Capítulo 14

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Califórnia, Los Angeles. 1991.
Paradoxo entre os anos de 1981 & 1991.

As luzes eram completamente brilhantes, iluminavam completamente toda a escuridão, o preto sem luz, e que agora, estava ganhando contornos límpidos

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As luzes eram completamente brilhantes, iluminavam completamente toda a escuridão, o preto sem luz, e que agora, estava ganhando contornos límpidos. Estava mais claro de se ver. A enorme sítio estava uma névoa mesmo com a luz ligada, trevas circulando entre as pessoas e produzindo mais uma das discórdias cotidianas que já estavam acostumados. A discussão estava ganhando uma voz* alta, duas pessoas estavam no meio dessa guerra, uma parecia totalmente alterada e a outra, parecia já está com medo. Os olhos dessa segunda pessoa estava preste a derramar lágrimas grossas*, em meio a uma briga, a violência é mais fácil de se crescer.

— Você é uma vagabunda! Vadia que eu tirei do lixo! Se não fosse por mim você ainda estaria nos bares sendo uma péssima cantora e trepando com motoqueiros para conseguir dinheiro! — a maior voz gritou, suas palavras machucaram mais do que uma porrada.

No quarto, estava duas crianças, ambas pareciam ignorar completamente a discussão que estava tendo*, ambos irmãos, sabia exatamente o que iria levar essa briga. Walkman Sony de um deles estava no último, escutando uma das muitas músicas do Queen que tocava, gritava nos seus ouvidos e o fazia entrar em outra dimensão. O que já tinha uma convivência com tanta violência dentro de casa, não estava acostumado em ver coisa do tipo ocorrer, mesmo com a convivência, todas pareciam com a primeira cena que presenciou. E acreditava que dessa fez poderia ser pior. Mesmo com seus onze anos de idade, ele sentiu lágrimas de ódio formarem no entorno de seus olhos, viu o irmão mais novo tirar dos ouvidos o Walkman Sony alto e o encarar.

Este era o momento em que as duas crianças iriam se esconder de baixo das camas.

E assim eles fizeram, um reconhecendo palavras no olhar do outro. Se jogaram para de baixo da cama, cada um na sua, agora a música não poderia cobrir o que estava acontecendo, eles iriam escutar tudo, cada detalhe, até o último momento, ou até um deles tomar coragem para ligar para a polícia*. Aquela briga parecia mais violenta do que as demais, o pai parecia mais alterado, e mais confiante em erguer a mão. O caçula fechou os olhos quando ouviu um barulho gigantesco vindo da cozinha, o mais velho permaneceu de olhos abertos, queimando de ódio, de raiva, isso o consumia por inteiro.

Tomou toda a coragem que talvez pensa que não teria, saiu de baixo da cama e viu o irmão o encarar confuso, este ignorou o olhar e caminhou até a porta sem olhar para trás. Ao descer as escadas na ponta dos pés, ao chegar até a cozinha e se esconder para não ser visto, viu o pai socando o rosto e a barriga da mãe. Viu que sua mãe já tinha o rosto coberto de sangue, viu o cunho de seu pai coberto do sangue dela, viu sangue. A mulher implorava para parar, pedia desculpas, coberta de seu sangue vermelho.

Agora, no presente, Mikkel estava entrando na ala do prédio meia boca onde ocorria lutas clandestinas, já acostumado com a violência, já olhando tudo como se fosse algo normal de se ver. Visualizou alguns dos homens apostarem em seus campeões como se fossem carros de corrida, dinheiro sendo contado às pressas e cheiro forte de cigarro e maconha pairando no ar. As luzes eram de um vermelho e amarelo penetrante e o palco aonde corria as lutas, já estava montado e pronto para ser banhado de sangue vermelho. Os dois competidores, um por um, subiram no ring e se encararam enquanto batiam as luvas uma contra a outra, apenas o primeiro soco foi atirado após o homem que estava coordenando tudo aquilo assoprar que havia iniciado.

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