que sua mochila era diferente. Parecia mochilas de pessoas nômades que viajavam sempre. Era grande e coberta de bolsos. Ele atravessou o bloco e foi em direção àquela saída alternativa que ela não conhecia. Taemy então:

a) o intercepta e finalmente conversa com ele
b) começa a cantarolar uma música para ver se ele reage
c) apenas anda a passos largos para ficar ao lado dele até os caminhos se divergirem
d) fica o olhando de longe e observando sua canela

Resposta correta: c mas poderia ser d.

Flora, sua amiga, insistiu para que Taemy arranjasse um jeito de puxar conversa com ele. Mas até então ela não sabia como. E mesmo se soubesse não o faria por ser tímida. As aulas não possuíam intervalo algum. Eram 3 horas direto sem interrupção. Como iria se aproximar dele e começar um papo? Ela apenas se conformava em espiá-lo de longe esporadicamente. E sua meta não era tão difícil como conversar, ela só queria sentar ao seu lado. E a conversa só seria consequência. Quem sabe ela não faria isso no dia seguinte?

A continuação vai depender de:
a) tempo vago na vida da autora
b) imaginação e disposição
c) momentos reais entre Uchiya e Taemy

Resposta correta: todas as anteriores

UchiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora