A noite fria e nebulosa ressaltava o pior da capital.
Tudo... Quieto.
As ruas tão desertas ficavam ainda mais sombrias no inverno, o vento que normalmente balançava as árvores com sua canção macabra, havia parado restando um silêncio desesperador.
Eles estavam vindo.
Ruas que a maioria das crianças nunca haviam pisado. Crianças que estavam silenciosas, rezando por proteção.
Os pais já não reagiam mais, só restou os incessantes arrepios e os olhos vidrados. Todo traço de emoção foi sugado.
Todos sabiamente escondidos.
Menos Lia, que andava no canto da principal avenida. Coberta por seu manto preto ela se mesclava às sombras, seus olhos azuis cintilando com um brilho sanguinário enquanto brincava com a faca no bolso.
Se acomodando nas sombras como se fosse um trono, e esperou.
Ela estaria preparada dessa vez.
Não iria falhar....
Nick sentia seus batimentos cardíacos acelerando enquanto o trem os levava para a capital. Ao seu lado, seus colegas mais velhos riam do seu nervosismo.
- Ô princesa, seu lugar é no castelo!
Gritou o chefe da gangue, um menino de uns dezoito anos, forte e alto.
Ele fazia lembrar Nick de um conto de quando era criança, sobre um homem muito forte e bruto mas que era facilmente enganado pelo seu irmão mais novo. O que Mathias tinha de músculos era compensado com uma total falta de cérebro.
Nick fechou as mãos em punho.
- É Cinderela, por que não volta pro seu príncipe encantado?
Diz Igor num sorriso que Nick apelidara mentalmente de hiena.
Ele ignorou, mas ele conseguia sentir a raiva subindo a garganta como um refluxo.
" Só mais quatro paradas. Só quatro."
E ele repetia mentalmente como um mantra enquanto os meninos mais velhos continuavam zombando dele.
Sua mão repousava insistentemente na sua faca designada.
Sorteava-se armas para todos os companheiros, uma medida mais "justa", dizia o rei, mas Nick duvidava. Principalmente quando alguns treinavam muito mais do que outros.
O trem já dava sinais de parada quando as mãos dele começava a suar, era a primeira vez dele, ele pensava arqueando as sobrancelhas.
Ele provaria seu valor, mesmo que tivesse que matar.
Esse pensamento provocou arrepios na sua nuca. Ele nunca havia sido do estilo violento, mas faria qualquer coisa para ser mais do que uma vadia qualquer.
Sentindo o reconfortante peso da faca nas mãos ele fechou os olhos e expirou fundo, se preparando, se desligando momentaneamente da sua humanidade. Quando ele abriu os olhos suas pupilas estavam dilatas como um animal selvagem. Frias.
E quando as portas se abriram ele não olhou para trás, penetrando nas sombras como um caçador atrás da caça.Pessoal se vocês gostaram desse capítulo deem um voto que assim me incentiva a publicar mais.
Até mais,
Fer
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Prometidos
ParanormalUm país quebrado governado por um rei corrupto e violento, com uma corte de mentiras e um exército poderoso. Um garoto e uma garota, dois destinos entrelaçados. Nikolai está na corte. Todos os seus pesadelos se realizaram ele foi vendido pelo seu...