01. Piloto

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Neuruppin, Alemanha - 30 de Outubro de 1853.

Acordei por volta de 08:30 da manhã. Abri os olhos lentamente, me espreguiçando na cama. Estava sentindo frio. Devia estar -1 grau pois era impossível ficar com poucas roupas. Me enrolei no cobertor e fui em direção a janela. Abri as cortinas e sorri com o que eu vi. O chão da sacada estava branco completamente. Estava nevando e isso combinava mais com aquele clima de baile de máscaras com ar circense. Adoro neve e aquilo me animava. Sabia que a noite, na hora do baile, poderia estar, no mínimo -5 graus, até mesmo -10 graus, mas aquilo me deixava mais ansiosa para ir. Peguei uma roupa quente, vesti e saí do quarto, para ver se tinha alguém em casa.

Desci as escadas enormes, ouvindo um falatório vindo da cozinha. Mamãe e vovó estavam conversando, falando de mim.

- Não sei mãe, a Helena preocupa-me. -Disse minha mãe.

- Porque filha? Helena não faz nada que nos preocupa realmente. Ela estuda muito, lê muito, interage conosco e sai pouquíssimo! As vezes, penso eu que Helena não tem 25 anos, mas sim, 50. -Disse minha avó, deixando-me boquiaberta.

- Então mãe... Isso preocupa-me! Helena estuda muito!! Ela tem pouquíssimos amigos, não sai e o mais preocupante... Não namora! Tenho medo de acabarmos partindo e ela ficar sozinha, desamparada. Ela já tem 25 anos mãe... Com a idade dela, tinha dois anos de casada e a esperava em meu ventre!

- Filha, também preocupo-me com isso... Todas as meninas da Corte estão praticamente de casamento marcado! Mas não iremos pressioná-la a nada, lembraste que ela fez prometermos isso. -Finaliza minha avó, tomando o seu café rotineiro.

Mamãe apenas ficara calada. Aquilo a preocupara demais. Eu não acreditei naquelas palavras que ouvi. Estar solteira era algo terrível para elas. Estudar e adquirir conhecimento era mais terrível ainda!! Aquilo era revoltante!!!

Subi para o meu quarto novamente. Entrei, fechei a porta e me tranquei. Aquilo me deixou nervosa, irritada! Abri a porta da sacada e um vento frio entrou pelo meu quarto. Sai e fiquei um tempo ali. Meu quarto era o maior e mais alto do Castelo. Conseguia ver toda Neuruppin dali. Olhar aquela cidade que não parava de crescer, era relaxante.

Resolvi pegar um cobertor, me enrolar nele e ficar um tempo ali fora, vendo a neve cair. Então eu entrei, peguei o cobertor mais pesado que tinha no quarto e fui para a sacada. Minhas pegadas ficaram marcadas na neve e aquilo me fazia sorrir. Encostei as portas da sacada pelo lado de fora, me enrolei no cobertor, deitei na espreguiçadeira que tinha ali e fiquei curtindo a neve e pensando como seria o baile mais tarde.

O MascaradoOnde histórias criam vida. Descubra agora