Capítulo 9

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Mia

Não queria que Jonathan tivesse ido embora naquele dia, mas era necessário.

Agora fazem três dias que não vou à escola com a desculpa de que estou doente, mas na verdade eu só precisava ficar sozinha para colocar a cabeça no lugar. Minha mãe é claro, ficou preocupada e eu disse que logo estaria melhor.

Recebi mensagens e ligações todos os dias da Manu, Trevor e até do Jonathan, é claro que eu ignorei, não estava em um bom momento para ter uma conversa com eles.

Mas agora é hora de voltar à rotina, tenho que encarar a realidade.

Vou até a cozinha para comer e lá está minha mãe.

- Melhor? - Está com aquele olhar de preocupação.

- Estou sim mãe. - Sorrio, mas não é o bastante para que ela acredite.

- Filha, eu acho que você deveria ir na psicóloga. - Para com seja lá o que estava fazendo. - Ela é nova aqui e pode te ajudar, já que não conversa comigo. - Percebi uma pontada de tristeza em sua voz.

- Ah é claro mãe, eu estou com uma depressão terrível. - Sou sarcástica.

- Por favor, faz isso por mim. - Coloca a mão sobre a minha.

- Tudo bem. - Reviro os olhos.

- Ótimo. - Sorri. - Já marquei para depois da sua aula. - Me entrega um cartão com o endereço.

Acabo de comer e vou para o colégio.

- Olha quem resolveu aparecer. - Trevor me para na entrada. - Por que atendeu minhas ligações?

- Eu precisava de um tempo. - Tento entrar e ele segura meus ombros.

- Podia ao menos mandar uma mensagem dizendo que estava bem. - Fica sério. - Eu me importo com você, sabia disso? - Está com raiva.

- Me deixa ir. - Engulo o seco.

- Por que eu deveria? - Ergue a sobrancelha.

- Deixa ela. - Jonathan chega.

Trevor respira fundo e sai.

- Obrigada. - Passo as mãos pelos meus ombros que estão doloridos.

- Ele te machucou? - Olha para o lado em que o garoto foi.

- Não. - Entro na escola deixando-o para trás.

- Ei, espera por mim. - Consegue me alcançar. - Agora vai me dizer o motivo de ter sumido por três dias?

- Eu estava sobrecarregada. - Vou até meu armário. - Agora tenho que ir na nova psicóloga da cidade porque minha mãe acha que estou com depressão.

Ele que até agora estava com uma expressão séria, começa a rir muito e em seguida para parecendo estar estranhando algo.

- Espera, nova na cidade? - Franze a testa e eu confirmo. - Tem que tomar cuidado Mia, tem uma alcateia por aí e eles provavelmente iriam querer se misturar.

- Vou tomar. - Seguimos para a sala de aula.

Mas Jonathan fica paralisando na porta.

- O que foi? - Sussuro.

É o Piter, um deles. - Aponta para o cara sentando ao lado da Manuela. - Como eu disse... eles querem se misturar.

- E ele é tão mau quanto os outros? - Pergunto e ele se vira para mim como se eu tivesse perguntando algo totalmente sem noção.

- Da última vez que a gente se encontrou ele queria arrancar minha cabeça. - Fala normalmente. - E neste momento, ele está ouvindo cada palavra nossa.

Eu arregalo os olhos.

- Vamos sentar bem longe dele. - Mostro dois lugares vazios e afastados.

- Com certeza. - Cobre o rosto com as mãos para passar pelas fileiras de cadeiras.

A aula mal começou e já estou achando entediante. Viro-me para o lado e ao longe está Manu flertando com o inimigo.

- Olha isso. - Cutuco Jonathan que está sentado atrás de mim e mostro aqueles dois.

- Depois que terminarmos aqui, temos que alertá-la sobre ele. - Olhamos para o relógio e esperamos o sinal.

*Sinal bate*

- Você encontra minha amiga, eu tenho quer ir agora. - Corro para não me atrasar sem esperar sua resposta.

...

- Sua vez, senhorita Anderson. - Uma mulher abre a porta do seu escritório.

Tem alguma coisa nela que me incomoda.

- Me chame apenas de Mia, por favor. - Abaixo a cabeça. - No cartão não tem seu nome.

- Meu nome é Julie. - Força um sorriso.

Julie? De onde é que eu ouvi esse nome?

- Vamos começar. - Pega um caderno de anotações. - Vi antes na ficha que sua mãe entregou que você tem 17 anos e nunca mostrou indícios de problemas, mas tem a mania de meter o nariz onde não deve. - Me sinto envergonhada por isso de repente. - Então por que está aqui?

- Eu vi coisas que me deixaram sobrecarregada. - Respiro fundo. - Não tenho dormido tão bem ultimamente e tenho essa preocupação constante de que alguém que eu ame possa se machucar.

- Que tipo de coisas? - Fica interessada nisso.

Estou prestes a responder algo aleatório e a porta é aberta violentamente.

- MIA ELA É UMA DELES! - Jonathan grita.

Felizmente não há mais ninguém aqui para ouvir.

Lobisomem - Paixão Perigosa Onde histórias criam vida. Descubra agora