Espelho

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Eu tentei amar pelos outros,

esquecendo a mim mesma.

Eu tentei tão desesperadamente amar outra pessoa,

na tentativa de talvez me amar no processo.

Ah, a ilusão de quem está dentro do redemoinho:

Tudo é caos, tudo é desespero.

Enquanto era jogada para os lados, por todos esses sentimentos e perguntas,

eu apenas pensava: "Como posso amar alguém tão quebrado?"

Dedo no espelho, acusando.

Olhando no fundo dos olhos de alguém que devia ser tão natural em ter minha estima.

Devia ser tão fácil me amar.

Bem mais fácil do que me agarrar na ilusão de amar outra pessoa, entre beijos que não significavam nada.

Em cada beijo, nada também eu me tornava.

Devia ser tão fácil me amar,

olhar nos olhos dessa figura no espelho e gritar:

"Você não é quebrada!"

"Não há nada de errado no que sente ou não sente."

Me amar foi um processo.

Largar a ilusão de um amor irreal e me agarrar no concreto, na pessoa que sempre esteve ali,

na minha frente, que mais sofreu merda nas minhas tentativas desesperadas de me encaixar.

Para o espelho, eu disse:

"Você merece tão mais do que eu te dei a vida inteira."

E assim, o redemoinho se acalma.

Águas plácidas, lago calmo.

Talvez agora possa encontrar algo ali. 

Pseudópodes e outros poemasOnde histórias criam vida. Descubra agora