(Notas: nessa pequena parte, recomendo ouvir a música Rosenrot da banda Rammstein. Leia sem pressa e curta bastante a música!)
Roupas coloridas. Malabares. Risadas. Bebidas. Músicas. Danças.
Tinha me perdido das meninas, com aquela bagunça e som alto. Resolvi sentar em um luxuoso sofá de couro negro com pequenos detalhes em branco, que tinha na sala de estar. Resolvi ficar ali, ouvindo a banda Rammstein tocar e olhando os malabaristas fazendo seus gestos e movimentos, tentando acompanhar o toque sombrio e fúnebre da música.
- Com licença, posso me sentar? - Disse uma voz rouca.
Virei os olhos para olhar. Apenas enxerguei dois olhos negros, me perfurando como lâminas. Balancei a cabeça positivamente.
Depois de alguns minutos, o rapaz insistiu em conversar novamente.
- Me daria a honra de saber o seu nome, milady?
- Thorsten. Helena Thorsten.
Ele ficou mudo. A família Thorsten foi a família que praticamente fundou Neuruppin. E é, também, a família mais rica da cidade. Odiava isso e queria mudar de assunto.
- E o seu nome? -Olhei para ele, que se assustou.- Não irei saber?
Ele demorou um pouco para responder. Me arrependi de ter falado meu nome.
- Ahn... meu nome é... é...
(Música off)
- Helena, acorda logo!!! Meu Deus, como não congelou aqui fora?!
Abri meus olhos lentamente, tentando acordar e tentando raciocinar sobre o meu sonho que não entendera nada.
- Graças a Asgard que acordou!! Pensei que tinha morrido! Olha como está branca! Está mais do que o normal! -Disse Isabella, toda preocupada.
Isabella Bernhard. 26 anos. Uma das minhas melhores amigas. Isabella se preocupa muito comigo, acho que pelo mesmo motivo que minha avó e minha mãe. Ela está noiva de Henrich, um cara que ela não suporta nem olhar na cara. E para piorar um pouco a situação dela, ela é apaixonada pelo Edward Sven, que tem a mesma idade que ela e é nosso amigo. Ela sempre diz para mim "ainda terminarei esse noivado falido e serei feliz com meu grande amor!".
- Oi Isabella, eu dormi na varanda? -perguntei meio sem entender o que havia acontecido.
- Não Le (Isabella e minhas amigas me chamavam assim. Achava fofo e eu gostava, mas apenas elas poderiam me chamar assim). Você quase se matou na sacada.
Outro detalhe de Isabella, ela era MUITO dramática. Tudo a sua volta envolvia uma cena de drama. Ignorei aquilo, pois estava acostumada com aquele jeito dela, que eu adorava mesmo assim.
- Eu tive um sonho estranho Isa.. Nem sei explicar. -Disse confusa, esfregando os dedos nos olhos, na tentativa frustrante de acordar.
- Aposto que sonhou com um cara de seus milhares de livros ou então com suas fórmulas e elementos! -Isabella adorava jogar na minha cara que eu perdia muito tempo estudando. Ela achava bom eu estudar, mas eu deveria diminuir o meu ritmo.
- Rárá, sua sem graça. -Disse sem humor- Estava no baile, eu tinha me perdido de vocês e... Sei lá de onde apareceu um rapaz querendo conversar comigo, mas eu não consegui ver nada dele. -Contei meia corada.
- Nossa, você conhecendo homens anônimos em sonhos?! Que interessante isso!
Mostrei a língua a ela e a mesma continuou falando.
- Ah e que horas vai começar a se arrumar? Pelo menos sabe que horas são?
- Não faço a mínima noção! -Comecei a fazer drama e ela riu.
- Sua bobona, vá se arrumar, sabe que roupa colocará?
Olhei a minha volta e ví um vestido simples, cor nude com rendas, jogado no pequeno sofá, no canto do meu quarto.
- Ah não! Não, não e não! Pelo amor de Odin, aquela coisa velha, feia e sem graça de jeito nenhum!!
- Mas porque? Eu adoro ele! -eu queria ir com ele mesmo, ele era antigo, foi passado de geração em geração para as mulheres Thorsten.
- Eu já disse que não Helena e não discuta comigo. Você com um guarda roupa enorme assim -disse ela abrindo o mesmo-, não terá nada elegante e bonito?! Ah, eu sei que tem!! Há não ser que, teremos que ir a outro mundo pegar uma roupa pra você porque, meu Deus, que guarda roupa gigante!
Eu dei uma gargalhada do que Isabella dissera. Não conseguíamos ficar sem rir de alguma palhaçada dela.
- Enquanto estou aqui, procurando algo, vá tomar um banho, pra esquentar o seu corpo. Eu não sei como não morreu congelada na varanda. -Isabella sempre exagerava.
- Nem estava tão frio assim Isa, pare de drama.
Isabella arregalou os olhos para mim, demonstrando que o que acabei de dizer foi algo absurdo.
- Como não estava tanto frio assim?! Para sua informação, está, no MÍNIMO -2 graus, ok? Acho que os milhares de intercâmbios que fez, afetou o seu lado alemã de ser.
Olhei feio a ela e virei as costas. Minhas viagens nunca influenciaram minha descendência, sempre serei alemã, nasci assim e morrerei assim. Eu sou acostumada com o frio. Ele faz parte de mim, acho que é por isso que não sinto tanto frio como as outras pessoas.
Liguei a água morna e deixei encher a banheira um pouco, enquanto tirava minha roupa. Soltei meus longos cabelos negros, levemente ondulado nas pontas e desliguei a água. Coloquei um pé dentro da banheira e estremeci. Não gostava de água quente. Então, resolvi abrir um pouco da água fria e deixá-la se misturar com a quente. Quando ví que estava a temperatura ideal, desliguei e entrei sem medo. Sentei devagar e encostei a cabeça na borda da banheira. De repente, resolvi fazer algo que a muito tempo não acontecia... Pensar embaixo da água.
Mergulhei minha cabeça até onde pude, deixando minhas costas encostadas no fundo da banheira. Abri os olhos lentamente e vi meus cabelos flutuando em cima de mim, eu sorri.
Comecei a pensar em tudo o que tinha passado... Minhas viagens, meus estudos, minhas amizades, minha família.. e eu me sentia realizada com aquilo, com tudo! Mas eu sempre estive sozinha. Nunca tive uma pessoa que estivesse ao meu lado, me dizendo coisas bonitas e românticas. Mas eu não podia pensar nisso antes, meus estudos dependiam de atenção total! Sinto que alguma coisa diferente vai acontecer nesse baile, disso eu sei...
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O Mascarado
RomanceHelena é uma jovem que, diferente do seu costume, época e até mesmo contra suas reais responsabilidades, é apaixonada por livros e viajar o mundo! Em um retorno para sua terra natal, surge o convite para um baile de máscaras circense e em um breve...